Pasta de trabalho (a catarina). Companheira inseparável do Propagandista. |
Com o passar do tempo tenho
observado o quanto a sociedade conhece as coisas na forma genérica. Parece que
fomos preparados para conhecer a fórmula montada e não como montá-la. Nada fora
do normal, é assim mesmo que enxergamos as coisas, observar os detalhes fica para
aqueles que têm interesses específicos. Temos tendências em falarmos algumas
frases que a princípio estão completas, mas não compreendidas na sua totalidade,
tais como: o sistema político é falho, estamos em crise, a saúde pública está
sucateada, a indústria farmacêutica é um exemplo do capitalismo selvagem, entre
outras. Não há certo nem errado nessas afirmativas, tudo depende da forma que
cada um entende ou precisa entender. Não sabemos explicar as falhas do sistema
político, não sabemos descrever a crise, não sabemos definir como a saúde está
sucateada e muito menos conhecemos a indústria farmacêutica em detalhes, etc
Quando falamos de
representante ou propagandista de medicamentos não é diferente. Poucos conhecem
a diferença existente entre eles, no geral todos dizem que são sinônimos, isso é um equívoco. A
diferença existente não faz um ser mais importante do que o outro, mas são
profissionais com perfis diferentes entre si. O representante está focado
diretamente para os negócios, os propagandistas para como os negócios serão
sedimentados, mas nada impede deles exercerem as mesmas funções.
O representante no tocante
as suas habilidades profissionais desenvolvidas a partir de seus investimentos
no conhecimento, tem sitio de ação muito amplo que poderá ser aproveitado em
vários segmentos do mercado, enquanto o propagandista ao longo do tempo se
especializou em conhecimentos específicos de acordo com a vocação de sua
empresa. Nenhum dos dois é protagonista direto da espetacular evolução da
propaganda de medicamentos na mídia leiga. Podemos considera-la como espetacular
quando estudamos seu desempenho no Brasil a partir das primeiras décadas do
século XIX, esta evolução tem como plataforma principal as ferramentas de
marketing que deste então não param de crescer.
Conta-se que a primeira
propaganda de medicamento no Brasil era uma grande mentira, ela prometia
devolver o hímen, imaginem, ser virgem de novo naquela época. Hoje tem quem consiga através
do bisturi de um cirurgião plástico.
Peça promocional do Laboratório Daudt |
Outro marco deste
desenvolvimento ocorreu no século seguinte por meio do Dr. João Daudt Filho,
fundador da primeira indústria farmacêutica genuinamente brasileira.
Só no século XXI surgiu uma
legislação específica por parte do governo brasileiro para regulamentar a
propaganda de medicamentos nos diversos canais de mídias. Neste contexto o
representante poderá ser agente de negócios, enquanto o propagandista vai mais
além. Outro fundamento que os diferenciam é a legislação trabalhista
brasileira, ela enquadra cada um desses profissionais em categorias diferentes.
O representante tem foco mercadológico o propagandista está mais focado na
formação de conceitos para seus produtos com base na ciência da saúde.
O propagandista além de
conhecimentos específicos está cercado de ferramentas de marketing, legislações
e habilidades no mundo das relações interpessoais. É muito difícil se encontrar
um propagandista que reúna com expressividade todas as exigências da função.
Ele precisa se dedicar a vida inteira ao estudo da fisiologia, patologia, terapia,
farmacocinética, farmacodinâmica, conhecimentos técnicos de seus produtos e dos
concorrentes, entre muitos outros conhecimentos. O propagandista é hoje
extremamente exigido sobre conhecimento de mercado, ferramentas de análises de
mercados e interpessoalidade. Competências como motivação, integridade,
conhecimentos gerais, persuasão, perfil de liderança, capacidade de negociação,
visão macro, entre tantas outras. Resumo, exigimos destes profissionais um nível de
comprometimento muito alto. Para preencher todos os requesitos desejados, os propagandistas precisam ter um perfil diferenciado.
O propagandista, apesar do
nome, essencialmente não faz propaganda, ele busca oportunidades para seus
produtos junto aos seus principais clientes. Os clientes dos propagandistas não
consumem seus produtos, mas prescrevem ou influenciam como
formadores de opiniões outros profissionais a prescreverem para seus pacientes
os produtos que cada propagandista se propõe a inserir no arsenal terapêutico
de tais profissionais.
É sabido que a globalização
das informações a partir do mais expressivo evento da modernidade, a internet, com
uma comunicação rápida em canais seguros como web aula, mídias sociais, mídias
especializadas, entre tantas outras formas de se adquirir conhecimentos, ainda não
substituíram o propagandista. Não há dúvida que, se hoje a Indústria
Farmacêutica pudesse se livrar de suas equipes de propagandistas ela faria por
inúmeros motivos, um deles são as relações humanas outro são os custos. O
propagandista é a peça mais importante na engrenagem que leva milhões de
dólares aos cofres das indústrias.
No Brasil a legislação que
regula a relação de profissionais de saúde com a Indústria Farmacêutica tem
mudado muito, criando barreiras que limitam a ação direta da Indústria Farmacêutica
com tais profissionais. São os propagandistas através do relacionamento com estes
profissionais que quebram tais barreiras encontrando espaço para seus produtos
diante de tanta concorrência.
Ser propagandista não
precisa só querer ser, é preciso ter perfil para ser, mas precisam ter cuidados,
cada vez mais a empregabilidade destes profissionais fica mais difícil. Hoje é
preciso saber que as empresas precisam de solucionadores de problemas,
verdadeiros criadores de valores.
Os vários tipos de
eDetailing hoje existentes como o Virtual
live eDetailing, Scripted eDetailing, Portais médicos (Doctors.net.uk,
OnMedica.net e detaildirect.com), iPads, Closed Loop Marketing, Networking e os
mais diversos tipos de treinamentos são uma realidade e aquele que não se enquadrar
nesta realidade está fora do mercado.
É por tudo isso acima citado
que neste mês de Julho, mais precisamente no dia 14, quero parabenizar os meus
colegas por serem Propagandistas e fazerem desta profissão um orgulho para todos
nós. FELIZ DIA DO PROPAGANDISTA.
Edson Teófilo Fernandes,
propagandista e cidadão brasileiro.
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