PELE SENSÍVEL
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Ranbaxy recebe aprovação dos EUA para versão genérica do Diovan® da Novartis
27/06/2014 - 11:37
A FDA (entidade que regula os medicamentos nos EUA) anunciou na quinta-feira
que aprovou o pedido da Ranbaxy para comercializar uma versão genérica do
medicamento para a hipertensão Diovan® (valsartan) da Novartis. Um executivo da
Ranbaxy indicou que o medicamento será lançado nos próximos dias, com os
analistas a estimar que pode gerar 200 milhões de dólares em receita durante os
180 dias do período de exclusividade da empresa, avança o site FirstWord
Pharma.
Esperava-se inicialmente que farmacêutica indiana lançasse a versão genérica do Diovan® quando a patente do medicamento expirou nos EUA em Setembro de 2012. No entanto, várias questões de controlo de qualidade levantadas à Ranbaxy, a última sendo uma proibição de importação que a FDA emitiu no início deste ano a uma quarta fábrica na Índia, impediram a empresa de introduzir o seu produto genérico.
Esperava-se inicialmente que farmacêutica indiana lançasse a versão genérica do Diovan® quando a patente do medicamento expirou nos EUA em Setembro de 2012. No entanto, várias questões de controlo de qualidade levantadas à Ranbaxy, a última sendo uma proibição de importação que a FDA emitiu no início deste ano a uma quarta fábrica na Índia, impediram a empresa de introduzir o seu produto genérico.
A Novartis reviu a sua
orientação financeira duas vezes em 2013, como resultado do atraso. A
farmacêutica suíça gerou cerca de 3,5 mil milhões de dólares no ano passado nas
vendas de ambos Diovan® e Diovan® HCT, a sua versão genérica de uma combinação
de valsartan e hidroclorotiazida. A empresa estima que ganhou cerca de 100
milhões de dólares em cada mês que a terapia cardiovascular evitou a
concorrência dos genéricos.
O porta-voz da FDA Christopher
Kelly disse que a versão genérica do Diovan® será fabricada na unidade Ohm
Laboratórios Ranbaxy, em Nova Jersey. A farmacêutica tinha planeado produzir o
medicamento genérico na sua fábrica em Mohali, na Índia, mas o regulador dos
EUA impôs um alerta de importação sobre a unidade de produção em Setembro de
2013.
Enquanto isso, esperava-se que
a Ranbaxy tivesse lançado em Setembro passado a primeira versão genérica do
Valcyte® (valgancyclovir) da Roche que tem vendas anuais nos EUA de 195 milhões
de dólares. A farmacêutica indiana também tinha planeado lançar em Maio uma
versão genérica do Nexium® (esomeprazol) da AstraZeneca, que gera vendas de
mais de 5 mil milhões de dólares.
Artgo extraído na íntegra de: http://www.rcmpharma.com/actualidade/medicamentos/27-06-14/ranbaxy-recebe-aprovacao-dos-eua-para-versao-generica-do-diovan-da
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Tecnologia LED RED é a nova aposta para tratamento capilar
Algumas
pessoas apresentam sensibilidade extrema na pele e não toleram tratamentos a
partir de ácidos ou opções mais agressivas. De acordo com a médica Dra. Daniele
Martins Lopes, diretora da clínica Pele & CIA, a alternativa que se mostra
eficaz para auxiliar tratamentos capilares é a fotobiomodulação de LED RED.
"A técnica é uma boa terapia auxiliar para a queda de cabelo, pois
utiliza-se de LEDs especiais que emitem radiação no comprimento de onda exato
para cada caso. A ação direta da luz especial tem a capacidade de penetrar nos
tecidos e chegar rapidamente até a célula", afirma médica.
A quantidade de sessões é variável de acordo com cada paciente, mas geralmente o protocolo inicial indica um tratamento de 20 sessões, com procedimentos realizados entre uma e duas vezes por semana. O LED estimula a raiz do cabelo, aumentando o suprimento sanguíneo da região do couro cabeludo. "O tratamento suaviza a perda de fios; diminui condições como dermatite seborréica (caspa), coceiras e irritações; normaliza a produção de sebo e estimula a aceleração do processo de crescimento dos fios", explica a especialista.
Segundo Dra. Daniele, o LED RED é uma opção não invasiva e que trata grandes áreas com uma única aplicação - gerando agilidade e eficácia nos tratamentos: "Os resultados ocorrem com efeito direto da irradiação luminosa, não por conta do aquecimento. Por isso, define-se como uma técnica moderna e bastante promissora para a dermatologia."
Outras vantagens do LED RED são: tratamento indolor, não apresenta restrição ao tipo de pele e não danifica os tecidos subdérmicos.
Serviço:
Pele & Cia Centro Dermatológico I www.pelecia.com.br
Alameda Cabral, 45 - Centro, Curitiba - PR, 80410-210
(41) 3076-3013
A quantidade de sessões é variável de acordo com cada paciente, mas geralmente o protocolo inicial indica um tratamento de 20 sessões, com procedimentos realizados entre uma e duas vezes por semana. O LED estimula a raiz do cabelo, aumentando o suprimento sanguíneo da região do couro cabeludo. "O tratamento suaviza a perda de fios; diminui condições como dermatite seborréica (caspa), coceiras e irritações; normaliza a produção de sebo e estimula a aceleração do processo de crescimento dos fios", explica a especialista.
Segundo Dra. Daniele, o LED RED é uma opção não invasiva e que trata grandes áreas com uma única aplicação - gerando agilidade e eficácia nos tratamentos: "Os resultados ocorrem com efeito direto da irradiação luminosa, não por conta do aquecimento. Por isso, define-se como uma técnica moderna e bastante promissora para a dermatologia."
Outras vantagens do LED RED são: tratamento indolor, não apresenta restrição ao tipo de pele e não danifica os tecidos subdérmicos.
Serviço:
Pele & Cia Centro Dermatológico I www.pelecia.com.br
Alameda Cabral, 45 - Centro, Curitiba - PR, 80410-210
(41) 3076-3013
Governo fará ‘saque’ de 15 bi na Petrobras; ação despenca
24/06/2014
Lembre-se sempre de quem você é acionista
minoritário.
No que um analista chamou de “virada
monstruosa”, as ações da Petrobras, que operavam em alta de 3% até o meio da
tarde, terminaram o dia em queda de 3,6% depois que o mercado começou a
entender a mais recente manobra do Governo envolvendo o caixa da empresa.
O Governo anunciou hoje que a Petrobras fará
o pagamento, à União, de um bônus de assinatura no valor de 2 bilhões de reais
este ano, seguido de mais 13 bilhões de reais entre 2015 e 2018 a título de
antecipação de parte do excedente em óleo do pré-sal.
Os pagamentos anunciados hoje se referem aos
volumes de petróleo que ultrapassam os limites contratados nos primeiros
contratos entre a Petrobras e a União, logo após a descoberta do pré-sal.
Na época, estimou-se que uma determinada área
do pré-sal continha ao menos 5 bilhões de barris de petróleo, e o Governo usou
aqueles barris para fazer um aumento de capital na Petrobras — contrariando os
acionistas minoritários, que tiveram que colocar dinheiro vivo na operação.
“O tamanho dos pagamentos não é um tamanho
que assuste, mas o sinal enviado ao mercado é que o Governo, mais uma vez, está
fazendo caixa em cima de uma companhia que já está apertada”, diz um gestor.
“Você pode até fazer as contas e chegar à conclusão de que isso é um bom
negócio para a companhia, mas a Petrobras ainda não retirou nem os 5 bilhões de
barris originais, e já está antecipando ao governo caixa sobre o excedente.”
A decisão de hoje, tomada no âmbito do
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) vem num momento em que as ações
da Petrobras já subiram cerca de 50% a partir das mínimas do ano, embaladas
pelo crescimento da oposição nas pesquisas eleitorais e a perspectiva de uma
gestão mais profissional da empresa.
“[A decisão do CNPE] significa mais pressão
sobre o caixa da empresa, que já está muito alavancada, e não traz nenhuma
geração de caixa no curto prazo”, diz outro analista. “É péssimo para o papel.”
As ações preferenciais da Petrobras fecharam
o dia a 17,64 reais.
Por Geraldo Samor
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Indústria defende redução dos impostos sobre medicamentos produzidos no País
14/06/2014
Veículo: Jornal Gente – Rádio Bandeirantes
Âncora: Salomão Ésper
Representantes da indústria farmacêutica defenderam essa semana a redução dos impostos sobre medicamentos produzidos no Brasil. O assunto foi abordado em audiência pública da comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 491/10, que proíbe impostos sobre alimentos, remédios e fertilizantes.
De acordo o presidente-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (Sindusfarma), Nélson Mussolini, a França cobra 2,1% de impostos sobre medicamentos, enquanto, no Brasil, o valor é de 33,9%. “É imoral”, afirmou.
O presidente da comissão, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), também destacou a elevada carga tributária sobre o produto. Ele apontou que os remédios veterinários são mais baratos do que aqueles produzidos para o consumo humano. “Se você entrar latindo ou mugindo, vai pagar menos. O medicamento é algo essencial, diferentemente de carros e caminhões; por isso, é preciso zerar os impostos dos remédios”, defendeu o parlamentar.
Mussolini disse que o programa Farmácia Popular atende a sete milhões de pessoas e, se não fossem os tributos que incidem sobre os medicamentos, a iniciativa poderia beneficiar mais de dez milhões de brasileiros.
Pelo programa, o beneficiado pode comprar três tipos de medicamentos (anticoncepcionais e os contra diabetes e hipertensão) em farmácias conveniadas ao governo, pagando até 10% do valor do produto. O restante do valor fica a cargo do Estado brasileiro. “O próprio governo acaba comprando medicamento mais caro e poderia atender mais gente”, ressaltou.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Franco Pallamolla, é preciso fortalecer a indústria nacional de remédios, pois, atualmente, não há isonomia entre o fabricante brasileiro e internacional.
“Hoje, se uma entidade sem fins lucrativos, como o Hospital Albert Einstein, resolver comprar um tomógrafo importado, o produto está imune a qualquer imposto. Já se adquirir o mesmo equipamento do mesmo fabricante, mas produzido no Brasil, pagará IPI, PIS/Cofins e ICMS”, observou Pallamolla.
Conforme o presidente da Amimo, é impossível ter uma política industrial com a falta de isonomia tributária. “Isso acaba impedindo o investimento em tecnologia e em inovação”, avaliou.
Já o assessor técnico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Leandro Safatle, argumentou que a desoneração do produto final não resolve o problema. Segundo ele, deve-se levar em consideração todo o complexo industrial da saúde e pensar nos insumos que compõem a cadeia produtiva de remédios no País.
Fonte: http://sindusfarma.org.br/cadastro/index.php/site/ap_imprensas/imprensa/192
Veículo: Jornal Gente – Rádio Bandeirantes
Âncora: Salomão Ésper
Representantes da indústria farmacêutica defenderam essa semana a redução dos impostos sobre medicamentos produzidos no Brasil. O assunto foi abordado em audiência pública da comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 491/10, que proíbe impostos sobre alimentos, remédios e fertilizantes.
De acordo o presidente-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (Sindusfarma), Nélson Mussolini, a França cobra 2,1% de impostos sobre medicamentos, enquanto, no Brasil, o valor é de 33,9%. “É imoral”, afirmou.
O presidente da comissão, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), também destacou a elevada carga tributária sobre o produto. Ele apontou que os remédios veterinários são mais baratos do que aqueles produzidos para o consumo humano. “Se você entrar latindo ou mugindo, vai pagar menos. O medicamento é algo essencial, diferentemente de carros e caminhões; por isso, é preciso zerar os impostos dos remédios”, defendeu o parlamentar.
Mussolini disse que o programa Farmácia Popular atende a sete milhões de pessoas e, se não fossem os tributos que incidem sobre os medicamentos, a iniciativa poderia beneficiar mais de dez milhões de brasileiros.
Pelo programa, o beneficiado pode comprar três tipos de medicamentos (anticoncepcionais e os contra diabetes e hipertensão) em farmácias conveniadas ao governo, pagando até 10% do valor do produto. O restante do valor fica a cargo do Estado brasileiro. “O próprio governo acaba comprando medicamento mais caro e poderia atender mais gente”, ressaltou.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Franco Pallamolla, é preciso fortalecer a indústria nacional de remédios, pois, atualmente, não há isonomia entre o fabricante brasileiro e internacional.
“Hoje, se uma entidade sem fins lucrativos, como o Hospital Albert Einstein, resolver comprar um tomógrafo importado, o produto está imune a qualquer imposto. Já se adquirir o mesmo equipamento do mesmo fabricante, mas produzido no Brasil, pagará IPI, PIS/Cofins e ICMS”, observou Pallamolla.
Conforme o presidente da Amimo, é impossível ter uma política industrial com a falta de isonomia tributária. “Isso acaba impedindo o investimento em tecnologia e em inovação”, avaliou.
Já o assessor técnico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Leandro Safatle, argumentou que a desoneração do produto final não resolve o problema. Segundo ele, deve-se levar em consideração todo o complexo industrial da saúde e pensar nos insumos que compõem a cadeia produtiva de remédios no País.
Clique aqui
para ouvir a íntegra da reportagem
sexta-feira, 20 de junho de 2014
Sanofi e Medtronic formam parceria estratégica
20/06/2014
- 07:38
A
Sanofi e a Medtronic anunciaram a assinatura de um acordo para uma aliança
estratégica global na área da diabetes, com vista a melhorar a gestão da
diabetes por parte dos doentes e os resultados em saúde, em todo o mundo.
Inicialmente, a aliança irá focar-se em duas prioridades-chave: o
desenvolvimento de associações medicamento-dispositivo e a prestação de
serviços de gestão de cuidados para melhorar a adesão, simplificar o tratamento
com insulina e ajudar as pessoas com diabetes a melhor gerir a sua doença.
A aliança será estruturada num modelo de inovação aberto, tirando partido das capacidades e dos recursos humanos e financeiros das duas companhias. Com base no sucesso das duas prioridades iniciais, as empresas podem de futuro explorar outras áreas de colaboração potencial.
A aliança será estruturada num modelo de inovação aberto, tirando partido das capacidades e dos recursos humanos e financeiros das duas companhias. Com base no sucesso das duas prioridades iniciais, as empresas podem de futuro explorar outras áreas de colaboração potencial.
“Sabemos
que a insulina e outros medicamentos são apenas um dos elementos do tratamento
do doente como um todo. Não há dias de folga na gestão da diabetes e a falta de
adesão é um dos principais obstáculos à gestão optimizada da doença. Por esse
motivo, a Sanofi está empenhada em desenvolver soluções de cuidados integrados
que tornem a vida das pessoas com diabetes mais fácil e melhorem os seus
resultados clínicos, contribuindo para a redução de custos de todo o sistema de
saúde”, comentou Pascale Witz, Vice-Presidente Executivo Global Divisions &
Strategic Development da Sanofi. “Através desta importante colaboração, a
Sanofi fará uso de avanços tecnológicos que têm como objectivo criar soluções de
tratamento holísticas que têm em consideração as necessidades individuais de
cada doente”.
E-mails revelam que Morgan Stanley chamou a Valeant - um actual cliente - um "castelo de cartas"
19/06/2014 - 07:46
O norte-americano Morgan Stanley, conselheiro da Valeant Pharmaceuticals International na sua oferta hostil de 53 mil milhões de dólares (cerca de 39 mil milhões de euros) pela Allergan tentou, inicialmente, ser contratado por esta última, tendo chamado ao seu actual cliente, "um castelo de cartas", avança o Jornal de Negócios.
A novela que envolve o banco de investimento e o negócio das farmacêuticas começou há algumas semanas, quando o Morgan Stanley mostrou intenções de ser contratado pela fabricante de botox Allergan para se defender de uma oferta hostil da Valeant.
O norte-americano Morgan Stanley, conselheiro da Valeant Pharmaceuticals International na sua oferta hostil de 53 mil milhões de dólares (cerca de 39 mil milhões de euros) pela Allergan tentou, inicialmente, ser contratado por esta última, tendo chamado ao seu actual cliente, "um castelo de cartas", avança o Jornal de Negócios.
A novela que envolve o banco de investimento e o negócio das farmacêuticas começou há algumas semanas, quando o Morgan Stanley mostrou intenções de ser contratado pela fabricante de botox Allergan para se defender de uma oferta hostil da Valeant.
Nos
e-mails trocados com a Allergan, a equipa do Morgan Stanley garantiu que o
pretendente indesejado, a Valeant, era "um castelo de cartas" com um
modelo de negócio insustentável.
Até
aqui tudo bem, não fosse o Morgan Stanley ter passado para o outro lado da
barricada alguns dias depois, já que acabou por ser dispensado pela Allergan e
contratado pela Valeant, e a fabricante de botox ter decidido tornar públicos
os e-mails onde o Morgan Stanley chama ao seu actual cliente (Valeant) um
"castelo de cartas", pronto a desmoronar.
"Os
executivos do Morgan Stanley, o banco de investimento contratado recentemente
pela Valeant, enviaram e-mails directamente para a equipa de gestão da Allergan
que sugerem que eles partilham as nossas preocupações", disse a fabricante
de botox que está a ser alvo de uma oferta hostil, num comunicado citado pela
Reuters, com o objectivo de reforçar a ideia de que o seu pretendente
indesejado é um comprador falhado.
Mary
Claire Delaney, porta-voz do Morgan Stanley, recusou comentar o conteúdo dos
e-mails tornados públicos, segundo a Bloomberg, ao passo que o CEO da Valeant,
Michael Pearson, afirma que a divulgação dos e-mails pela Allergan "é um
sinal de desespero".
Ao
mesmo tempo que afirma que a Valeant é um "castelo de cartas", o
Morgan Stanley mantém as acções da empresa com recomendação de
"overweight", o que significa que os títulos terão um desempenho
acima do mercado.
Fonte: Jornal de Negócios
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/fusoes___aquisicoes/detalhe/e_ma...
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/fusoes___aquisicoes/detalhe/e_ma...
Dois médicos, um DIM e uma farmacêutica em burla de meio milhão ao SNS
Nota de C&T: A corrupção e malandragem vem de longe, não é um privilégio do Brasil,
certamente acontece algo parecido por aqui, certamente com mais facilidade, me
refiro especificamente a farmácia popular. O governo tem pago uma conta alta
para muitos movimentarem um mercado negro existente.
(Portugal)...
20/06/2014 - 08:03
(Portugal)...
A Polícia Judiciária (PJ) deteve quatro pessoas por burla ao Serviço Nacional
de Saúde (SNS), falsificação de receitas, corrupção e associação criminosa.
Entre os detidos, em Lisboa e Trás-os-Montes, estão dois médicos, um delegado
de informação médica e a proprietária de uma farmácia, avança o jornal Público.
Desde 2010 que alegadamente burlavam o Estado, adiantou fonte da PJ ao Público. A polícia contabilizou até agora 500 mil euros de prejuízo para o Estado, mas este deverá ascender a milhões de euros, de acordo com a mesma fonte.
Depois de inquiridos até ao início da noite desta quinta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, um dos médicos ficou em prisão preventiva e o outro está proibido de se ausentar do país, assim como a farmacêutica e o delegado de informação médica. Estes, porém, estão também suspensos do exercício de funções.
Os suspeitos, detidos terça-feira, começaram a ser investigados em Julho do ano passado, no âmbito da operação da PJ Prescrição de Risco, outro caso semelhante. Nessa acção, os inspectores encontraram indícios que permitiram chegar a estas quatro pessoas entretanto detidas. Aliás, a farmácia da arguida agora visada fora alvo de buscas em 2013.
Nessa altura, a PJ deteve sete pessoas ligados ao sector da saúde, entre os quais o director técnico da farmácia situada no exterior do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Quatro dos detidos nesse processo aguardam julgamento em prisão preventiva, indiciados por burla qualificada ao SNS, associação criminosa e falsificação agravada de documentos.
Desde 2010 que alegadamente burlavam o Estado, adiantou fonte da PJ ao Público. A polícia contabilizou até agora 500 mil euros de prejuízo para o Estado, mas este deverá ascender a milhões de euros, de acordo com a mesma fonte.
Depois de inquiridos até ao início da noite desta quinta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, um dos médicos ficou em prisão preventiva e o outro está proibido de se ausentar do país, assim como a farmacêutica e o delegado de informação médica. Estes, porém, estão também suspensos do exercício de funções.
Os suspeitos, detidos terça-feira, começaram a ser investigados em Julho do ano passado, no âmbito da operação da PJ Prescrição de Risco, outro caso semelhante. Nessa acção, os inspectores encontraram indícios que permitiram chegar a estas quatro pessoas entretanto detidas. Aliás, a farmácia da arguida agora visada fora alvo de buscas em 2013.
Nessa altura, a PJ deteve sete pessoas ligados ao sector da saúde, entre os quais o director técnico da farmácia situada no exterior do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Quatro dos detidos nesse processo aguardam julgamento em prisão preventiva, indiciados por burla qualificada ao SNS, associação criminosa e falsificação agravada de documentos.
Além
da relação destes últimos arguidos com os detidos desse processo e do caso
Remédio Santo, a investigação de agora foi também consequência de várias
denúncias anónimas, nomeadamente de outros farmacêuticos. Também o Ministério
da Saúde colaborou com a PJ enviando informação. A investigação vai continuar
no sentido de detectar mais provas e documentação relevante.
Receitas falsificadas
Os
médicos emitiam receituário falso com nomes de doentes que não tinham
conhecimento da situação. O delegado de informação médica levantava depois os
medicamentos, com comparticipação de 90%, na farmácia. E estes eram,
entretanto, vendidos em circuitos paralelos do chamado mercado negro.
As
detenções de terça-feira foram lideradas pela Unidade Nacional de Combate à
Corrupção da PJ no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público
sobre fraudes no SNS. A polícia realizou nove buscas domiciliárias e apreendeu
diversa documentação, nomeadamente facturas e receitas falsas que irão servir
de prova no processo. Foram ainda apreendidos telemóveis e computadores, além
de outro tipo de material informático.
As
buscas visaram casas usadas pelos suspeitos. Todos os arguidos prestaram esta
quinta-feira declarações ao juiz, adiantou fonte judicial.
As
detenções surgem numa altura em que chegou a tribunal o primeiro processo de
burlas no SNS. No caso Remédio Santo, 18 arguidos estão acusados de pertencerem
a uma rede que terá lesado o SNS em cerca de quatro milhões de euros.
O
ministro da Saúde, Paulo Macedo, garantira já que estaria sempre atento às
fraudes. Desde 2011 têm sido, por isso, várias as operações policias. No último
balanço do Ministério da Saúde estimava-se que as fraudes ascendiam já a 229
milhões de euros.
António Portela, CEO da Bial – Novos medicamentos e Internacionalização
Nota de C&T: Não é incomum encontramos história de paixão pela vida que vão além dos interesses econômicos dentro de Indústrias Farmacêuticas, principalmente em sua concepção.
Publicado em
19 de Junho de 2014, por Catarina Gomes
Criada há 90 anos por Álvaro
Portela, a Bial é hoje liderada pela quarta geração de uma família que marcou o
sector farmacêutico nacional pela visão revolucionária de aposta na
internacionalização e na investigação e desenvolvimento de novos fármacos. É deles
o primeiro – e até agora único – medicamento português disponível nas farmácias
europeias e norte-americanas, o Zebinix, indicado no tratamento da epilepsia.
Em 2016 contam repetir a proeza, desta feita com o Opicapone, para a doença de
Parkinson. Em entrevista, António Portela, que em 2011 assumiu os destinos da
empresa, fala do caminho já trilhado e do trajecto traçado… Rumo ao futuro
Jornal Médico – Consigo… já
vamos na quarta geração da família a dirigir os destinos da Bial… cuja história
começou num anexo, nas traseiras de uma farmácia do Porto…
António Portela – O meu
bisavô, Álvaro Portela, começou a trabalhar muito cedo – teria aí uns catorze
ou quinze anos… – na Farmácia do Padrão, na Baixa do Porto, que ainda hoje
existe. Ajudava o patrão – o Sr. Almeida – na preparação de medicamentos que
naquela época eram maioritariamente manipulados na farmácia.
E
tomou-lhe o gosto…
É verdade. Tomou o gosto pelo
negócio, foi aprendendo como funcionava e engendrando formas de melhor e mais
rapidamente servir os doentes.
É preciso não esquecer que há
90 anos a produção dos medicamentos não era como hoje, nomeadamente em termos
de rapidez. Muitos só estavam disponíveis no dia seguinte. O que o meu bisavô
fez foi desenvolver o processo produtivo e o tempo de entrega aos clientes. Com
o passar dos anos surgiu a ideia de começar a produzir de uma forma mais
industrializada. Com a ajuda do Sr. Almeida – que nunca se quis envolver no
negócio em termos de gestão, mas que apoiou o projecto financeiramente – montou
então uma pequena “fábrica”, nas traseiras da farmácia.
Não se
quis envolver na gestão… mas acabou por se eternizar no nome da empresa.
É verdade. O nome Bial resulta
da combinação de dois (“bi”) “Al”, de Álvaro e Almeida. Foi uma homenagem que o
meu bisavô quis fazer ao Sr. Almeida, pelo seu contributo para a concretização
do negócio.
E o
negócio foi crescendo…
O meu bisavô tinha uma visão
muito clara da importância não só do processo produtivo, mas também da criação
de marcas que pudessem mais tarde constituir referências para médicos e
doentes. A primeira grande marca, cujo sucesso impulsionou o negócio da Bial,
foi o Benzo-Diacol, que hoje é comercializado sob a marca Diacol. Seguiram-se
outras marcas e uma forte dinamização comercial.
Posteriormente, o meu avô foi
responsável pela industrialização dos processos de produção, tornando todo o
circuito mais rápido, eficiente e menos oneroso.
Depois da
industrialização… a internacionalização e a I&D.
A verdadeira
internacionalização da empresa começa com o meu pai. Como também é sua a visão
– à época verdadeiramente revolucionária – de apostar na investigação e
desenvolvimento (I&D) de novos produtos.
A ideia foi delineada em
finais dos anos oitenta e só seria implementada em 1993, ano em que foi criado
na Bial um departamento de I&D, que na fase inicial contava apenas com três
pessoas.
Na estratégia adoptada não foi
indiferente o facto de o meu pai ser médico e ter trabalhado num hospital, onde
acompanhou doentes, apercebendo-se das necessidades sentidas ao nível dos
tratamentos. A combinação de todos estes factores foi decisiva na definição do
rumo a seguir, absolutamente inovador relativamente ao que se fazia em Portugal
em termos de indústria farmacêutica (IF).
Eram
outros tempos… menos regulados…
Aquilo que a IF fazia em
Portugal era, basicamente, copiar o que se fazia lá fora. Era o tempo das
cópias – em termos comerciais não existia ainda o conceito de genérico –
consentidas, porque em Portugal a legislação não salvaguardava os direitos de
propriedade intelectual (patentes) dos produtos farmacêuticos. Uma situação que
todos sabiam que, mais dia, menos dia, teria que mudar.
Foi o momento das grandes
decisões: ou se continuava pelo caminho das cópias ou, como defendia o meu pai,
o caminho a seguir era o da inovação, da aposta na investigação e
desenvolvimento de novos produtos. A Bial foi a única empresa que seguiu esta
via.
Uma
decisão complicada… o desenvolvimento de uma nova molécula obriga a
investimentos exorbitantes que, mesmo noutras áreas de actividade não são muito
comuns em Portugal… a que se associa um risco de insucesso muito elevado.
É verdade. Nos últimos 20 anos
sintetizámos cerca de 15 mil moléculas, das quais uma já se encontra no mercado
e uma outra em ensaios clínicos de fase III…
E quanto
é que gastaram nesse processo?
Mais de 300 milhões de euros,
apenas no desenvolvimento do Zebinix. Além deste fármaco, temos outros em
desenvolvimento e as 15 mil moléculas que foram ficando pelo caminho.
Em 15
mil, duas…. é um “tiro no escuro”…
Foi um passo arriscado. O meu
pai ainda hoje conta que à época quase toda a gente o aconselhou a não seguir
aquela via. “Porque não havia tradição”, “porque não havia em Portugal
quem soubesse investigar”… Enfim, porque que era uma “coisa estranha”.
Mas
seguiu!
O meu pai tem – e sempre teve
– uma visão de longo prazo, muito focada na via da inovação. Conseguiu juntar
uma pequena equipa, que foi crescendo com o passar do tempo, atraindo outras
pessoas e instituições, muitas delas, na altura, vindas de fora, com
experiência na I&D.
Até que
um dia… Zebinix! Foi o “Dia” da história da Bial?
Não sei se terá sido o marco
mais relevante. Mas foi, certamente, um dos mais importantes da história da
Bial. E importante não apenas pelo seu significado em termos da nossa projecção
internacional enquanto empresa de I&D, mas também pelo facto de nos ter
aberto as portas do mercado global. Hoje competimos na Europa, nos EUA e dentro
em breve estaremos a competir no Japão… Mais de 50% da nossa produção
destina-se ao mercado externo; exportamos para 54 países!
Um marco,
também, nacional…
Foi um momento fantástico para
toda a equipa. Foram muitos anos de trabalho; de passos intermédios para
alcançar objectivos num processo que era inédito em Portugal. Demos muitas
vezes com “a cabeça na parede”, enfrentámos inúmeros “labirintos”,
“becos sem saída”…
Para toda a equipa – e aqui
incluo, não apenas a equipa de investigação mas também a que trabalhou toda a
vertente regulamentar, a da produção, a da qualidade e ainda a comercial, cujo
trabalho permitiu financiar o projecto – foi um momento de enorme orgulho e
motivação.
Foi
difícil o “salto” para o patamar global de registo e aprovação de novos
medicamentos?
Foi a primeira vez, é certo,
mas é preciso não esquecer que em Portugal a área da regulamentação evoluiu
muito nos últimos anos. O Infarmed é hoje considerado uma das melhores
autoridades do medicamento da Europa, quer em termos de produtividade, quer no
que toca à qualidade do trabalho que faz. Por outro lado, a nossa estratégia de
estabelecer parcerias com empresas com grande experiência nos diferentes
mercados, tornou menos complicado esse percurso, que é de facto difícil para
quem tem que o percorrer pela primeira vez.
Entretanto,
o grupo inicial de três pessoas que fundou a unidade de I&D… cresceu.
Muito. Nos dois centros que
hoje temos, em Portugal e Espanha, trabalham cerca de 120 pessoas, de oito
nacionalidades, 32 das quais doutoradas. Em Portugal trabalhamos,
fundamentalmente, as áreas do sistema nervoso central e cardiovascular e em
Espanha a imunoterapia alérgica.
E
continuam a investir…
Nos últimos seis ou sete anos
temos reinvestido, em média, mais de 20% do volume total de negócios. Tem sido
um esforço enorme, mas fundamental para manter o ciclo de inovação.
Têm na
calha um novo produto… já em ensaios clínicos de Fase III.
Trata-se do Opicapone,
indicado no tratamento da doença de Parkinson. Estão a terminar os ensaios de
Fase III e os resultados têm sido muito positivos. Este fármaco tem demonstrado
melhorar a qualidade de vida dos doentes, aumentando o período de tempo sem
manifestação dos sintomas característicos da doença, ao nível da mobilidade,
como a tremura e a rigidez.
Tendo em conta os resultados
alcançados, pensamos ser possível submeter um pedido de autorização de
introdução no mercado europeu até ao final do ano. Se tudo correr como o
previsto, o Opicapone estará disponível em 2016.
Já agora,
onde são realizados os ensaios clínicos de suporte ao desenvolvimento dos novos
produtos?
Em vinte e poucos países,
entre os quais, obviamente, Portugal, que privilegiamos por duas razões: desde
logo, porque estamos a disponibilizar uma terapia nova a doentes portugueses.
Depois, porque queremos envolver centros de investigação e líderes de opinião
nacionais que possam mais tarde apresentar os resultados dos novos medicamentos
– portugueses – a nível mundial.
A I&D
faz-se com o concurso de instituições de investigação entre as quais,
universitárias. Quem são os parceiros da Bial?
Temos muitos, em Portugal e
fora do país, desde centros de investigação, universidades, outras empresas,
etc…. Na Bial investimos fortemente nas pessoas. Apostamos na qualificação dos
quadros – em todas as áreas da companhia – porque acreditamos que só assim é
possível acrescentar valor a tudo o que fazemos. Das quase novecentas pessoas
que hoje trabalham na Bial, cerca de 75% têm formação superior. E são 75% em
Portugal, África, América Latina… Enfim, em todas as regiões onde operamos.
Começou
“por baixo”, como é uso dizer-se… como delegado de informação médica de uma
grande multinacional… no Reino Unido. A experiência foi uma espécie de
“tirocínio” para as actuais funções?
Embora tenha crescido rodeado
de pessoas ligadas às ciências (farmacêutica e médica) – muitas das quais
trabalham ainda hoje na Bial – segui Economia, porque tinha grande facilidade
em lidar com números e porque gostava da área. A experiência profissional que
se seguiu foi importante para eu perceber se gostava, ou não, do “negócio”… da
IF… Não sabia! E por isso decidi experimentar. Fora de Portugal porque temia
ser tratado de forma diferente aqui…
Escolhi Inglaterra porque me
possibilitava, por um lado, dominar a língua e por outro, aprender como
funciona um mercado muito competitivo. Trabalhei com pessoas extremamente
competentes e com as quais aprendi muito. A Roche é uma empresa fantástica,
muito dinâmica, com métodos de trabalho rigorosos.
Comecei como delegado de
informação médica, a trabalhar “na rua”, aprendendo como tudo funcionava
– médicos, doentes, sistema. Foi lá que comecei a gostar de trabalhar na IF; a
sentir que era uma sorte trabalhar numa área onde podia “fazer a diferença”,
para os doentes e também para os médicos. É isso o que hoje sinto quando ouço histórias
de doentes com crises epiléticas que não conseguiam sair de casa e que agora,
graças ao Zebinix, já conseguem. É muito gratificante.
Herda,
com o seu irmão Miguel um legado fortemente marcado pelo seu pai, uma das mais
personalidades mais relevantes do sector empresarial português e também da
cultura e da ciência… Como é que isso se reflecte no seu dia-a-dia, enquanto
CEO da empresa?
Eu e o meu irmão Miguel temos
de facto uma grande responsabilidade. Desde logo por dar continuidade a tudo o
que o meu pai e a equipa que ele formou conseguiram alcançar. Que foi
extraordinário. Felizmente os meus pais deram-nos aos dois uma excelente
educação. Damo-nos e funcionamos muito bem um com o outro.
Agora, o mais importante que
ele nos deixa aos dois é, sem dúvida, a equipa formidável que ele soube reunir
ao longo dos últimos 30 anos. Uma equipa sólida, competente, solidária que
trabalha de uma forma muito integrada. Que nos aceitou, quer a mim, quer ao meu
irmão Miguel, muito bem, integrando-nos em todo o processo. Penso que este é,
sem dúvida, o legado mais valioso que o meu pai nos deixa.
Que
balanço faz destes três anos e meio à frente da Bial?
Foram três anos de
aprendizagem dura, cuja descrição é difícil de condensar em poucas palavras.
Há quem me diga que apanhámos
a empresa num momento complicado, quer para Portugal quer para Espanha,
mercados onde a nossa actividade está mais concentrada. Olhando para trás,
penso que esse contexto adverso nos tornou mais fortes, levando-nos a tomar as
decisões necessárias para seguir em frente.
É difícil
ser-se inovador em Portugal?
Quando penso nisso… imagino
como seria há 30 anos atrás, quando o meu pai decidiu avançar por um caminho
completamente inovador. Foi certamente muitíssimo mais complicado do que teria
sido hoje. Não acho que seja difícil ser-se inovador, ainda que reconheça a
existência de barreiras, principalmente burocráticas e ao nível do
financiamento. Vivemos décadas em que a ideia predominante era a de “trabalhar
para dentro”. Atribui-se pouca importância ao valor acrescentado, à
competitividade necessária para se poder avançar para o mercado externo.
Hoje nota-se uma grande
diferença; uma inversão muito rápida relativamente ao passado. Temos muita
gente a trabalhar em inovação em diversos sectores e também a apostar em outros
mercados.
Penso que de certa forma
menosprezamos as nossas capacidades; esquecemo-nos de que Portugal já foi um
país inovador no mundo. Há quinhentos anos conseguimos definir uma estratégia
de longo prazo que nos permitiu chegar aos quatro cantos do mundo,
estabelecendo rotas comerciais que alteraram profundamente toda uma época e
cujo impacto ainda hoje se sente. Para isso, fomos buscar os melhores
“investigadores”. Investigámos, desenvolvemos novas técnicas e instrumentos de
navegação com os quais fomos capazes de alcançar os nossos objectivos. E éramos
um pequeno país, com pouca gente.
Acredito que também hoje
seremos bem-sucedidos se nos focarmos em algumas áreas e nos concentrarmos em
fazer bem.
O facto
de a Bial ser uma “empresa familiar” potencia a visão de longo prazo?
Sem dúvida que sim. Não
estamos condicionados pelo imediatismo do lucro; das mais-valias de
curto-prazo; dos dividendos aos accionistas, como o estão, hoje em dia, a
maioria das grandes empresas deste e de outros sectores. O facto de sermos uma
“empresa familiar” permite-nos ter uma perspectiva de médio e longo prazo.
Aliás, estou convencido de que nunca teríamos conseguido chegar onde chegámos
se não fosse assim.
Assumiu
“a batata quente” num momento particularmente difícil; de crise económica. Como
se tem reflectido o actual momento na actividade da empresa?
A crise propriamente dita não
teve grande impacto na nossa actividade. Já as medidas políticas, sim. E
grande! Principalmente nestes últimos três anos, ao longo dos quais o mercado
farmacêutico diminuiu cerca de um terço. Esta contracção afectou-nos
profundamente, já que quase 50% da facturação da Bial ainda é do mercado
interno.
Quais os
impactos na estratégia de I&D?
É enorme. Uma estratégia de
I&D é sempre uma estratégia de longo prazo. É necessário determinar, à
partida, quais os recursos necessários para cumprir os objectivos, com base na
rentabilidade da empresa, assumindo-se a possibilidade de alguns desvios, que
incorporamos no plano de financiamento. E a verdade é que o que tivemos que
enfrentar nestes últimos anos não foram “pequenos desvios”. Foi um choque
brutal que afectou a nossa capacidade de investimento. Ainda assim estamos
decididos a seguir em frente, a cumprir todos os compromissos que assumimos com
os múltiplos parceiros envolvidos.
Falhar,
não é cenário…
Não. Não podemos falhar! O que
está em causa é mais do que a Bial. Falhar alimentaria, no plano internacional,
a ideia de que… “Afinal são portugueses, não cumprem, não têm credibilidade
nenhuma”.
No
discurso político encontramos hoje abundantes referências a “rendas excessivas”
da Indústria… Sempre acompanhadas da ameaça… “ou baixam ou baixamos nós”
Nos últimos tempos houve um
grande enfoque nos “cortes” na área do medicamento e na dos dispositivos
médicos. São áreas onde é mais fácil “cortar”; onde é possível alcançar
resultados mais rapidamente.
Relativamente às “rendas
excessivas”, que o Senhor Ministro tem referido, penso que se refere a
situações específicas e não ao sector farmacêutico como um todo.
O Governo tem, certamente,
consciência daquilo que pediu à IF, como também sabe que as empresas
portuguesas, com menor escala, têm passado por momentos muito difíceis para
conseguir trilhar o caminho da inovação e da internacionalização. E por isso
tem procurado apoiar as nossas empresas nesse processo.
O Senhor Ministro tem tido a
coragem de mudar algumas coisas, o que nem sempre é fácil. O que era possível
fazer na área do medicamento, em termos de “cortes” foi feito. As outras
reformas no sector levarão mais tempo.
Disse há
tempos, em entrevista a uma publicação internacional, acreditar que Portugal se
pode transformar, na área do medicamento, numa “Califórnia” da Europa… Continua
a acreditar nisso?
Portugal tem características
fantásticas. Temos hoje muita gente que investiga cá dentro e lá por fora com grande
qualidade. Temos excelentes universidades e centros de investigação. Falta-nos
o investimento às empresas, aos projectos…
Passo a passo, êxito após
êxito, chegaremos lá. Isso já hoje acontece, por exemplo, na área das
telecomunicações, onde há soluções portuguesas bem-sucedidas a nível mundial.
Por outro lado, Portugal
oferece condições únicas para se trabalhar. O clima, a hospitalidade, a
culinária, os bons quadros técnicos… E a segurança, de que se fala pouco, mas
que é muito valorizada pelos nossos parceiros internacionais.
A
Fundação Bial é uma das referências indissociáveis da gestão do seu pai, sendo
hoje uma das instituições que mais apoia a investigação nacional,
particularmente em áreas comercialmente pouco atractivas… É uma aposta para
continuar?
Sem dúvida! A Fundação foi
talvez o primeiro grande sinal que o meu pai quis dar para o exterior da nossa
aposta forte no fomento da investigação. Não só em Portugal, mas também noutros
países. O trabalho da Fundação traduz-se hoje, em duas iniciativas
fundamentais: o Prémio Bial, que tem atraído cada vez mais investigadores, de
todo o mundo, com trabalhos de enorme qualidade; e as bolsas de investigação
que pretendem apoiar jovens investigadores em áreas de investigação “menos
atractivas”. São duas iniciativas que queremos manter e até reforçar, se
possível, no futuro.
Mais uma
década… Completa-se um século de história da empresa. Como projecta a Bial
nesse futuro próximo?
Gostava que pudéssemos lá
chegar cumprindo a aposta do meu pai e da equipa que ele formou na I&D de
novos produtos e também na internacionalização da empresa. Que o processo de
investigação estivesse consolidado e a funcionar de uma forma dinâmica, gerando
novos produtos que por sua vez potenciassem o desenvolvimento de outros… Para um
mercado global.
terça-feira, 17 de junho de 2014
SP vai à Justiça para cobrar R$ 250 milhões de laboratórios
Estadão Conteúdo
O Estado de São Paulo foi à Justiça para cobrar cerca de R$ 250 milhões de três laboratórios que teriam feito um esquema para passar ao governo os custos do tratamento de pacientes voluntários em testes clínicos para registro de novos medicamentos no Brasil. Segundo apuração a Corregedoria-Geral do Estado, Ministério da Saúde e Advocacia-Geral da União (AGU), os pais de nove crianças portadoras de síndromes raras em São Paulo foram induzidos pelas empresas Genzyme, Biomarin e Shire a pedir na Justiça o remédio pelo serviço público.
Os casos são de crianças que sofriam de doenças congênitas incuráveis e precisavam de reposição enzimática com remédios que já eram registrados no exterior, mas que ainda tinham de passar por uma fase de testes para serem vendidos no País. Esse tipo de estudo é sigiloso e, pela primeira vez, o governo teve acesso aos nomes dos pacientes e os cruzou com os dados das ações. Segundo a Procuradoria-Geral do Estado, os participantes deveriam ter as despesas cobertas pelos realizadores da pesquisa pelo resto da vida.
Pela investigação, 42 pacientes participaram dos testes no País, entre 2004 e 2007, dos quais 19 entraram com ações judiciais, das quais nove foram pagas pelo governo paulista - as outras foram custeadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a procuradoria, a médica Ana Maria Martins, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fez parte dos testes clínicos e foi quem concedeu a prescrição, como médica do SUS, para os mandados de segurança, assassinados sempre pelos mesmos advogados.
Segundo o procurador Luiz Duarte de Oliveira, os laboratórios ofereceram “até assistência jurídica gratuita” para que os pacientes entrassem com as ações. “Existe uma obrigação jurídica e elas (empresas farmacêuticas) não poderiam passá-la para o Estado”, diz o procurador, que calcula um gasto anual de R$ 500 milhões do governo paulista com pacientes com medicamentos de doenças raras por ordem da Justiça.
Uma das mães disse à corregedoria que “houve várias reuniões com pessoas do laboratório que informaram que o medicamento é muito caro e por isso deveria ser fornecido pelo Estado”. O Elaprase, da Shire, pode ter o custo anual de tratamento de R$ 2, 6 milhões. O custo cobrado pelo Estado com os participantes da pesquisa é de ao menos R$ 28 milhões, o restante da ação cobra dano moral coletivo. Oliveira diz que o governo não vai deixar de fornecer os remédios, apenas pedir o ressarcimento das empresas.
A Genzyme, a Biomarin e a Shire esclareceram, por nota, que não foram citadas e que, por isso, não se pronunciariam. Todo os laboratórios ressaltaram que observaram a legislação em vigor e os procedimentos éticos nos seus estudos.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Biopas e moksha8 Anunciam Aliança Estratégica para Comercializar Produtos Farmacêuticos Especializados em toda a América Latina
16/06/2014
- 11h41 | Atualizado em 16/06/2014 - 11h41
PR Newswire
do Brasil
SÃO PAULO e CIDADE
DO PANAMÁ, 16 de junho de 2014 /PRNewswire/ -- Biopas e moksha8, duas empresas
farmacêuticas líderes de especialidade, anunciaram hoje que firmaram uma
aliança estratégica combinando fortes capacidades, presença regional e
portfólio de produtos. A aliança imediatamente faz nascer um único fornecedor
regional de alta qualidade e de produtos farmacêuticos de especialidade em um
dos mercados de mais rápido crescimento e de alto valor do mundo. Biopas e
moksha8 irão colaborar tanto nas parcerias de desenvolvimento corporativo
existentes quanto nas futuras.
O mercado
farmacêutico de varejo da América Latina é estimado pelo IMS em US$ 68.000
milhões de dólares em 2013, com crescimento de 12% CAGR de mais de US$ 110.000
milhões de dólares em 2017. A previsão é de que o Brasil seja o quarto maior
mercado farmacêutico do mundo até 2017.
A aliança
proporciona um serviço único de alta qualidade e em conformidade com o FCPA para
a obtenção da aprovação regulatória e para a comercialização de produtos
farmacêuticos de especialidade em toda a região latino-americana.
Ambas as empresas
Biopas e moksha8 já têm fortes parcerias existentes com direitos exclusivos
sobre produtos de alto valor de empresas como UCB, Ferring, Forest
Laboratories, GSK, Sandoz e Ipsen. Entre as principais marcas estão Viibryd,
Cimzia, Dysport, Utrogestan, Queopine e Razapina. moksha8 tem operações no
Brasil e no México e Biopas tem operações em outros mercados importantes da
América Latina, incluindo a Colômbia, Venezuela, Argentina e América Central.
Biopas e moksha8
iniciarão sua aliança através da comercialização de Viibryd (vilazodona) como
uma marca regional, uma marca da América Latina. O Viibryd é o primeiro e único
inibidor seletivo de recaptação de serotonina e antidepressivo agonista parcial
do receptor 5HT1A a receber a aprovação do FDA.
Simba Gill, CEO da
moksha8, e Pascal Forget, CEO da Biopas, destacaram que "ambas as empresas
compartilham um conjunto comum de valores e cultura, que formam uma base sólida
para a percepção do valor integral dos nossos produtos na América Latina e para
o fornecimento de vantagens competitivas significativas e de
diferenciação".
Sobre a moksha8
moksha8 é uma empresa farmacêutica líder da América Latina, com foco principal na comercialização de medicamentos de alta qualidade com excelência em suas operações e uma forte política de cumprimento às normas de combate à corrupção previstas no FCPA. A empresa iniciou suas operações comerciais em 2008 no Brasil e no México, promovendo principalmente produtos da linha SNC. moksha8 tem uma ampla parceria com a Forest Laboratories para toda a América Latina e parcerias com GSK, Sandoz, Aurobindo e Accord no Brasil. A empresa foi fundada por Simba Gill e TPG Biotechnology. Os principais investidores incluem TPG Biotechnology e Montreux Equity Partners. Para obter informações adicionais sobre a moksha8, por favor visite o site da empresa em www.moksha8.com.
moksha8 é uma empresa farmacêutica líder da América Latina, com foco principal na comercialização de medicamentos de alta qualidade com excelência em suas operações e uma forte política de cumprimento às normas de combate à corrupção previstas no FCPA. A empresa iniciou suas operações comerciais em 2008 no Brasil e no México, promovendo principalmente produtos da linha SNC. moksha8 tem uma ampla parceria com a Forest Laboratories para toda a América Latina e parcerias com GSK, Sandoz, Aurobindo e Accord no Brasil. A empresa foi fundada por Simba Gill e TPG Biotechnology. Os principais investidores incluem TPG Biotechnology e Montreux Equity Partners. Para obter informações adicionais sobre a moksha8, por favor visite o site da empresa em www.moksha8.com.
Sobre a Biopas
Fundada em 2002, Biopas é uma empresa farmacêutica líder da América Latina, com o foco específico em criar fortes posições de mercado para produtos exclusivos para as necessidades críticas não satisfeitas de pacientes. A excelente estratégia de acesso ao mercado e as políticas de compliance rigorosas da Biopas lhe permitiu construir relações comerciais de longa data com várias empresas líderes internacionais. Biopas atua na maior parte da América Latina e comercializa um portfolio único e líder de produtos na linha SNC, cardiologia, reumatologia, saúde da mulher, gastroenterologia e produtos dermo-cosméticos. Desde 2002, Biopas alcançou um estável e excelente crescimento de receita anual e de expansão de seu portfolio de produtos. Para obter informações adicionais sobre a Biopas, por favor visite o site da empresa em www.biopasgroup.com.
Fundada em 2002, Biopas é uma empresa farmacêutica líder da América Latina, com o foco específico em criar fortes posições de mercado para produtos exclusivos para as necessidades críticas não satisfeitas de pacientes. A excelente estratégia de acesso ao mercado e as políticas de compliance rigorosas da Biopas lhe permitiu construir relações comerciais de longa data com várias empresas líderes internacionais. Biopas atua na maior parte da América Latina e comercializa um portfolio único e líder de produtos na linha SNC, cardiologia, reumatologia, saúde da mulher, gastroenterologia e produtos dermo-cosméticos. Desde 2002, Biopas alcançou um estável e excelente crescimento de receita anual e de expansão de seu portfolio de produtos. Para obter informações adicionais sobre a Biopas, por favor visite o site da empresa em www.biopasgroup.com.
FONTE moksha8
Governo atua como lobista para levar farmas brasileiras a Cuba
Governo atua como lobista para levar farmas brasileiras a Cuba
Para rentabilizar o porto de Mariel, alta cúpula do governo Dilma tenta
não apenas convencer empresas do setor farmacêutico a negociar com o regime dos
irmãos Castro, mas também instalar fábricas na ilha; até o momento, as
companhias resistem.
O governo brasileiro mostra-se incansável quando o
assunto é colocar-se em maus lençóis em nome de sua simpatia pelo regime dos
irmãos Castro, em Cuba. Não bastasse a utilização de quase 700
milhões de dólares em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para financiar a construção do Porto de Mariel, a 45
quilômetros de Havana, a nova empreitada que vem sendo orquestrada pela alta
cúpula prevê, conforme
revelou o colunista do site de VEJA Reinaldo Azevedo, a ida de empresas
farmacêuticas brasileiras para produzir medicamentos em solo cubano. A
estratégia é tentar rentabilizar a zona portuária por meio da exportação de
remédios produzidos em parceria entre estatais cubanas e empresas brasileiras —
em especial fabricantes de genéricos e biossimilares. Desde a inauguração da
primeira fase do terminal de contêineres do porto, em janeiro, o governo vem
travando uma ofensiva velada para levar executivos a Cuba para participar de
grupos de trabalho. O alto escalão da República tem atuado, por assim dizer,
como lobista de primeira linha dos irmãos Castro, sem que qualquer
contrapartida benéfica para o Brasil seja posta na mesa. Mas a estratégia tem
encontrado resistência: o alto custo de instalação de indústrias na ilha e as
dificuldades de exportação de produtos, devido ao embargo econômico, tornam a
empreitada economicamente inviável. Além disso, a razão de o governo demandar
investimentos em Cuba, e não no Brasil, está cercada de pontos nebulosos.
Afinal, costurar acordos com outros países com o objetivo de estimular a
indústria nacional é agenda mais que bem-vinda para o país. Contudo, não há
lógica que justifique lançar mão do mesmo expediente para criar (mais um)
pacote de bondades para Cuba.
Em janeiro, a presidente Dilma Rousseff, o então
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e seu sucessor, Arthur Chioro — que está
à frente da pasta desde que Padilha saiu para candidatar-se ao governo paulista
pelo PT — convidaram empresários do setor farmacêutico, que ouviram da própria
presidente a intenção do governo de levar empresas brasileiras para se instalar
na Zona Especial do Porto de Mariel e desenvolver a economia local. A
estratégia é construída com base no argumento das vantagens tributárias e alfandegárias
da Zona Especial. Contudo, mesmo com todos os incentivos, empresários ouvidos
pelo site de VEJA se mostraram céticos.
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Inviabilidade econômica — Os convites vêm
confundindo o empresariado porque contrariam o próprio plano que o governo
brasileiro tem para o setor farmacêutico. "Não faz o menor sentido, pois o
Brasil já tem uma estratégia bem desenhada para o setor, que é de estimular a
indústria nacional por meio das próprias compras governamentais. O plano para
Cuba vai contra a própria política industrial", diz Dante Alário Junior,
sócio e responsável pela área de pesquisa e desenvolvimento e inovação da
Biolab. Sua empresa já recebeu vários convites para participar de eventos
promovidos pelo governo brasileiro em Cuba e investir na ilha — o último deles
ocorreu no início de junho — mas não tem interesse na empreitada porque já
investe num projeto de internacionalização nos Estados Unidos. “Cuba foi
descartada porque não temos condições de investir também lá. Não faz sentido
para a empresa", afirma.
Outro executivo do setor ouvido pelo site de VEJA,
que prefere não ter seu nome revelado, afirmou que os empresários se mantêm
descrentes em relação à viabilidade dos investimentos. “O setor farmacêutico
sempre foi cético com a possibilidade de Cuba suprir um negócio que exige alta
tecnologia”, disse. Parte do pessimismo deve-se também ao fato de as empresas
brasileiras já estarem firmando acordo com multinacionais de outros países para
produzir medicamentos (em especial os biossimilares), sobretudo americanas e
europeias. O embargo econômico a Cuba anula a viabilidade, diz o executivo,
porque impede que tais empresas consigam exportar os medicamentos produzidos na
ilha para mercados consumidores importantes, como Estados Unidos e México, que
têm proximidade geográfica.
As farmacêuticas vêm sendo procuradas há mais de um
ano para realizar investimentos em Cuba. Num primeiro momento, o contato foi
estabelecido por intermédio da Odebrecht, responsável pela construção do porto
cubano. Em 2014, o governo passou a fazer os convites, excluindo da lista as
empresas associadas à Interfarma, que são essencialmente estrangeiras.
Procurada pela reportagem, a Odebrecht disse que "apoia o acordo bilateral
entre Brasil e Cuba no desenvolvimento de medicamentos". A companhia,
inclusive, assinou um Memorando de Entendimentos com a farmacêutica cubana
Cimab para a criação de uma joint-venture na ilha. Contudo, o acordo nunca saiu
do papel.
Mesmo sem um interesse claro em investir na ilha,
as empresas são alvo de tamanha insistência do governo — em especial do
Ministério da Saúde e do Desenvolvimento — que não ousam declinar totalmente as
ofertas de negócios. “As que foram a Cuba quiseram atender a um pedido da
Presidência. É muito difícil não ir”, disse o médico e deputado federal Eleuses
Paiva (PSD-SP), que está ciente das conversas no Ministério da Saúde. “Agora,
se as indústrias forem se instalar, é porque o governo está montando situações
econômicas fantásticas”, disse o deputado. "A indústria de genéricos
acabou de construir um parque nacional. É tudo recente demais para ir a Cuba”,
disse.
De Brasília a Havana — A última reunião realizada
em Cuba ocorreu nos dias 5 e 6 de junho, liderada pelo Secretário de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha. O
encontro contou também com a participação de executivos da Eurofarma, da
PróGenéricos (Associação dos produtores de medicamentos genéricos) e de
representantes da Fiocruz e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Procuradas, as empresas participantes negaram que o encontro tenha
sido realizado com o objetivo de levar as farmacêuticas a se instalarem em Cuba.
Contudo, a pauta do encontro, à qual o site de VEJA teve acesso, mencionava a
discussão de “investimentos no Porto de Mariel”.
Comandante da missão, Carlos Gadelha é um dos nomes
do Ministério da Saúde citados nos escândalos da Operação Lava-Jato. Conduzida
pela Polícia Federal, a Operação desmontou um esquema bilionário de lavagem de
dinheiro orquestrado pelo doleiro Alberto Youssef, preso desde março e pivô dos
escândalos. O laboratório comandado pelo doleiro, o Labogen, é apontado pela
Polícia Federal como o carro-chefe do esquema de lavagem de dinheiro. Durante
as investigações, a PF interceptou conversa telefônica entre o empresário Pedro
Argese e Youssef, relacionadas à assinatura de parcerias entre o Ministério da
Saúde e empresas privadas. Em um dos trechos, Argese comenta ter conversado com
Gadelha. De acordo com a transcrição, divulgada pelo jornal O Estado de S.
Paulo, o secretário teria prometido dar todo o apoio possível para a
retomada do Labogen.
O Ministério da Saúde nega que o governo brasileiro
queira incentivar a instalação de empresas farmacêuticas em Cuba. Afirmou que o
encontro de junho teve "por objetivo o monitoramento e avaliação das
prioridades científicas, tecnológicas e de saúde pública para os respectivos
países em áreas como terapia e controle de câncer, terapia celular e
neurociências”. Em nota, afirmou ainda que o país tem cerca de vinte projetos
em andamento entre laboratórios públicos e privados brasileiros com
instituições cubanas. “Em nenhum dos projetos aprovados pelo Comitê, cabe
ressaltar, está prevista a instalação de fábricas brasileiras em Cuba.”
A pasta, contudo, não combinou a resposta com os
cubanos. Artigo extenso do jornal castrista Granma aponta o Brasil como
principal parceiro de Cuba no setor farmacêutico. Diz o texto que uma nova
etapa na cooperação entre os dois países iniciou-se após a visita a Havana da
presidente Dilma, em janeiro deste ano. E que a criação de empresas mistas
(brasileiras e cubanas) colocadas na Zona Especial do Porto de Mariel, "utilizando
tecnologia cubana e capital brasileiro", servirá para incentivar a
produção de biossimilares para "satisfazer as necessidades dos sistemas de
saúde de ambos os países e permitir a exportação conjunta a outros
mercados". O que ainda não está claro — e o governo se negou a explicar —
é a razão de se investir capital dos contribuintes brasileiros para desenvolver
a indústria de outro país. Trata-se, mais uma vez, de um presente generosíssimo
do Brasil ao regime cubano.
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