quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Colchicina é eficaz para tratamento de primeiro episódio de pericardite

05/11/2013
Um ensaio clínico comprovou a eficácia da colchicina no tratamento do primeiro episódio agudo de pericardite e na prevenção de sintomatologia recorrente, avança a Jaba Recordati, em comunicado.


O ensaio clínico levado a cabo por investigadores italianos revela que a adição de colchicina à terapia convencional com aspirina ou glucocorticóides reduziu para metade a taxa de recorrência após primeiro episódio de pericardite aguda.
A colchicina já era usada com sucesso no tratamento da pericardite recorrente, mas este estudo científico veio comprovar resultados conclusivos quanto ao uso desta substância logo no primeiro episódio agudo de pericardite.

Os autores do ensaio propuseram-se, num estudo multicêntrico com dupla-ocultação, avaliar, em adultos, o impacto da colchicina (na dose de 0,5 mg bid, durante três meses para doentes com mais de 70 Kg ou 0,5 mg od, durante três meses com peso inferior a70 Kg) ou placebo em conjunto com a convencional medicação de aspirina ou ibuprofeno, na persistência ou recorrência da pericardite.

Foram envolvidos 240 doentes (metade em cada grupo de estudo). O evento primordial ocorreu em 20 doentes (16.7%) no grupo da colchicina e em 45 (37.5%) no do placebo (redução relativa de risco de 0.56 (44 %), para um intervalo de confiança de 95%, aos 18 meses. O número de doentes que é necessário tratar para obter o benefício em avaliação é de quatro, p < 0.001.

A colchicina reduziu a taxa de persistência de sintomas até às 72 horas (19.2% vs. 40.0%), o número de recorrências por doente e a taxa de hospitalização (5.0% vs. 14.2%). A colchicina melhorou também a taxa de remissão na primeira semana (85.0% vs. 58.3%).

Globalmente os eventos adversos e as taxas de descontinuação da medicação em estudo foram similares aos do grupo placebo. Não se observaram eventos adversos graves.

Os autores concluem assim que “em doentes com pericardite, a colchicina, quando adicionada à terapêutica anti-inflamatória clássica, reduz de forma estatisticamente significativa a persistência ou recorrência de pericardite.”

 

Enquadramento

A pericardite é a inflamação sintomática do pericárdio, de início súbito, com sintomas com a duração de menos de duas semanas. A real prevalência de pericardite é desconhecida, no entanto pode ser responsável por 1% das idas às urgências por dor torácica. As causas de pericardite são múltiplas. Uma infecção viral constitui a causa mais comum de pericardite nos EUA. A pericardite viral é geralmente precedida por uma infecção do trato respiratório superior e é tipicamente uma doença autolimitada que pode ser diagnosticada por testes serológicos de titulação de anticorpos antivíricos.

A pericardite pode resultar em exsudado fibrinoso, efusão pericárdica ou tamponamento cardíaco, potencialmente fatal. Várias doenças sistémicas, nomeadamente auto-imunes, podem dar origem a pericardite ou efusão pericárdica.

OS AINES são a base terapêutica de tratamento, aliviando a dor do peito em 85 – 90% dos doentes em poucos dias. O tratamento deve prosseguir entre 7 a 14 dias, com o intuito de tentar prevenir as recorrências que se situam na casa dos 30 a 50% dos casos. A colchicina, em monoterapia ou em combinação com um AINE, é comummente usada em doentes com sintomas persistentes ou recorrentes, para além dos 14 dias.
 

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