24/06/2014
Lembre-se sempre de quem você é acionista
minoritário.
No que um analista chamou de “virada
monstruosa”, as ações da Petrobras, que operavam em alta de 3% até o meio da
tarde, terminaram o dia em queda de 3,6% depois que o mercado começou a
entender a mais recente manobra do Governo envolvendo o caixa da empresa.
O Governo anunciou hoje que a Petrobras fará
o pagamento, à União, de um bônus de assinatura no valor de 2 bilhões de reais
este ano, seguido de mais 13 bilhões de reais entre 2015 e 2018 a título de
antecipação de parte do excedente em óleo do pré-sal.
Os pagamentos anunciados hoje se referem aos
volumes de petróleo que ultrapassam os limites contratados nos primeiros
contratos entre a Petrobras e a União, logo após a descoberta do pré-sal.
Na época, estimou-se que uma determinada área
do pré-sal continha ao menos 5 bilhões de barris de petróleo, e o Governo usou
aqueles barris para fazer um aumento de capital na Petrobras — contrariando os
acionistas minoritários, que tiveram que colocar dinheiro vivo na operação.
“O tamanho dos pagamentos não é um tamanho
que assuste, mas o sinal enviado ao mercado é que o Governo, mais uma vez, está
fazendo caixa em cima de uma companhia que já está apertada”, diz um gestor.
“Você pode até fazer as contas e chegar à conclusão de que isso é um bom
negócio para a companhia, mas a Petrobras ainda não retirou nem os 5 bilhões de
barris originais, e já está antecipando ao governo caixa sobre o excedente.”
A decisão de hoje, tomada no âmbito do
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) vem num momento em que as ações
da Petrobras já subiram cerca de 50% a partir das mínimas do ano, embaladas
pelo crescimento da oposição nas pesquisas eleitorais e a perspectiva de uma
gestão mais profissional da empresa.
“[A decisão do CNPE] significa mais pressão
sobre o caixa da empresa, que já está muito alavancada, e não traz nenhuma
geração de caixa no curto prazo”, diz outro analista. “É péssimo para o papel.”
As ações preferenciais da Petrobras fecharam
o dia a 17,64 reais.
Por Geraldo Samor
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