segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Bomba de insulina é mais eficaz do que injeções no tratamento de diabetes tipo 2

Em todo o Mundo existem cerca de 20 milhões de pessoas com diabetes tipo 2

27 de agosto de 2014 - 15h17

A revista online The Lancet acaba de anunciar os resultados do estudo OpT2mise, que demostram que as pessoas com diabetes tipo 2 que necessitam de insulina têm melhor controlo da doença através da terapia com bomba infusora de insulina, em vez do recurso a múltiplas injeções diárias.

Este é o maior estudo global que avalia comparativamente a eficácia da terapia com bomba de insulina versus múltiplas injeções diárias em pessoas com diabetes tipo 2 com controlo glicémico inadequado. Atualmente já estão comprovados os benefícios da terapia com bomba de insulina em pessoas com diabetes tipo 1.

No estudo OpT2mise, as pessoas que utilizaram a bomba de insulina alcançaram uma redução média da A1c de 1,1% versus uma redução de 0,4% nos participantes que recorreram às múltiplas injeções diárias. Esta melhoria no controlo da glicose foi alcançado sem quaisquer episódios de hipoglicemia grave. Além disso, o grupo que utilizou a terapia com bomba infusora de insulina reduziu a dose total diária de insulina em mais de 20 por cento. Não houve diferença no aumento de peso entre os dois grupos.

De acordo com João Raposo, diretor clínico da APDP, “o estudo agora publicado vem pela primeira vez revelar que a terapêutica com bomba infusora de insulina pode ajudar no tratamento de algumas pessoas com diabetes tipo 2, que apesar das múltiplas injeções continuam com os seus níveis glicémicos por controlar”.

A redução dos níveis médios da A1c é essencial para as pessoas com diabetes, pois apenas uma ligeira diminuição contribui significativamente para a prevenção de complicações, como doenças oculares, renais, danos neurológicos ou enfarte.

“Muitos pacientes com diabetes tipo 2 não conseguem um controlo correto da glicemia apesar do tratamento farmacológico, incluindo as múltiplas injeções diária. Este grupo de pacientes é muito prevalente e de difícil tratamento, circunstâncias que a longo prazo acarretam consequências dispendiosas. Para estes pacientes as bombas de insulina são uma nova opção terapêutica com benefícios significativos agora cientificamente comprovados”, refere o Prof. Yves Reznik, do Hospital Universitário de Caen, França.

“Os resultados do estudo são importantes para demonstrar como a terapia com bomba pode reduzir de forma segura a A1c sem causar episódios de hipoglicemia e pode ajudar na redefinição do standard of care para esta população crescente de pessoas com diabetes tipo 2 insulino-dependentes”.

O estudo global, randomizado e controlado foi apoiado pela empresa Medtronic (empresa líder mundial em tecnologia médica) e conduzido com a participação de 331 doentes, com idades entre 30 e 75 anos.

Os doentes que utilizaram bombas de insulina obtiveram uma redução média dos níveis da A1c de 1,1% vs. 0,4% nos participantes que utilizaram múltiplas injeções diárias (P <0,001).

Os doentes que utilizaram a terapia com bomba de insulina alcançaram uma redução da A1c sem quaisquer episódios de hipoglicemia grave (baixa de açúcar no sangue, o que pode causar confusão, desorientação, perda de consciência e, no pior dos casos, coma e até morte) ou cetoacidose (condição que coloca o doente em risco de vida causada por hiperglicemia ou açúcar elevado no sangue).

A dose total diária de insulina foi de 20,4 por cento menor com a bomba de insulina, quando comparado com as múltiplas injeções diárias (P <0,001), sem diferença significativa na variação de peso entre os dois grupos.

55% dos participantes no grupo que utilizou a bomba de insulina atingiram A1C <8%, só 28% dos participantes do grupo de injeções diárias múltiplas alcançaram esse valor.

Em todo o Mundo aproximadamente 20 milhões de pessoas com diabetes tipo 2 necessitam de tratamento com insulina e a adesão à insulinoterapia é muitas vezes difícil. Cerca de 57 por cento desses doentes recorrem à terapia de múltiplas injeções diárias e admitem que por vezes omitem uma dessas injeções.

 

Por SAPO Saúde

 


 

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