Por Guilherme de Souza
Existem casos em
que o melhor tratamento não está numa caixa de antibióticos, mas no intestino
de outra pessoa – foi o que aconteceu recentemente com 27 pacientes que haviam
sido infectados pela bactéria Clostridium difficile. A doença foi curada
graças a um tratamento mais prático, menos invasivo (e, convenhamos, menos
chocante) do que transplante fecal: cápsulas com bactérias intestinais,
fabricadas a partir de fezes humanas.
“Não há fezes [nas
cápsulas] – apenas bactérias”, adianta o médico e pesquisador Thomas Louie, da
Universidade de Calgary (Canadá). As amostras (vindas de um doador saudável, em
geral um parente) são processadas e purificadas, e o material restante é
embalado em cápsulas de gel que só se dissolvem ao chegar no intestino do
paciente.
Depois de tomar
antibióticos alguns dias antes (para matar os exemplares menos resistentes da C.
difficile), o paciente ingere de 24 a 34 cápsulas, repondo a flora
intestinal e combatendo as bactérias nocivas que restaram. Todos os 27 que
passaram por esse tratamento foram curados e até o momento não sofreram
reincidência da doença.
Foi o caso da
enfermeira aposentada Margaret Corbin. “[A última infeção] durou dois anos. Foi
horrível”, conta. “Eu não podia comer. Toda vez que eu comia qualquer coisa ou
bebia água, ia ao banheiro. Eu não saía, ficava em casa o tempo todo”. Ela
recorreu ao tratamento com pílulas há dois anos, e desde então não sofre com a C.
difficile – que, além do desarranjo intestinal, pode provocar enjoo e
espasmos musculares.
É possível que, no
futuro, esse tipo de tratamento seja usado para combater outras doenças do
sistema digestivo. [Medical Xpress]
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