09/07/2013
- 07:00
Extra
Ao
segurar firme o canudo de Bacharel em Direito do Centro Universitário Metropolitano
de Guarulhos (SP), de beca preta e chapéu de formando, Eduardo Próspero
repassou, em segundos, cada momento que vivera até aquele 1 de fevereiro de
2013. Errou feio quem disse que o rapaz de 23 anos, portador de uma doença rara
incurável, não conseguiria. Talvez aqueles diplomas não mudassem a vida de
todos ali. Mudou a dele.
Os portadores de
mucopolissacaridose do tipo VI, diagnóstico recebido por Dudu ao nascer, não
produzem uma substância fundamental para o desenvolvimento e funcionamento de
alguns órgãos.
Dudu parou de crescer ainda
criança, ficando bem abaixo da altura da maioria das pessoas. Perdeu a visão e
chegou a ficar surdo — a audição hoje foi restabelecida. Tem problemas
cardíacos. E toda semana, na tentativa de frear o avanço da doença, faz um
tratamento que o cansa tanto quanto uma quimioterapia.
— Todo mundo tem uma coisa boa
para oferecer — ensina, enquanto se prepara para o exame da Ordem dos Advogados
do Brasil.
O futuro advogado quer oferecer
muito. Em seu blog, o Dudu e Amigos, conta histórias de portadores, faz
campanhas e dá as últimas notícias sobre pesquisas clínicas. Uma delas em
especial interessa a ele, que espera voltar a enxergar, caso a ciência consiga
usar células-troncos (que se regeneram) nos tecidos do olho lesionado pela
mucopolissacaridose.
A lentidão do governo
brasileiro em autorizar pesquisas clínicas para novos medicamentos não tem sido
favorável a pacientes de doenças raras, que esperam três vezes mais que a média
mundial para tê-los no mercado. O EXTRA mostrou desde domingo as dificuldades
enfrentadas por Dudu e cerca de 13 milhões de brasileiros, que apostam na
ciência e não têm tempo a perder.
Pacientes, médicos e a
indústria de pesquisa fazem coro ao criticar a lentidão do governo em aprovar
pesquisas. A bióloga Greyce Louzana, diretora da Sociedade Brasileira de
Profissionais em Pesquisa Clínica, lembra que o país tem perdido pesquisas para
outros países, cujos comitês de ética são ágeis.
— Somos sérios nessa questão, e
isso é importante, mas muitas vezes, por pura burocracia, perdermos
oportunidades de ouro — critica.
País perde pesquisas
para outros países
Antes de entrar no mercado
brasileiro, qualquer medicamento depende da concessão de um registro na Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), encarregada de comprovar requisitos
como segurança e eficácia do produto. A verificação pela agência deveria ser
feita em 90 dias. Mas, segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de
Pesquisa, os laboratórios têm levado dois anos até o registro.
O aposentado Aladir Cândido da
Silva, de 59 anos, começou a ter coceiras em 2012, foi investigar e descobriu
que tinha pitiríase rubro pilar, uma doença que faz sua pele descamar em
segundos. Ele espera participar de uma pesquisa que busca desenvolver uma vacina
para controlar a queda da pele:
— Todo dia repito o mantra:
‘vou conseguir a vacina, vou conseguir a vacina’. Tenho certeza que vou.
A decisão de participar de
pesquisas é de cada paciente e de sua família. Os riscos fazem a bióloga Greyce
Louzana ponderar com todos.
— É uma decisão difícil, mas
pode mudar uma vida.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/lentidao-de-governo-em-aprovar-pesquisas-clinicas-mina-esperanca-de-pacientes-de-doencas-raras-8966821#ixzz2Yk0gOafg
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