Por Benito Pepe em 26/09/2013
Os gêmeos Cosme e Damião nasceram no século III por
volta dos anos 260 d.C. na região da Arábia e viveram na Ásia Menor, no
Oriente. Desde muito jovens ambos manifestaram um enorme talento para a
medicina, profissão à qual se dedicaram após estudarem e diplomarem-se na
Síria. Tornaram-se profissionais muito competentes e dignos, e foram trabalhar
como médicos e missionários na Egéia.
Quando é comemorado o dia de São Cosme e Damião?
A Igreja Católica promulga que esses santos são
protetores das crianças, dos gêmeos e padroeiros dos médicos. Tiveram seus
nomes incluídos no cânon da missa e são invocados como protetores contra as
doenças do corpo e da alma. Há uma basílica dedicada a eles, construída a
pedido do papa Félix IV, entre 526 e 530. A solenidade de consagração da
basílica ocorreu num dia 26 de setembro e assim, Cosme e Damião passaram a ser
festejados pela Igreja Católica nesta data.
A Umbanda e as religiões afro-brasileiras, entre
elas: Cadomblé, batuque, Xangô do nordeste e xambá, celebram essa data no dia
27 de setembro. Mas é bom lembrar que nestas religiões não se trata de Cosme e
Damião. Através do sincretismo religioso, muito forte no Brasil, as religiões
Afro-brasileiras atribuem aos santos católicos Cosme e Damião os nomes de
divindade ibejis – divindade gêmea da vida, protetor dos gêmeos (twins). Ou
orixás-meninos (Ibejis ou Erês) da tradição africana Yorubá. Esse fato ocorreu
a partir da escravidão no Brasil. Para burlar a vigilância de seus senhores,
passaram a associar suas entidades aos santos católicos, é isso o que chamamos
de sincretismo.
Um pequeno “histórico”!
Há relatos que dizem que Cosme e Damião não teriam
existido e que seriam uma adaptação de alguns deuses da mitologia grega, no
entanto esta tese é refutada pelos que acreditam na real existência dos santos
gêmeos. É interessante também observar que estes santos são chamados por
diversas “seitas” como se fossem oriundos do paganismo, ou seja, não cristãos.
Essa observação é facilmente refutada tendo-se em vista que foi justamente por
serem cristãos e estarem preocupados em converterem os pagãos, que Cosme e
Damião foram perseguidos pelos romanos e martirizados.
Na época em que Cosme e Damião viveram era normal a
população acreditar em várias divindades simultaneamente. Também era comum as
pessoas adorarem astros e fenômenos da natureza. Sol, vento e chuva eram
considerados manifestações divinas. Os “meninos”, porém, não confiavam muito
nessa crença…
A mãe deles, Teodora, logo percebeu a movimentação
e questionou o que estava acontecendo com os filhos. Os meninos eram órfãos de
pai, um mercador árabe que morrera quando ainda eram bebês. Os meninos não
tinham conhecimento sobre os ensinamentos do messias. Mesmo assim, os gêmeos
passaram a invocar o nome desse “pai de todos” para curar animais. Como deu
certo, eles começaram a fazer o mesmo com crianças doentes da vila onde
moravam. Bastava um toque ou algumas palavras para que curassem os amigos.
Criados pela mãe com ajuda da família, os gêmeos contaram a ela o que haviam
descoberto. Carinhosa, Teodora prometeu ajudá-los a descobrir quem era o
criador do mundo.
No Brasil, o culto aos santos teve início em 1535,
quando foi erguida a primeira igreja católica do país, em Igarassu (PE), que
recebeu o nome de São Cosme Damião.
No Rio de Janeiro há vários locais em que se fazem
festas para as crianças e distribuem-se doces e brinquedos. Muitos o fazem com
organização através de senhas (uma espécie de convite) que são entregues
antecipadamente, outros distribuem os doces e/ou brinquedos em suas residências
ou trabalhos solicitando a formação de uma fila. Há quem prefira distribuir de
dentro do seu carro, vão passeando e encontrando-se com as crianças que estão
pelas ruas, aí entregam os saquinhos de doces. Enfim, há uma quantidade imensa
e diversificada de se distribuir ou organizar festas para as crianças nestes
dias.
Na Bahia, principalmente em Salvador, seu dia é
comemorado fazendo-se uma festa, doando-se doces, balas e presentes e o famoso
caruru (comida típica baiana) às crianças carentes.
Cosme e Damião são muito cultuados não só pelo povo
fluminense e baiano mas também em outros Estados do Brasil, como Pernambuco.
Tendo suas promessas estendidas por sete anos é muito comum fazerem a festa da
mesa onde sete crianças ou multiplos de sete (quatorze, vinte e um, etc)
sentam-se ao redor de uma mesa farta para comer diversos tipos de doces,
cajuzinhos, Maria-mole, doce de leite, etc e o famoso carurú e receberem
presentes.
Eram médicos, mas não cobravam por seus
atendimentos.
Amavam a Cristo com todo o fervor de suas almas, e
decidiram atrair pessoas ao Senhor Deus através de seu serviço. Por isso, não
cobravam pelas consultas e atendimentos que prestavam, e por esse motivo eram
chamados de “anárgiros”, ou seja, “aqueles que são inimigos do dinheiro / que
não são comprados por dinheiro”. A riqueza que almejavam era fazer de sua arte
médica também o seu apostolado para a conversão dos perdidos, o que, a cada
dia, conseguiam mais e mais. Seus corações ardiam por ganhar vidas, e nisto se
envolveram através da prática da medicina. Inspirados pelo Espírito Santo,
usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos. Confiando sempre no poder da
oração, operaram verdadeiros milagres, pois em nome de Jesus curaram muitos
doentes, vários desses à beira da morte. Cosme e Damião possuíam uma revelação
clara do chamado que tinham como ministros do Evangelho, chamado que cumpriam
no cotidiano da rotina profissional, ministrando Cristo através de seu
trabalho.
Foram assassinados na época do império romano com a
acusação de feitiçaria, pois operavam curas milagrosas e devido ao fato de não
se prostrarem diante de outros deuses, o governo imperial ordenou a prisão dos
dois médicos, acusados de acérrimos inimigos dos deuses pagãos. Foram jogados
de um despenhadeiro. Em outras versões ouve-se que tentaram matá-los de várias
formas, mas não conseguiram. Por fim foram degolados. Entre seus milagres estão
a cura e a materialização (após a morte) para ajudar crianças vítimas de
violência. Assim, morreram como mártires de Cristo em 303 d.C, aproximadamente.
Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. Ao gêmeo
Acta é atribuído o milagre da levitação e ao gêmeo Passio a tranquilidade da
aceitação do seu martírio.
Como vimos são amplamente festejados na Bahia e no
Rio de Janeiro, onde sua festa ganha a rua e adentra aos barracões de candomblé
e terreiros de umbanda, nesses dias de setembro, quando crianças saem aos
bandos pedindo doces e esmolas em nome dos santos.
Uma característica marcante na Umbanda e no
Candomblé, em relação às representações de Cosme e Damião, é que junto aos dois
santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é
chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de até sete (7)
anos de idade, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade. Nas
festas das tradições afro-brasileiras, enquanto as crianças se deliciam com a
iguaria consagrada, os adultos ficam em volta entoando cânticos (oríns) aos
orixás.
Como se pôde perceber é antagônico ver a total
profanação dos Princípios Eternos pelos quais os gêmeos árabes morreram. Nunca
Cosme de Damião deram-se aos ídolos e jamais praticaram magia ou ocultismo,
embora tenham sido acusados de fazê-lo. E por isso foram presos e assassinados.
Eles foram cristãos fiéis até o fim de suas vidas amaram a Deus sem medida e
sem restrições manifestaram Jesus diariamente e assim, ganharam inúmeras almas
ao Senhor, através do amor e da pregação.
Para finalizar termino com a oração atribuída a São
Cosme e Damião:
São Cosme e Damião, que por amor a Deus e ao
próximo vos dedicastes à cura do corpo e da alma de vossos semelhantes,
abençoai os médicos e farmacêuticos, medicai o meu corpo na doença e fortalecei
a minha alma contra a superstição e todas as práticas do mal.
Que vossa inocência e simplicidade acompanhem e
protejam todas as nossas crianças. Que a alegria da consciência tranqüila, que
sempre vos acompanhou, repouse também em meu coração. Que a vossa proteção
conserve meu coração simples e sincero, para que sirvam também para mim as
palavras de Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino do
Céu”.
São Cosme e Damião, rogai por nós. Amém
.
Abraços do Benito Pepe.
Artigo publicado originalmente no site http://www.benitopepe.com.br
*Benito Pepe é empresário, administrador, filósofo,
astrônomo amador, colunista, palestrante, facilitador e professor. Com Pós
graduações em: Administração Estratégica de Empresas; Marketing; Filosofia
Antiga e Filosofia Contemporânea.
Fonte:
http://www.debatesculturais.com.br/cosme-e-damiao-quem-foram-estes-santos/
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