Por Guilherme de Souza
Séculos
atrás, a comunidade médica acreditava que a cura para praticamente qualquer
doença (de dores de cabeça a febre e prisão de ventre) era uma boa sangria.
Embora você possa se sentir grato por ter nascido em uma época em que os
tratamentos são, digamos, um pouco mais precisos, não se engane: há soluções
desagradáveis que sobreviveram ao tempo (e provavelmente vão continuar entre
nós por mais algumas décadas). Confira:
10.
Veneno de abelha para tratar herpes
A
apiterapia usa substâncias produzidas por abelhas (como mel e veneno) para
tratar doenças e surgiu no século 19, quando o médico austríaco Philip Terc foi
picado por um enxame e, para sua surpresa, percebeu que as dores que sentia por
causa de reumatismo diminuíram consideravelmente.
Muita
gente pode considerar essa terapia “natural demais”, mas isso não impede que
médicos do mundo todo a utilizem para combater doenças como artrite, tendinite
e herpes. Há até pesquisadores que buscam descobrir se o veneno de abelha pode
ser usado no tratamento contra câncer. O problema é que alguns médicos preferem
realizar apiterapia à moda antiga, fazendo com que os pacientes sejam picados
por várias abelhas.
9. Larvas para
remover tecido necrosado
O
que aparenta ser uma solução desesperada de tempos de guerra é muito utilizada
ainda hoje: larvas (devidamente esterelizadas, pelo menos) são colocadas sobre
ferimentos abertos para se alimentar de tecido morto ou necrosado, evitando que
a ferida piore. Em certos países, o tratamento é coberto por planos de saúde.
8. Parasitas intestinais
para combater alergia
Na
década de 1970, cientistas perceberam que países com altos índices de
ancilostomíase (infecção pelo parasita intestinal Ancylostoma duodenale)
apresentam relativamente poucos casos de alergias ou doenças autoimunes. Embora
ainda não haja uma explicação para isso, há médicos (como os da empresa Autoimmune Therapies) que usam
o parasita para tratar certos tipos de doença.
7. Folhas
queimadas para tratar paralisia facial
A
moxabustão é uma técnica antiga da medicina chinesa tradicional em que o médico
coloca rolos de folhas secas de moxa sobre os ouvidos, a boca ou o rosto do
paciente e os queimam. É uma espécie de “acupuntura térmica”, que aplica calor
sobre pontos específicos do corpo.
6. Trepanação
para diminuir pressão intracraniana
Perfurar
o crânio de uma pessoa pode não parecer uma boa solução, mas é uma prática
antiga que sobrevive há milênios (já foram encontrados crânios de 7 mil anos
com buracos circulares nas laterais) e já foi usada para tratar de enxaquecas a
doenças mentais. Hoje, a trepanação tem um uso mais restrito (reduzir a pressão
causada por excesso de sangue em torno do cérebro), mas não deixa de ser um
procedimento de certa forma perturbador.
5. Peixes vivos
para combater asma
Há
160 anos a família indiana Bathini Gauds administra um tratamento pouco usual
contra asma: engolir um peixe vivo e uma bolinha de remédio (a receita, claro,
é secreta) e, nos 45 dias seguintes, ter uma dieta bastante estrita. Eles
alegam que ao longo das décadas já curaram milhões de pessoas e que quase meio
milhão o procuram todos os anos. O remédio e a dieta, tudo bem, entendemos. Mas
onde entra o peixe vivo nessa história? O animal, dizem, vai limpando a
garganta do paciente no caminho até o estômago. A Associação Médica da Índia
não engoliu essa história e ameaça processar a família, a menos que ela revele
a receita secreta do remédio.
4. Talidomida
para tratar câncer
O
nome desse medicamento causa calafrios em quem conhece sua história – na década
de 1950, foi largamente usado para combater enjoo matinal de gestantes, e
resultou no nascimento de mais de 10 mil crianças com graves deformações
físicas, sendo que quase metade morreu nos primeiros meses de vida –, mas ele
ainda assim “voltou das trevas” recentemente, desta vez para tratar câncer de
medula óssea (no caso de mulheres, toma-se um cuidado especial para garantir
que não estão grávidas).
3. Terapia
eletroconvulsiva para tratar depressão crônica, bipolaridade
A
ideia de induzir uma convulsão aplicando choques elétricos no paciente não
parece das mais sensatas, mas foi usada por algumas décadas até a comunidade
científica decidir que os efeitos colaterais (confusão, dores musculares,
fraturas de ossos e perda de memória que podia durar por meses) não
compensavam. Em 2001, contudo, a Associação Americana de Psiquiatria retomou o
uso da terapia eletroconvulsiva, e quase todos os países do mundo seguiram seus
passos.
2. Lobotomia
para tratar epilepsia
Na
década de 1930, pessoas com esquizofrenia e outras doenças mentais estavam
sujeitas a passar por um dos tratamentos mais polêmicos da história, a
lobotomia (em que as ligações do lobo frontal com outras regiões do cérebro são
cortadas). Houve, ainda, um psiquiatra que realizou o procedimento usando um
martelo e um formão, enfiado na cavidade ocular, passando por trás do olho do
paciente. Duas décadas mais tarde, o tratamento perdeu espaço para remédios,
mas até hoje é usado em casos extremos de epilepsia.
1. Exorcismo
para tratar… qualquer coisa
A
própria ideia de possessão demoníaca já é controversa (há quem acredite em maus
espíritos, enquanto outros dizem que há uma explicação científica para todo o
fenômeno), que dirá o tratamento (são necessários anos de estudo para se tornar
um exorcista, aliás). Mesmo assim, não faltam relatos de casos de doenças
mentais curadas por meio de rituais exorcistas.[Listverse]
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