Três
morreram em Campinas esta semana após ressonância magnética.
Especialista explica como funciona o procedimento e as contraindicações.
A taxa de reação grave ao uso de contraste em exames de ressonância magnética é de 0,1%, segundo o neuroradiologista Edson Amaro Júnior, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e professor da Faculdade de Medicina da USP.
Especialista explica como funciona o procedimento e as contraindicações.
Ressonância magnética é exame de imagem que pode ou não ter o uso de contraste (Foto: Mário Barra/G1 |
A taxa de reação grave ao uso de contraste em exames de ressonância magnética é de 0,1%, segundo o neuroradiologista Edson Amaro Júnior, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e professor da Faculdade de Medicina da USP.
Na
segunda-feira (28), três pessoas morreram após passar por uma ressonância no
Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP). A Vigilância em Saúde local interditou o
setor responsável e pretende investigar se o contraste – composto químico usado
no procedimento – tem relação com os óbitos.
Outro
caso envolvendo esse tipo de substância, em Guaratinguetá (SP), deixou um
policial militar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital
Frei Galvão. Segundo a instituição, na tarde de sexta-feira (1º) os sedativos
do paciente haviam sido cortados e ele já respirava sem a ajuda de aparelhos.
“A reação grave ao gadolínio, elemento químico
presente nesses contrastes, é extremamente rara – isso sem contar mortes,
apenas alergias. E um problema conjunto não é um fenômeno conhecido, parece
muito estranho e certamente precisa de investigação”, destaca.
Os
contrastes são compostos desenvolvidos pela indústria farmacêutica para serem
injetados na veia de pacientes antes de exames de imagem como ressonância
magnética, tomografia computadorizada e ultrassom. Eles ajudam a diagnosticar
doenças e lesões, ao tornar um órgão ou uma alteração mais visível. A
necessidade do uso deles depende de uma avaliação médica prévia.
“Os
produtos de hoje são mais inócuos e precisos. Além de causar menos problemas,
têm uma melhor capacidade de mostrar o que se quer ver e a evolução disso”, diz
Amaro Júnior.
Outros
exames de imagem, como tomografias e raios X, podem usar contrastes à base de
elementos como iodo e bário. Por essa razão, antes de fazer qualquer um desses
procedimentos, a pessoa precisa responder a um questionário, em que se avalia a
suscetibilidade dela a alergias.
“Todo
exame tem riscos e benefícios. Indivíduos alérgicos podem ter mais
contraindicações. Se o paciente for muito suscetível, pode até tomar uma
medicação oral ou intravenosa um dia ou horas antes do contraste, para diminuir
a sensibilidade”, afirma o neuroradiologista.
Na
opinião do médico, deixar de fazer o contraste pode trazer mais prejuízos do
que não usá-lo, pois sem ele um câncer pode deixar de ser diagnosticado, por
exemplo.
De
acordo com Amaro Júnior, as reações ao contraste geralmente são leves e
aparecem em até 5 minutos após a injeção. Nas primeiras 24 horas, também pode
acontecer alguma alteração, mas elas são mais comuns no início – principalmente
se forem sérias. O que geralmente ocorre é uma urticária na pele, com
vermelhidão e coceira em regiões como braço, pescoço e tórax.
“Já
reações alérgicas moderadas incluem tontura, náusea e dificuldade para
respirar. Em casos graves, a falta de ar vira incapacidade respiratória, aí é
necessário intervir em minutos. Mas tudo isso pode ser prontamente revertido,
com injeção de substâncias que anulam os efeitos do contraste (como adrenalina)
e ventilação artificial”, explica.
Amaro
Júnior também esclarece que a queimação no braço que muitas pessoas sentem
assim que o contraste é injetado é normal, pois se trata do mecanismo de fluxo
da substância pelo corpo, e não uma reação adversa.
Para
que serve a ressonância
A ressonância nuclear magnética (RNM) é um exame que ajuda no diagnóstico de várias doenças, como tumores, dores de cabeça, problemas nos músculos, ossos e articulações. O procedimento usa ondas eletromagnéticas para obter imagens de órgãos e estruturas internas, e é considerado bastante seguro.
A ressonância nuclear magnética (RNM) é um exame que ajuda no diagnóstico de várias doenças, como tumores, dores de cabeça, problemas nos músculos, ossos e articulações. O procedimento usa ondas eletromagnéticas para obter imagens de órgãos e estruturas internas, e é considerado bastante seguro.
“Para
órgãos como cérebro e fígado, a ressonância funciona melhor que outros exames
em determinadas condições. Mas a escolha do melhor procedimento depende de cada
caso e dos sintomas do paciente”, diz o neuroradiologista do Albert Einstein.
Ele
ressalta que esse exame sempre precisa de requisição médica, e a maioria das
pessoas o faz para esclarecer um sintoma e confirmar uma hipótese de
diagnóstico. Já os mais idosos costumam passar pelo procedimento em check-ups
regulares. Dependendo do resultado, o exame deve ser complementado com outros
(tomografia, ultrassom ou raio X) ou o paciente precisa fazer uma biópsia ou
cirurgia.
Contraindicações
O médico explica que existem mais de mil fatores de risco para não fazer ressonância magnética – uma delas é quem usa marca-passo, por exemplo. Outras coisas são mais específicas, como algumas próteses de ouvido, materiais dentários ou indivíduos que fizeram cirurgia de aneurisma.
O médico explica que existem mais de mil fatores de risco para não fazer ressonância magnética – uma delas é quem usa marca-passo, por exemplo. Outras coisas são mais específicas, como algumas próteses de ouvido, materiais dentários ou indivíduos que fizeram cirurgia de aneurisma.
Pessoas
com próteses e stents (objeto de metal que desobstrui artérias) também precisam
se informar antes. Os stents mais novos, segundo Amaro Júnior, já são mais bem
aceitos na ressonância.
Quem
tem piercings e tatuagems também deve tomar alguns cuidados. Segundo o
especialista, essa não é uma contraindicação absoluta para o exame. Pessoas com
piercing, em geral, são indicadas a retirar o acessório de metal antes – já os
tatuados não têm muito o que fazer.
“Tatuagens
nas cores preta e vermelha podem esquentar e queimar, pois contêm pigmentos de
ferro que podem reagir com o magnetismo e causar queimaduras na pele. As
chances de isso acontecer aumentam quanto maior a tatuagem, mas não significa
que essa reação vai necessariamente ocorrer”, diz.
Alerta
nacional
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um alerta nacional sobre os lotes de soro e contrates usados nos exames dos pacientes mortos no estado de São Paulo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um alerta nacional sobre os lotes de soro e contrates usados nos exames dos pacientes mortos no estado de São Paulo.
Segundo
a Anvisa, todos os equipamentos de ressonância magnética do país devem ter
registro na agência e estar em plenas condições de funcionamento. Antes de se
submeter ao procedimento, os pacientes também devem ser avaliados sobre o uso
de próteses metálicas, alergia ao contraste ou outras condições que prejudiquem
ou impeçam a realização do exame. Os casos de reação alérgica são facilmente
diagnosticados e geralmente reversíveis, de acordo com a nota.
Em
relação às mortes relacionadas à RNM e ocorridas recentemente em Campinas, a
Anvisa informa que:
1.
Enviou técnicos ao município para acompanhar e ajudar as investigações
coordenadas pela Vigilância Sanitária local.
2.
As amostras dos produtos usados durante os procedimentos de RNM, no hospital
onde ocorreram os óbitos, foram encaminhadas para análise pela Vigilância
Sanitária local ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
3.
Até o momento, não há elementos suficientes que justifiquem a interdição dos
produtos em todo o território nacional.
4.
Novas informações serão repassadas à população assim que estiverem disponíveis.
Fonte:
g1.globo.com/bemestar/
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