Indústria farmacêutica e eventos médicos, um casamento em crise ou cenários de ciúmes por quem não está dentro?
Como ficarão aqui no Brasil os patrocínios diretos aos médicos? Ainda é comum, apesar da redução, o pagamento de passagens aéreas + Inscrições nos Congressos + Hospedagens + Transferes e Jantares sob a justificativa de investimento em educação continuada para diversos médicos, na prática são pacotes para parceiros com potencial prescritivo. Anteriormente fiz o seguinte comentário a uma reportagem sobre o assunto: “Hoje, dia 23/06/2010 os aeroportos do mundo inteiro, no Brasil não será diferente, estarão lotados de médicos se deslocando para o Congresso Americano de Diabetes (7 dias em Orlando, EUA).Em algumas capitais embarcaram 100% deles patrocinados pela Industria Farmacêutica e as autoridades americanas aceitaram estas inscrições feitas diretamente pelas Indústrias e continuarão a aceitar e vendem por uma fortuna o metro quadrado de piso para montagem de luxuosos expositores. Nos Simpósios Satélites, vai quem quer já sabendo que é patrocinado por uma Indústria, o aviso está na programação, basta ler com atenção. Quero ver as autoridades interferir nas despesas das Indústrias com os médicos individualmente, pois saibam todos que nada é feito por baixo dos panos, tais despesas estão comprovadas com NFs., principalmente tratando-se de multinacionais. No Planeta Terra, nenhum Congresso é hoje realizado sem a participação da Indústria Farmacêutica. Deixando de existir dinheiro da Indústria, este mercado de eventos fechará suas portas ou no mínimo se reduzirá a pouquíssimos eventos. Duvido que um médico no Brasil feche seu consultório por sete dias e adicione a esta perda uma despesa de R$ 15.000,00 no mínimo para participar de eventos que nos dias seguintes boa parte do seu conteúdo estará nos sites, revistas e outros meios de comunicação no mundo globalizado de hoje. Eventos médicos hoje, no modelo atual, são negócios para quem os organizam em nome da ciência. A CIÊNCIA não precisa da quantidade de eventos que são realizados no mundo.
Orlando (EUA) recebe esta semana mais de 15.000 médicos para o ADA ( American Diabetes Associatin), do Brasil a grande maioria foi patrocinada pela Industria Farmacêutica, os custos operacionais de um evento dessa magnitude são loteados para patrocínio da Industria Farmacêutica, prática esta comum no mundo inteiro. Que diferença faz a realização de um Simpósio Satélite organizado pela Indústria que paga uma fortuna para a Sociedade Médica Organizadora do evento? No caso dos Simpósios os ouvintes sabem quem está pagando, o resto de toda estrutura não. A fortuna paga por cada m2 para os expositores também serão proibidas? Sem a Indústria Farmacêutica a indústria de eventos científicos fecha. Que a verdade seja dita, a grande maioria dos eventos não passa de negócios mascarados de educação médica continuada. A atitude falso moralista do sistema nacional de saúde americano (INH) e o silêncio covarde da associação de médicos, mostram o quanto é difícil falar de moralização no mundo dos homens. No Brasil não é diferente. Concordo com o fim dos simpósios, dos patrocínios de custeios, das inscrições doadas individualmente, das passagens aéreas, dos cursos, dos hotéis, das reuniões científicas, da participação na política, na participação dos custos de inúmeras associações médicas, em fim, que todo dinheiro da Indústria Farmacêutica dê continuidade as pesquisas científicas, ações sociais já existentes no mundo inteiro, mantenha seu papel de contribuição à saúde, entre outras atividades. Medicina não pode se misturar com Indústria Farmacêutica. Cada um em seu quadrado pelo bem da humanidade. É isto que precisamos.”
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