Postado por Dikajob News em 13 maio
2014 às 12:00
Em um relatório pioneiro, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) anunciou hoje que as infecções bacterianas que não podem
ser tratadas com antibióticos de último recurso surgiram em todas as partes do
mundo. Isto significa que os pacientes que forem infectados pela bactéria E.
coli, por estafilococos ou contraírem pneumonia não têm uma forma eficaz de
controlar suas doenças. Em alguns países, mais da metade das pessoas infectadas
com a bactéria da K. pneumonia não responderá a carbapenemas (uma classe de
antibióticos beta-lactâmicos com um largo espectro de atividade antibacteriana).
Um percentual semelhante de pacientes com infecções de E. coli não será ajudado
ao tomar antibióticos de fluoroquinolonas (um dos tipos de antibióticos mais
tóxicos atualmente em uso).
Resistência a antibióticos pode causar desastre “apocalíptico”
Resistência a antibióticos pode causar desastre “apocalíptico”
O crescimento de cepas de bactérias
resistentes significa que as infecções etsão mais difíceis ou impossíveis de
controlar, o que poderia levar à rápida propagação de doenças e maiores taxas
de mortalidade, especialmente entre pacientes de hospital. Entretanto, ainda
mais preocupante, dizem os especialistas como Martin Blaser – diretor do
programa de microbioma humano no Centro Médico Langone da Universidade de Nova
York (EUA) e autor do livro “Missing Microbes” – é a forma como estes
antibióticos estão afetando a composição de boas e más bactérias que vivem
dentro nós, o nosso microbioma.
“O primeiro grande custo dos antibióticos é a resistência”, diz. “Porém, o outro lado da moeda é o fato de que os antibióticos estão extinguindo o nosso mocrobioma e alterando o desenvolvimento humano”.
Blaser afirma isso com base em pesquisas crescentes que mostram que os trilhões de bactérias que vivem em nossos corpo desempenham um papel fundamental na nossa saúde. As bactérias e micróbios não são sempre inimigos de um corpo saudável. Eles podem ser aliados como quando nos ajudam a digerir alimentos, combater bacilos causadores de doenças e muito mais.
“O primeiro grande custo dos antibióticos é a resistência”, diz. “Porém, o outro lado da moeda é o fato de que os antibióticos estão extinguindo o nosso mocrobioma e alterando o desenvolvimento humano”.
Blaser afirma isso com base em pesquisas crescentes que mostram que os trilhões de bactérias que vivem em nossos corpo desempenham um papel fundamental na nossa saúde. As bactérias e micróbios não são sempre inimigos de um corpo saudável. Eles podem ser aliados como quando nos ajudam a digerir alimentos, combater bacilos causadores de doenças e muito mais.
Os primeiros estudos sugerem que diferentes
comunidades de bactérias no intestino, por exemplo, podem afetar o nosso risco
de obesidade e de desenvolver certos tipos de câncer. Outro trabalho intrigante
sugere que bebês nascidos por via vaginal, expostos à flora do trato
reprodutivo da mãe, podem desenvolver diferentes sistemas imunológicos que os
prepara melhor para combater os alérgenos em comparação com aqueles que nascem
via cesariana. Mas o cientista adverte que o uso excessivo de antibióticos está
lentamente acabando com as boas bactérias e isto pode ter consequências graves
para a saúde pública daqui a alguns anos.
O relatório da OMS destaca como as decisões
individuais sobre a prescrição de antibióticos podem ter consequências
generalizadas, até mesmo globais. “Se eu prescrever um medicamento para o
coração de um paciente, este remédio vai afetar aquele paciente”, explica Blaser.
“Porém, se eu prescrever um antibiótico, este antibiótico vai afetar toda a
comunidade de alguma forma. E o efeito é cumulativo”.
O primeiro passo para reverter esta situação,
afirmam especialistas em saúde pública, é reduzir o nosso excesso de prescrição
de antibióticos para infecções menores que não necessariamente os exigem – isto
se aplica tanto a pessoas, quanto a animais para produção de alimentos, tais
como aves e gado. Assim como os seres humanos, os animais podem abrigar e
passar bactérias resistentes aos medicamentos, e a ampliação do uso de
antibióticos na agricultura nos últimos anos tem contribuído para o crescimento
de bacilos mais agressivos. Em casa, as pessoas podem se abster de utilizar
sabonetes antibacterianos, que também ajuda as bactérias a se tornarem mais
resistentes.
“O que precisamos urgentemente é de um plano
mundial contínuo de ação que prevê o uso racional destes medicamentos para que
antibióticos de qualidade garantida alcancem aqueles que precisam deles, mas
que não estejam obsoletos pelo uso em excesso ou com preços fora de alcance”,
aponta Jennifer Cohn, diretora médica da Campanha de Acesso do Médicos Sem
Fronteiras.
Isso também pode ajudar a proteger os nossos
microbiomas, que por sua vez poderiam retardar o aparecimento de doenças
crônicas, como obesidade, câncer e alergias. Como os resultados da OMS mostram,
a resistência aos antibióticos é agora um problema de todos. [Time, OMS,
Richard Dawkins]
Autor: Jéssica Maes
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