Em todo o Mundo existem cerca de 20 milhões
de pessoas com diabetes tipo 2
27 de agosto de 2014 - 15h17
A revista online The Lancet acaba de anunciar
os resultados do estudo OpT2mise, que demostram que as pessoas com diabetes
tipo 2 que necessitam de insulina têm melhor controlo da doença através da
terapia com bomba infusora de insulina, em vez do recurso a múltiplas injeções
diárias.
Este é o maior estudo global que avalia
comparativamente a eficácia da terapia com bomba de insulina versus múltiplas
injeções diárias em pessoas com diabetes tipo 2 com controlo glicémico
inadequado. Atualmente já estão comprovados os benefícios da terapia com bomba
de insulina em pessoas com diabetes tipo 1.
No estudo OpT2mise, as pessoas que utilizaram
a bomba de insulina alcançaram uma redução média da A1c de 1,1% versus uma
redução de 0,4% nos participantes que recorreram às múltiplas injeções diárias.
Esta melhoria no controlo da glicose foi alcançado sem quaisquer episódios de
hipoglicemia grave. Além disso, o grupo que utilizou a terapia com bomba
infusora de insulina reduziu a dose total diária de insulina em mais de 20 por
cento. Não houve diferença no aumento de peso entre os dois grupos.
De acordo com João Raposo, diretor clínico da
APDP, “o estudo agora publicado vem pela primeira vez revelar que a terapêutica
com bomba infusora de insulina pode ajudar no tratamento de algumas pessoas com
diabetes tipo 2, que apesar das múltiplas injeções continuam com os seus níveis
glicémicos por controlar”.
A redução dos níveis médios da A1c é
essencial para as pessoas com diabetes, pois apenas uma ligeira diminuição
contribui significativamente para a prevenção de complicações, como doenças
oculares, renais, danos neurológicos ou enfarte.
“Muitos pacientes com diabetes tipo 2 não
conseguem um controlo correto da glicemia apesar do tratamento farmacológico,
incluindo as múltiplas injeções diária. Este grupo de pacientes é muito
prevalente e de difícil tratamento, circunstâncias que a longo prazo acarretam
consequências dispendiosas. Para estes pacientes as bombas de insulina são uma
nova opção terapêutica com benefícios significativos agora cientificamente
comprovados”, refere o Prof. Yves Reznik, do Hospital Universitário de Caen,
França.
“Os resultados do estudo são importantes para
demonstrar como a terapia com bomba pode reduzir de forma segura a A1c sem
causar episódios de hipoglicemia e pode ajudar na redefinição do standard of
care para esta população crescente de pessoas com diabetes tipo 2
insulino-dependentes”.
O estudo global, randomizado e controlado foi
apoiado pela empresa Medtronic (empresa líder mundial em tecnologia médica) e
conduzido com a participação de 331 doentes, com idades entre 30 e 75 anos.
Os doentes que utilizaram bombas de insulina
obtiveram uma redução média dos níveis da A1c de 1,1% vs. 0,4% nos
participantes que utilizaram múltiplas injeções diárias (P <0,001).
Os doentes que utilizaram a terapia com bomba
de insulina alcançaram uma redução da A1c sem quaisquer episódios de
hipoglicemia grave (baixa de açúcar no sangue, o que pode causar confusão,
desorientação, perda de consciência e, no pior dos casos, coma e até morte) ou
cetoacidose (condição que coloca o doente em risco de vida causada por
hiperglicemia ou açúcar elevado no sangue).
A dose total diária de insulina foi de 20,4
por cento menor com a bomba de insulina, quando comparado com as múltiplas
injeções diárias (P <0,001), sem diferença significativa na variação de peso
entre os dois grupos.
55% dos participantes no grupo que utilizou a
bomba de insulina atingiram A1C <8%, só 28% dos participantes do grupo de
injeções diárias múltiplas alcançaram esse valor.
Em todo o Mundo aproximadamente 20 milhões de
pessoas com diabetes tipo 2 necessitam de tratamento com insulina e a adesão à
insulinoterapia é muitas vezes difícil. Cerca de 57 por cento desses doentes
recorrem à terapia de múltiplas injeções diárias e admitem que por vezes omitem
uma dessas injeções.
Por SAPO Saúde
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