domingo, 2 de setembro de 2012

Entidades desaprovam venda de remédios fora do balcão

Desde o fim de julho, está liberada a venda de 2,3 mil produtos sem prescrição médica

SÃO LUÍS – Desde o fim de julho, está liberada a venda de 2,3 mil produtos sem prescrição médica, como analgésicos e antitérmicos, fora das prateleiras das farmácias e drogarias. Após consultas públicas e estudos para medir o impacto da medida, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que alterou a resolução nº 44 de 2009 que trata sobre a proibição da venda desses medicamentos fora do balcão. Em pelo menos onze Estados, a venda já era liberada por meio de liminares judiciais.

Pelo menos 30% do volume de vendas nas farmácias é de medicamentos isentos de prescrição médica, geralmente indicados para dores de cabeça, acidez estomacal, azia, febre, tosse, prisão de ventre, aftas, dores de garganta, assaduras, hemorroidas e congestão nasal. Pela nova regra, as farmácias deverão expor, na área destinada a esses remédios, cartazes com a orientação: "Medicamentos podem causar efeitos indesejados. Evite a automedicação: informe-se com o farmacêutico". A portaria estabelece, ainda, que esses medicamentos devem ficar isolados da área destinada a produtos correlatos, como cosméticos e dietéticos.

Entidades como o Conselho Federal de Farmácia (CFF) não aprovam a ideia porque incentiva a prática da automedicação. Segundo o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, medidas já estão sendo tomadas para que haja o uso racional desses medicamentos. "Nós somos contra por vários motivos. O principal é a indução à automedicação e as consequências que isso pode trazer. Se fala em medicamentos isentos de prescrição, mas é preciso que a sociedade tenha a clareza de que eles podem ser isentos de prescrição, mas não são isentos de risco", disse em entrevista ao Imirante na manhã desta sexta-feira (31). Ainda de acordo com o CFF, estudos mostraram que grande parte da sociedade é declaradamente contra a venda de remédios sem prescrição médica.

A recomendação da entidade é que os pacientes consultem os profissionais farmacêuticos. "Esse direito tem que ser garantido ao usuário. Quando nós lutamos para levar esses medicamentos para trás do balcão foi justamente buscando proteger a saúde das pessoas", conclui. Walter da Silva defende que, para combater a automedicação, seja proibida a veiculação de propaganda sobre medicamentos. Agora, o CFF busca apoio de entidades internacionais e já entrou com ações judiciais contra a Anvisa interpelando a agência sobre a questão

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