Nota de C&T: No Brasil
certamente não temos este problema, mas não significa dizer que estamos livres,
nada mais comum do que burocratas criando regras para profissionais diversos se
adaptarem sem resultados finais plausíveis.
25/03/2014 (PORTUGAL)
O bastonário dos Médicos considera que a contratualização nos centros de saúde obriga os clínicos a “colocar o computador no centro das consultas”, prejudicando a assistência ao doente, e apelou às instituições para não pactuarem com esta “farsa”, avança a agência Lusa, citada pelo SAPO Saúde.
O bastonário dos Médicos considera que a contratualização nos centros de saúde obriga os clínicos a “colocar o computador no centro das consultas”, prejudicando a assistência ao doente, e apelou às instituições para não pactuarem com esta “farsa”, avança a agência Lusa, citada pelo SAPO Saúde.
José Manuel Silva disse à Lusa que os
indicadores que são impostos aos profissionais nos centros de saúde são de tal
forma “absurdos” que, em alguns casos, se traduzem em zero por cento de
sucesso, quando isso não é verdade.
Para o bastonário, a contratualização devia ser
parte de um diálogo, construtivo e com objectivos, mas está a ser “imposta”.
“É uma farsa imposta por burocratas para
justificarem a sua própria existência”, disse José Manuel Silva, alertando para
as crescentes dificuldades dos médicos – com listas de 1.900 doentes – que são
obrigados a preencher cada vez mais itens no computador e, por isso, a não
terem tempo para observarem os doentes.
O bastonário critica ainda o facto desta
contratualização ser igual para todos os centros de saúde, ignorando as
características das unidades e da população que servem.
“É uma espécie de camisa de tamanho único que se
quer vestir em todos os centros de saúde”, sublinhou.
José Manuel Silva questiona ainda os ganhos em
saúde que resultam destes indicadores, mas afirma não ter dúvidas de que a
relação médico-doente sai prejudicada.
Isto porque, avançou, o número de doentes que
têm de seguir e os parâmetros que têm de preencher leva a que as consultas não
durem mais de 15 minutos, muitos dos quais sem a devida observação do doente.
Situação agravada por um sistema informático que
“bloqueia muitas vezes”, avançou.
José Manuel Silva lembra que, para praticarem
medicina, não precisam de contratualização, principalmente se esta tiver por
base indicadores “absurdos”, bastando-lhes a sua “obrigação deontológica de
praticarem medicina com respeito pelos doentes e cumprindo as leges artis” (boa
prática médica).
O bastonário apela, assim, a que os médicos dos
cuidados de saúde primários não assinem esta contratualização, mostrando
disponibilidade do organismo a que preside para uma negociação sobre a matéria.
Fonte: Lusa/SAPO Saúdehttp://saude.sapo.pt/noticias/saude-medicina/medicos-obrigados-a-dar-mai...
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