sexta-feira, 4 de abril de 2014

Visita de propagandista de remédios a médicos pode ser regulada em GO

Para Cida Garcêz, projeto vai
reduzir atrasos noatendimento
 (Foto: Divulgação/Câmara Municipal)
Projeto de vereadora quer evitar atrasos de pacientes com hora marcada.
Sindicato dos médicos acha difícil cumprir medida; categoria é contra

 
A vereadora Cida Garcêz (SDD) apresentou um projeto na Câmara Municipal de Goiânia pedindo que as visitas de propagandistas de produtos farmacêuticos a consultórios médicos não ocorram mais no intervalo das consultas. Segundo ela, a proposta evitaria atrasos em atendimentos a pacientes com horário marcado. A parlamentar conta que teve a ideia após receber reclamações de pacientes e, também, após ter passado pelo problema. "As pessoas nos procuraram dizendo que esses representantes ficam de 30 a 40 minutos dentro do consultório, atrapalhando o pessoal que fica na fila. Eu mesmo já tive problemas com isso e até conversei com meu cardiologista", disse ao G1.
De acordo com o projeto, apresentado há uma semana, os médicos devem receber os representantes em horário pré-agendado, antes ou depois do período destinado ao atendimento dos pacientes. Além disso, este horário deve ficar em local visível nas clínicas e consultórios. O projeto prevê multa de R$ 1 mil para os hospitais ou clínicas que descumprirem a lei.
Antes de ir para votação, o texto da vereadora será analisado pelas comissões de Constituição e Justiça e de Redação. A expectativa é de que esse trâmite dure até dois meses.
Rotina
O presidente do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Rafael Cardozo Martinez, considera a ideia interessante, mas acredita que seja difícil cumpri-la, principalmente em relação à rotina diferenciada a que o médico se submete durante o seu expediente.
"O médico atende a esses representantes na medida de suas disponibilidades. Acho que se for para tornar essa relação mais transparente, o projeto é válido. Mas é complicado. É um intervalo rápido, como ir ao banheiro ou atender um telefone. Também existem consultas que demoram menos, outras mais. Por isso, é difícil regular esse horário", opina.
Martinez diz que as visitas são importantes, pois faz parte da atualização do profissional. "Quem pode garantir que na consulta subsequente à visita, essas novidades apresentadas já não sejam empregadas. Essas visitas não atrapalham e, às vezes, trazem pontos importantes para o tratamento", avalia.
Contra
O Sindicato dos propagandistas e vendedores de produtos farmacêuticos do Estado de Goiás (Sindvendas) é contra a aprovação do projeto. Para Paulo Guadalupe de Siqueira, presidente do órgão, já existe um pré-agendamento dos profissionais com os médicos.
"Quando vamos visitar algum médico, fazemos isso em um horário já estabelecido por ele como o mais conveniente. O tempo que ficamos dentro do consultório é que o médico permite", pontua.
Atualmente, conforme o Sindvendas, cerca de 500 pessoas trabalha nessa área em todo o estado. Siqueira teme que se a lei for aprovada, vários deles percam o emprego. Ele afirma ainda que a categoria não foi consultada.
"Temos uma meta de consultórios para visitar e se for estipulado um tempo podemos não cumpri-la. Gostaríamos que a vereadora tivesse ao menos nos consultado antes de criar este projeto", lamenta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário