quinta-feira, 26 de
setembro de 2013 19:43 BRT
Por Jeb Blount
Nota de C&T: Como é grande este
Brasil. A riqueza é nossa vocação, o patriotismo e a seriedade são itens a
serem desenvolvidos e amadurecidos.
Por Jeb Blount
RIO DE JANEIRO, 26
Set
(Reuters) - Uma campanha exploratória na costa de Sergipe mostra que uma área
controlada pela Petrobras e um parceiro indiano possivelmente possui mais de um
bilhão de barris de petróleo, disseram à Reuters fontes do governo e da
indústria, reforçando esperanças de que a região se tornará em breve a maior
nova fronteira petrolífera do país.
A Petrobras e a IBV Brasil, uma joint venture
igualmente dividida entre as indianas Bharat Petroleum (BPCL) e a Videocon
Industries, avaliaram que o bloco marítimo de exploração SEAL-11 contém grandes
quantidades de gás natural e petróleo leve de alta qualidade, segundo cinco
fontes do governo e da indústria com conhecimento direto sobre os resultados da
perfuração.
O bloco SEAL-11 e suas áreas adjacentes, a
100 quilômetros da costa do Estado de Sergipe, podem conter mais de 3 bilhões
de barris de petróleo "in situ", segundo duas das fontes. Se
confirmada, a descoberta seria uma das maiores do ano no mundo. A Petrobras
detém 60 por cento do SEAL-11, enquanto a IBV possui 40 por cento.
A Petrobras tem apostado, desde que comprou
os direitos de perfurar a área há uma década, que as águas de Sergipe possuem
grandes quantidades de petróleo e gás. Como operadora do bloco, a Petrobras
registrou descobertas na área junto à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP) nos últimos anos, conforme é exigido por lei, mas ainda
tem que anunciar suas estimativas sobre o tamanho potencial da reserva. A
última perfuração deixa claro o quão grande a descoberta pode ser, disseram as
fontes.
A área, onde a Petrobras está agora
perfurando poços de avaliação, também oferece a oportunidade de aumentar a
produção brasileira, com reservas de perfuração mais fácil e barata do que no
pré-sal, gigantesca reserva em águas profundas, no litoral do Sudeste
brasileiro. A primeira produção em SEAL-11 e suas áreas adjacentes é esperada
para 2018, disse a Petrobras em nota.
"Sergipe, sem dúvidas, tem um grande
potencial e excelentes perspectivas", disse à Reuters uma fonte do governo
brasileiro com conhecimento direto sobre as descobertas da Petrobras e da IBV e
de seus planos de desenvolvimento. "Eu diria que Sergipe é a melhor área
do Brasil em termos de perspectiva depois do pré-sal."
Pré-sal é o nome dado a uma série de reservas
de petróleo preso muito abaixo do leito marinho, sob uma camada de sal, nas
Bacias de Campos e Santos.
As estimativas e perspectivas sobre Sergipe
às quais a Reuters teve acesso se baseiam em pelo menos dez indícios de
petróleo e gás em sete poços, conforme comunicados enviados à ANP desde 16 de
junho de 2011.
Em respostas enviadas por email, a Petrobras declinou
dizer quanto petróleo estima haver em SEAL-11 e seus blocos adjacentes, mas
disse que 16 poços perfurados desde 2008 na região de águas profundas de
Sergipe encontraram vários acúmulos de petróleo, "que compõem uma nova
província de petróleo na região".
O número exato somente será conhecido quando os
planos de avaliação forem concluídos em algum momento de 2015, disse uma fonte
da BPCL na Índia sob condição de anonimato. Alguns especialistas da indústria
acreditam que os testes podem demorar mais, pelo fato da Petrobras estar
atualmente sobrecarregada com outros investimentos gigantescos e estar
enfrentando dificuldades para levantar fundos.
A fonte da BPCL disse que o SEAL-11 provavelmente
possui entre 1 e 2 bilhões de barris de "petróleo in situ", um termo
que inclui reservas impossíveis de recuperar e aquelas que podem ser
economicamente produzidas. O volume pode aumentar quando as reservas nos blocos
subjacentes forem incluídas.
Se a área revelar possuir 3 bilhões de barris
"in situ" ou mais, ela seria capaz de produzir 1 bilhão de barris,
com base nas taxas de recuperação do Brasil, de 25 a 30 por cento do petróleo
existente, disse um especialista do setor petrolífero com conhecimento direto
sobre o programa de perfuração.
A Petrobras e seus parceiros continuam a perfurar a
área e solicitaram que a ANP aprove 8 planos de avaliação de descoberta para a
região marítima, último passo antes do campo ser declarado comercialmente
viável.
GIGANTE OU SUPER GIGANTE?
Além SEAL-11, a Petrobras fez pelo menos mais oito
descobertas no bloco vizinho SEAL-10, que é 100 por cento de propriedade da
estatal brasileira, e mais duas descobertas no bloco SEAL-4, com 75 por cento
detidos pela Petrobras e 25 por cento pela indiana Oil & Natural Gas Corp
(ONGC), segundo dados da ANP.
As descobertas não indicam, necessariamente, que há
petróleo ou gás em quantidades comerciais. Todo óleo e gás encontrados durante
perfurações, por mais insignificantes, devem ser comunicados à ANP.
A relutância da Petrobras para estimar as reservas
no campo de Sergipe não é incomum na indústria do petróleo, onde muitas
empresas só confirmam as estimativas de reservas após extensas perfurações.
Tal atitude, no entanto, contrasta com a avidez das
autoridades brasileiras em enaltecer a área super gigante de Libra, no pré-sal
da Bacia de Santos. Em maio a ANP disse que Libra possui de 8 a 12 bilhões de
barris de óleo recuperável, com base na perfuração de um único poço. O governo
planeja leiloar os direitos de produção em Libra, maior descoberta petrolífera
do Brasil, em 21 de outubro.
Caso a descoberta de Sergipe seja confirmada, o
petróleo e o gás encontrados em SEAL-11 podem se tornar a primeira descoberta
brasileira "super gigante" (na casa dos bilhões de barris) fora da
região do pré-sal, onde Libra está localizada.
Recentes perfurações também sugerem que um campo
gigante de gás natural pode se estender para muito além de SEAL-11, com gás
suficiente para suprir todas as necessidades atuais do Brasil "durante
décadas", disse uma das fontes.
Mesmo que o volume recuperável em Sergipe fique na
categoria "gigante", ou seja, na faixa das centenas de milhões de
barris, a área ainda seria a primeira grande descoberta marítima no Nordeste do
Brasil, uma das regiões mais pobres do país.
"A descoberta é muito grande, e caso seja
desenvolvida poderia transformar a economia do nosso Estado e da nossa
região", disse à Reuters o subsecretário de Desenvolvimento Energético do
governo de Sergipe, José de Oliveira Júnior.
Oliveira Júnior disse que não poderia dar uma
estimativa do tamanho das reservas em SEAL-11, mas que elas são tão grandes que
a Petrobras teria dito ao governo que provavelmente não será capaz de
considerar o desenvolvimento da área por cerca de seis anos.
Autoridades em Sergipe estão ansiosas para desenvolver
a área rapidamente. Petróleo há muito tempo tem sido produzido no Estado,
principalmente em terra, mas os volumes são pequenos. A produção mensal em
Sergipe é menor do que os maiores campos brasileiros produzem em uma questão de
horas.
Os frutos da descoberta, no entanto, podem levar
anos para chegar até os acionistas e residentes de Sergipe, apesar de sua
proximidade da costa, da qualidade do óleo e de os reservatórios de menor
complexidade sugerirem que seria mais barata para desenvolver do que os campos
gigantes do pré-sal, disseram as fontes.
Situada em áreas com rochas mais porosas e
permeáveis, o óleo leve poderia ser relativamente mais fácil de ser extraído em
relação ao petróleo do pré-sal, mais pesado e preso em rochas mais compactas,
disse uma fonte da indústria no Brasil.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier no Rio
de Janeiro, Prashant Mehra em Mumbai e Nidhi Verma em Nova Délhi)
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