A farmacêutica suíça Novartis, uma das maiores do mundo, passa por um
movimento de reestruturação no Brasil e no mundo, o qual inclui desde a troca
de comando de seu alto escalão até mudanças de estratégia, que podem dar uma
guinada nos negócios da companhia, apurou o Valor.
Sob novo comando no Brasil, o grupo tem como desafio crescer em suas áreas de atuação - farmacêutica (com produtos inovadores), Sandoz (genéricos), vacinas, Alcon (produtos oftalmológicos), saúde animal e medicamentos isentos de prescrição (Mip). O executivo brasileiro Adib Jacob foi alçado à presidência este ano, mas essa sucessão já era discutida nos últimos meses. Jacob, que está no grupo há 19 anos, foi promovido a diretor-geral da área farmacêutica da Novartis no Brasil em 2011. Até então, o cargo era ocupado por Alexander Triebnigg, na presidência da Novartis no país desde 2006. Triebnigg acumulava os cargos de gerente-geral da área farmacêutica e presidente-geral do grupo.
Fontes ouvidas pelo Valor afirmam que o desempenho da Novartis no país estava abaixo das expectativas da matriz. O Brasil é estratégico para a expansão do grupo em mercados emergentes. A Sandoz, braço de genéricos da Novartis, também não obteve os mesmos resultados pujantes dos laboratórios nacionais que atuam nesse segmento. A Sandoz é apontada como a segunda maior global em genéricos, atrás da israelense Teva, mas no país não está entre os cinco em receita. Em 2011, a receita líquida da Novartis ficou em R$ 2,01 bilhões.
Outro indicador negativo foi o fato de a Novartis ter ficado de fora das
negociações com o governo federal para o acordo de transferência de tecnologia
de um de seus principais produtos: o Glivec, medicamento oncológico destinado a
pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) e tumor estroma gastrointestinal
(TEG). O Ministério da Saúde informou que no dia 18 de dezembro foram assinados
dois acordos de Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs) entre os
laboratórios oficiais Fiocruz e Instituto Vital Brazil e farmacêuticas privadas
nacionais.
A expectativa era que a Novartis participasse dessa parceria, uma vez que já
tinha firmado acordo de centralização de vendas desse medicamento para a União
entre 2010 e o ano passado. A executiva da Novartis Yara Baxter, que ocupava a
gerência-geral de oncologia no país, foi transferida para a diretoria de
comunicação da empresa. Embora o grupo trate essa mudança como promoção, o
mercado vê como um sinal de que a Novartis quer fortalecer sua área oncológica
no país.
Os medicamentos Glivec e Diovan (combate a hipertensão) estão entre os
principais produtos do grupo suíço que perderam a patente. "O braço de
genéricos da Novartis não soube aproveitar oportunidades no mercado brasileiro,
como outros laboratórios nacionais, com estratégias mais agressivas",
afirmou uma fonte.
Para avançar em mercados emergentes, a Novartis analisa os ativos da americana Bristol-Myers Squibb (BSM) de medicamentos isentos de prescrição na América Latina, apurou o Valor. No Brasil, a Novartis já tem um acordo de distribuição para alguns desses produtos. Procuradas, a BMS e a Novartis não "comentam sobre rumores de mercado".
Em relação à troca de comando, a Novartis informou que Alexander Triebnigg, que
ocupou a presidência da empresa no Brasil nos últimos seis anos, seguirá
atividades em outro país. "É importante ressaltar que a mudança de comando
se deu de forma natural e de acordo com a política de sucessão da
companhia." Na semana passada, a Novartis anunciou a saída de seu chairman
global Daniel Vasella, considerado um dos principais executivos globais do
setor, responsável pela fusão da Sandoz com a Ciba-Geigy, que resultou na
criação da Novartis.
FONTE: VALOR ECONOMICO – SP.
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