Remédio, aprovado pela Anvisa, atua no tumor de
mama, em vez de afetar células, e aumenta a sobrevida em 50%; comercialização
deve começar em 3 meses
Fabiana Cambricoli - O Estado de S.Paulo
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um medicamento para o tratamento do
câncer de mama que não causa queda de cabelo e provoca menos efeitos colaterais
do que a quimioterapia tradicional. A ação é possível porque o remédio atua
diretamente no tumor, em vez de afetar todas as células do corpo. De acordo com
os organizadores do estudo, trata-se da primeira droga com esse mecanismo
aprovada no País.
O medicamento trastuzumabe
entansina (também chamado de T-DM1) é indicado para um tipo de câncer de mama
avançado, identificado como HER2 positivo, que corresponde a 20% de todos os
casos da doença. Seu uso deve ocorrer quando o tratamento convencional não apresentar
mais resultados. Além de evitar os efeitos colaterais da quimioterapia, ele
aumenta em 50% o tempo de sobrevida.
"A droga tem um efeito
casado. Ela possui um anticorpo e um quimioterápico. Por ser extremamente
potente, esse quimioterápico não poderia ser aplicado sozinho porque seria
muito tóxico ao organismo. O que acontece é que o anticorpo conduz o
quimioterápico até o interior da célula tumoral e libera o medicamento lá
dentro", explica José Luiz Pedrini, vice-presidente da Sociedade Brasileira
de Mastologia e um dos coordenadores do estudo do medicamento no Brasil. O
mecanismo do remédio é conhecido como "cavalo de troia".
Segundo o médico, a pesquisa,
realizada em vários países, incluiu cerca de cem brasileiras. "Há
pacientes que começaram a participar do estudo em 2011 e seguem vivas. Sem essa
opção, elas sobreviveriam por cerca de seis meses porque não teriam outra
alternativa de tratamento", explica.
Uma das razões para o melhor
prognóstico é que o novo medicamento pode ser usado por mais tempo do que a
quimioterapia tradicional. "Os medicamentos já existentes podem ser
aplicados por, no máximo, oito sessões, por causa da toxicidade. Por ser menos
agressiva, a trastuzumabe entansina pode ser utilizada por tempo
indeterminado", afirma o médico. A aplicação da droga é feita a cada 21
dias.
Embora o remédio possa
aumentar a sobrevida das pacientes, o tumor de mama do tipo HER2 positivo
metastático continua sendo incurável.
Nova opção. Coordenadora da oncologia clínica do Instituto do
Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Maria del Pilar Estevez Diz classificou
a droga como uma opção "interessante" de tratamento e afirmou que o
Icesp passará a utilizá-la. "A gente ganha uma linha de tratamento com
menos efeitos colaterais, que propicia maior qualidade de vida às
pacientes", diz.
A aprovação da trastuzumabe
entansina foi publicada pela Anvisa no mês passado. O medicamento deverá estar
disponível no mercado em três meses. Novos estudos vão verificar se o
medicamento também é eficaz e seguro se utilizado em fases iniciais da doença.
Extraído de: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,nova-droga-contra-cancer-evita-queda-de-cabelo,1127239,0.htm
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