Por que
a pressa? Por que mais esse atropelo? Já não bastava o fato de lideranças do PT
terem sido condenadas sem prova?
publicado
17/11/2013
Agência Brasil
Ficou
evidente a manobra eleitoral embutida na decisão do STF, de antecipar a
prisão dos condenados no “Mensalão” nesse 15 de novembro. A maior parte dos
juristas concorda que o normal seria esperar o “trânsito em julgado”; ou seja,
só depois dos embargos infringentes (que devem ser julgados no fim do
primeiro semestre de 2014) é que as prisões deveriam ser executadas.
Pimenta Neves, assassino confesso, só foi
para a prisão depois de todos os recursos esgotados. Para os líderes petistas,
a regra não valeu.
Por que a pressa? Por que mais esse atropelo?
Já não bastava o fato de lideranças do PT terem sido condenadas sem prova, como
afirmou Ives Gandra Martins (que não tem nada de petista) sobre a condenação de
Dirceu? Há quem diga que o governo Dilma teria se empenhado na aceleração do
processo: interessaria a ela “liquidar’ agora esse assunto, para não criar
“embaraços” durante o período eleitoral. Não descarto essa possibilidade (ainda
mais num PT e num governo absolutamente dominados pelo pragmatismo). Mas há
outras hipóteses.
Por que Barbosa suspendeu a sessão de
quinta-feira 14, em que o colegiado do STF avaliaria a decisão do dia
anterior? Ora, porque era preciso que Barbosa faturasse sozinho as prisões.
Executadas em 2014, as prisões poderiam gerar
algum alvoroço eleitoral – sim. Mas talvez surgissem tarde demais, do
ponto de vista de uma oposição que precisa de um terceiro
candidato para levar o pleito presidencial ao segundo turno. Está
claro, claríssimo, que Joaquim Barbosa (e seus aliados midiáticos) contam com
essa hipótese. Juizes têm a prerrogativa de se filiar a partido político até
seis meses antes da eleição (abril/maio de 2014, portanto).
Se as prisões ocorressem em julho/agosto de
2014, haveria duas possibilidades: ou Barbosa estaria nesse momento
vinculado ao STF, sem poder “faturar” as prisões. Ou já se teria lançado
candidato em abril/maio, perdendo a chance de usar politicamente o espetáculo
judicial/midiático. As prisões agora dão-lhe o tempo necessário para
faturar e avaliar politicamente o quadro.
Hoje, com Aécio e
Eduardo Campos, a oposição não conseguiria levar a eleição ao segundo turno.
Ah, mas Marina pelo PSB seria candidata forte, e poderia
encampar o discurso moralista (Aécio não pode, pelos telhados de vidro
mineiros). Ok. Só que há um risco em contar com isso: Eduardo
controla o partido, e mesmo com 10% ou 15% nas pesquisas
(contra 20% ou 25% de Marina) pode forçar uma candidatura, deixando Marina de
fora. Eduardo não se importa em ganhar ou perder agora; precisa é
nacionalizar seu nome, pensando em 2018.
Por isso, a opção Joaquim Barbosa ganha força.
Não tenham dúvida: ele estará nas próximas pesquisas (especialmente no
Datafolha) como opção… Barbosa pode fazer o discurso do moralismo, e tem a imagem
do “homem negro que veio de baixo e venceu o preconceito”. Talvez
tire votos de Aécio, mas tira algo de Dilma também.
Não creio (e certamente os tucanos e seus
aliados midiáticos também não acreditam) que Barbosa tenha capacidade para
ir a um segundo turno. Mas se conquistar algo em torno de 10% ou 15%
dos votos (Aécio deve obter algo em torno de 20% ou 25%, e Eduardo cerca
de 15%) , Barbosa pode significar o empurrão de que os tucanos
precisam para conseguir um segundo turno.
Ah, mas Barbosa não tem estrutura nem
palanques regionais. Não precisa. Basta um partido médio ou pequeno (PTB ou
PPS), que lhe garanta dois a 3 minutos no horário eleitoral. O discurso -
com um pé no janismo e outro no autoritarismo a la Eneas – é o que basta nesse
país onde as identidades partidárias se dissolvem.
A operação Barbosa foi lançada nesse 15 de
novembro. Pode não vingar, a depender dos telhados de vidro miamescos, e das
lembranças de contextos familiares tumultuados e algo violentos no passado. Mas
o juiz que condena sem provas ficará no banco de reservas – para atender aos
apelos de uma classe média sedenta por superheróis do falso moralismo.
Pode-se dar ao luxo de esperar. A depender
das pesquisas, sobe mais o tom ali por abril ou maio. E aí sim vem –
oficialmente – para a disputa política, onde já ocupa lugar de destaque usando
(e abusando) da tribuna judicial.
Nota de C&T:
Não tenho dúvida que o autor do texto advoga a favor de Dirceu e Genoíno excluindo-os do grupo dos demais condenados, aqueles sim são culpados, estes não. Houve condenação sem provas? Condenação sem provas é o mesmo que ditadura, exclusão do direito de defesa, abuso de autoridade e outros crimes não menos grave do que os crimes inclusos no mensalão. Como fica os mensalões que se quer foram denunciados? A quem interessa tamanha rapidez para executar as prisões, mesmo sabendo que os crimes, se é que eles existem, são antigos? Não acredito que "Barbosão" esteja montado em seu alazão de espada na mão para conquistar a cadeira presidencial, mas que me parece existir gente maquiavélica trabalhando nos bastidores para que nada mude o atual cenário, eu acredito nisso...
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