O mercado de drogas para tratamento de doenças
fatais do pulmão forma uma nova concorrência à medida em que a doença atinge um
crescente número de pessoas
Makiko Kitamura,
Fumante: a
Novartis AG pretende convencer os médicos de que seu novo medicamento Ultibro é
melhor que o sucesso Advair, da GlaxoSmithKline
Londres - Há uma
nova concorrência se
formando no mercado de US$ 10 bilhões de drogas para tratamento de doenças fatais do pulmão à
medida que o crescente número de fumantes nos mercados emergentes empurra a
demanda.
A Novartis AG
pretende convencer os médicos de que seu novo medicamento Ultibro para doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é melhor que o sucesso Advair, da
GlaxoSmithKline Plc, usado também para tratar asma. A Glaxo, por sua vez,
desenvolveu novos produtos antecipando-se ao dia em que o Advair enfrentar a
concorrência de cópias genéricas.
A doença, também
conhecida como tosse de fumante, mata uma pessoa a cada 10 segundos e se
tornará a terceira maior causa de morte em todo o mundo até 2030, segundo a
Organização Mundial da Saúde e a Glaxo, com sede em Brentford, no Reino Unido.
As condições conhecidas como bronquite crônica e enfisema também são incluídas
no diagnóstico de DPOC. Apesar de a asma afetar mais pessoas em todo o mundo,
ela não mata na escala da DPOC, segundo a OMS.
“A doença está
massivamente lá fora”, disse Richard Russell, especialista em DPOC do Hospital
Wexham Park, no sudeste da Inglaterra, que diz que vê seis ou sete novos
pacientes toda semana. “Ainda estamos recebendo novos pacientes todo o tempo
com a doença avançada e sem nunca ter recebido tratamento”.
‘Epidemia global’
O mercado para
medicamentos contra a DPOC pode subir para US$ 14 bilhões em 2018, de US$ 10
bilhões neste ano, estimam analistas da Citigroup Inc. Incluindo asma, o
mercado respiratório totalizará mais de US$ 30 bilhões, segundo o Bloomberg
Industries.
Cerca de 65
milhões em todo o mundo têm DPOC moderada ou severa, segundo a OMS. As taxas
atuais de fumantes na China sugerem uma população futura de pacientes de ao
menos 75 milhões, estima o Bloomberg Industries.
A DPOC é uma epidemia global e um
problema em crescimento tanto no mundo desenvolvido quanto nos mercados
emergentes”, disse David Morris, chefe global da Novartis em cuidados de saúde,
incluindo doenças respiratórias. “Nós vemos isso como um investimento
sustentado”.
Vendas do Advair
O órgão regulador da União Europeia
recomendou, em 26 de julho, que a Comissão Europeia aprove o Ultibro para DPOC.
A comissão normalmente segue o conselho do regulador. A Novartis, com sede em
Basileia, Suíça, disse que tem planos para entrar com pedido de aprovação nos
Estados Unidos até o final do ano que vem.
O Advair, comercializado como Seretide
na maioria dos países fora dos EUA, foi o medicamento mais vendido da Glaxo no
ano passado, com 5,05 bilhões de libras (US$ 8 bilhões) em vendas, divididos
quase igualmente entre asma e DPOC.
O Spiriva, da Boehringer Ingelheim
GmbH, segunda droga mais prescrita para DPOC, teve vendas de 3,6 bilhões de
euros (US$ 4,7 bilhões) no ano passado. Os pacientes normalmente tomam Advair
ou Spiriva ou os dois. O Symbicort, da AstraZeneca Plc, teve US$ 3,2 bilhões em
vendas no ano passado.
A demanda latente também subsiste
graças à relutância dos fumantes em ir ao médico por causa de suas condições,
disse Russell.
Paciente da Advair
“Eles não querem vir até nós porque
eles acham que serão atormentados por fumar”, disse ele. “O conceito global de
tratamento antecipado e diagnóstico ainda está em sua infância”.
A patente do Advair expirou em 2010 nos
Estados Unidos, o maior mercado de medicamentos do mundo. Uma patente separada
do acessório Diskus, usado para inalar o remédio, permanece em vigor até 2016.
Copiar o Advair e seu acessório de uso
será difícil, mas a Sandoz, divisão de genéricos da Novartis, provavelmente
será a primeira em consegui-lo, seguida pela Actavis Inc. e pela Mylan Inc.,
segundo analistas da Sanford C. Bernstein Co.
Como resultado, a Glaxo e competidores
têm corrido para desenvolver novos produtos. Alguns da Novartis, da Glaxo e da
Almirall SA conseguiram aprovação regulatória recentemente.
“Se não há benefício clínico óbvio em
relação a tratamentos existentes e não há redução significativa sobre os
custos, então todas essas drogas terão dificuldades”, disse Russell, que presta
consultoria para farmacêuticas como a Glaxo, a Novartis, a Boehringer e a
Almirall.
Decisão sobre o Anoro
O Anoro, da Glaxo, provavelmente irá
liderar o mercado de terapia de combinação, com as vendas atingindo US$ 1,7
bilhão em 2020, segundo a estimativa média de seis analistas consultados pela
Bloomberg. A Ultibro, cujas vendas podem chegar a US$ 1,05 bilhão em 2020, pode
ser afetada pelo acessório Breezhaler, que precisa ser carregado com uma nova
cápsula após cada uso, em comparação com o acessório multidose Ellipta, da
Anoro, segundo analistas.
A Boehringer e a Almirall também estão
desenvolvendo suas próprias combinações, que provavelmente chegarão ao mercado
até 2015, segundo o Citigroup.
“Existe uma necessidade por esses novos
tratamentos? Com certeza”, disse John Hurst, professor de medicina respiratória
na University College London. “É uma doença altamente incidente e, apesar dos
melhores tratamentos disponíveis que temos hoje, os pacientes permanecem
sintomáticos”.
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