A MIP Brasil Farma, de Omilton Visconde Jr.,
estreou na semana passada com planos de faturar até R$ 70 milhões em três anos
Mônica Scaramuzzo - O Estado de S.Paulo
Pensar pequeno não
faz parte da cartilha de Omilton Visconde Júnior. Tradicional empresário do
setor farmacêutico, ele tem um talento nato para transformar seus negócios em
grandes fortunas. Assim foi com a Biosintética, laboratório criado por seu pai
nos anos 80 e vendido em 2005 para o grupo Aché. O mesmo aconteceu quando ele
próprio criou a Segmenta, uma pequena empresa produtora de soros, que depois
foi vendida a peso de ouro para a Eurofarma, e a Prevsaúde, companhia de gestão
de benefícios de medicamentos, uma das pioneiras no País, que foi parar nas
mãos da Orizon, do grupo Visanet.
Agora, a nova
aposta do empresário é a MIP Brasil Farma. A recém-criada farmacêutica está em
operação desde a semana passada para atuar no segmento de medicamentos isentos
de prescrição, um polpudo mercado que movimentou cerca de R$ 15 bilhões no ano
passado. Para comandar a companhia, Visconde Jr. chamou Wolney Alonso,
executivo com 20 anos de experiência no setor e seu sócio de longa data em
alguns de seus empreendimentos, como a Segmenta e a Entregga, consultoria
voltada para a área de saúde.
A MIP Brasil Farma
começa com um investimento relativamente baixo para os padrões farmacêuticos.
São cerca de R$ 20 milhões, o que inclui uma fábrica que deverá ser instalada
em Ribeirão Preto (SP). Mas a meta é ambiciosa: brigar com gigantes desse
setor, como a nacional Hypermarcas, a americana Johnson & Johnson e a
francesa Sanofi, que estão entre as cinco maiores do País em medicamentos
isentos de prescrição. "Não vamos entrar na disputa por genéricos nem
vamos vender analgésicos e antigripais, por exemplo, pois há mil concorrentes
nesse segmento. Vamos trazer produtos diferenciados", diz Visconde Jr.
Leia-se por
diferenciados produtos com margens atraentes e demanda crescente. O setor de
medicamentos "isentos de prescrição", também conhecido como OTC (over
the counter, na sigla em inglês), cresceu 15% nos últimos anos e deverá manter
expansão acima de dois dígitos daqui para frente. "A indústria precisa
buscar produtos inovadores", acrescenta.
A nova empresa de
Visconde Jr. já fez sua estreia com um dermocosmético, o Footner, voltado para
o tratamento dos pés. A empresa fez contrato de licenciamento com a holandesa
YouMedical. Outro lançamento, o Spotner, produto indicado para antienvelhecimento
das mãos e do rosto, será colocado à venda até maio de 2014. No mês que vem
entra no mercado o Livina, um alimento funcional que foi desenvolvido no País
pela MIP com um parceiro local.
A farmacêutica
recém-chegada tem em seu "pipeline", jargão que no segmento
farmacêutico significa a lista de produtos em desenvolvimento, oito marcas - de
dermocosméticos voltados para tratamento de micose, verrugas, pé de atleta e
cicatrização, além de antiácidos e multivitamínicos.
A meta para o
primeiro ano de operação é faturar cerca de R$ 30 milhões. Em três anos, Alonso
projeta receita de até R$ 70 milhões. Conhecido como bom farejador de negócios,
a pergunta que fica no ar é se a MIP Brasil Farma poderá mudar de mãos
futuramente. Alonso garante que não. O executivo não descarta, no entanto, a
entrada de investidores estratégicos. "Mas nem estamos pensando nisso
agora."
Como uma marca
forte é o principal ingrediente de sucesso de um medicamento isento de
prescrição (uma vez que é escolhido pelo consumidor na prateleira de uma
farmácia), o investimento do grupo em mídia será pesado. A MIP já está com
inserções no SBT para atrair um público "mais família", explica
Alonso. Mídias sociais e blogueiras também estão no radar da nova farmacêutica.
Os produtos já
começaram a ser distribuídos nas redes da Drogaria São Paulo e Pacheco nos
Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e norte da Bahia. O próximo
passo será a Região Sul do País. "O projeto é nacionalizar logo a
distribuição", diz Alonso. A Netfarma, empresa criada por Visconde Jr. com
outros quatro sócios, entre eles o dono da Netshoes, o empresário Márcio
Kumrian, também vai distribuir online os produtos da companhia.
Projeto do
zero. Construir uma farmacêutica do zero, como é o caso
da MIP Brasil Farma, não é um processo simples. Não basta apenas ter uma boa
ideia e dinheiro na mão.
A empresa foi
constituída em março do ano passado. O processo mais demorado é a submissão e
aprovação dos registros de medicamentos e produtos na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). Essa é uma etapa que costuma demorar cerca de dois anos - a
agência do governo pretende reduzir esse prazo pela metade.
Quando estiver com
a fábrica em plena operação, a MIP pretende exportar os produtos para América
Latina. "Temos o licenciamento dos produtos da YouMedical e acordo de
exclusividade de distribuição para a região", afirma Alonso. No mercado,
empresários e consultores ouvidos pelo Estado dizem que uma empresa sob
o comando de Visconde Jr. tem tudo para dar certo. A fama de "midas"
não foi atribuída a ele à toa