sábado, 27 de novembro de 2010

Presidente da Infectologia fala sobre nova forma de venda de antibióticos

Fonte:



No final do mês de outubro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (Anvisa) publicou resolução que determina que os antibióticos vendidos nas farmácias e drogarias do País só poderão ser entregues ao consumidor mediante receita de controle especial em duas vias. A primeira via ficará retida no estabelecimento farmacêutico e a segunda deverá ser devolvida ao paciente com carimbo para comprovar o atendimento.

Um dos objetivos do novo documento é controlar a disseminação de micro-organismos resistentes a medicamentos.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Simão Ferreira, falou sobre o tema à AMB:

1) Qual a importância da Resolução Normativa da Anvisa nº 44, de 26/10/10, que dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição médica, isoladas ou em associação, para a sociedade?
Essa decisão da Anvisa é muito boa e já deveria ter sido redigida há muito tempo. Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas não podem comprar antibióticos indiscriminadamente, pois existem muitos efeitos colaterais. Às vezes o paciente chega a nossos consultórios com febre e diz que já está tomando um antibiótico. Mal sabe ele que apenas um pequeno percentual de bactérias causa febre. Tomar um medicamento por conta própria, ou porque o vendedor da farmácia indicou é perigoso, mascara a infecção. Então eu considero essa resolução uma medida muito boa, pois vai controlar o uso abusivo de antibióticos. Tenho certeza que terá uma repercussão muito positiva.

2) E para os médicos? Será um avanço?
Claro, pois além de coibir o uso de antibióticos desnecessariamente, valoriza a prescrição médica e impede que leigos façam um ato que é exclusivamente médico.

3) A lista de antimicrobianos registrados na Anvisa, sobre os quais recai esta nova resolução, é satisfatória? Tem amplitude suficiente para que os objetivos da Anvisa sejam alcançados?
Essa relação foi feita após muito estudo, inclusive com a participação de representantes da Sociedade Brasileira de Infectologia. Estão contemplados os principais e mais importantes.

4) Existem outras formas, além da ingestão muitas vezes desnecessária e descontrolada de antibióticos, para que micro-organismos se tornem resistentes a antimicrobianos?
È preciso lembrar que existe a seleção natural dos organismos. Em uma cultura, após aplicação de antimicrobiano, pode ser que sobre 1% esse medicamento não tenha efeito. Esse novo grupo pode se proliferar e está formada uma categoria mais forte. O ideal, sempre, é que seja protegida ecologicamente a flora bacteriana da sociedade que tudo esteja equilibrado.

5) A Anvisa também publicou recentemente resolução que torna obrigatório a todo serviço de saúde ter aquela preparação alcoólica à disposição para assepsia das mãos. Isso é eficiente no combate a estes organismos resistentes?
O problema todo é que médicos, enfermeiros, técnicos, todo o pessoal que trabalha em hospitais são grandes disseminadores de bactérias, pois não existe o hábito de se lavar as mãos após visitar um paciente. O álcool gel, por sua vez, é muito eficiente na esterilização da mão. Por todas as alas dos hospitais é possível encontrar um recipiente com álcool. Se virar um costume, já ajuda bastante

Nota:
Para quem defende o caixa das farmácias e o uso indiscriminado de medicamentos, a entrevista acima apesar de curta, poderá contribuir para alert-los sobre o risco que a sociedade sofre com suas defesa a ilegalidade de RDC 44/10.

Nenhum comentário:

Postar um comentário