25 de setembro de 20141
Larissa Roso
larissa.roso@zerohora.com.br
larissa.roso@zerohora.com.br
A situação era insuspeita: a dona chegou com a cadela
poodle preta de seis anos e alguns pertences do animal, como cama e roupas, pedindo hospedagem para os poucos dias em que ficaria
fora de Porto Alegre. Tratando-a como “filhinha”, despediu-se antes de rumar
para a viagem:
- Mamãe volta em
seguida.
Mas nunca mais apareceu. A mulher informou nome, endereço
e telefone falsos, em um golpe que costuma ser aplicado em proprietários de pet shops ,
salões de banho e tosa e clínicas veterinárias.
- Uma semana se tornou
três meses. Não quis mais e abandonou. Era muito mais digno ter pedido ajuda –
diz a gerente da Vetmax Clínica Veterinária, Carolina Xavier Martins.
Os motivos para o ato
insensível são variados. Protetores de animais e veterinários estão habituados
a ouvir donos reclamando da idade avançada, do custo e dos hábitos de cães e
gatos. Mudanças de endereço, casos de doença na família e falta de informação
específica sobre raças também levam à decisão de se desfazer de um mascote – o
proprietário que não sabe que o cachorro tem determinado tipo de comportamento
acaba por se sentir desapontado e desiste de mantê-lo em casa.
Donos de lojas têm prejuízos
Muitos não são nem os
responsáveis dos bichos largados nas pet shops – encontram um cachorro
maltratado e faminto perambulando e o levam para um check-up, fazendo de conta
que voltarão para recolhê-los. A suposta boa ação acarreta gastos para
terceiros, e o animal segue sem lar.
- Acham que estão tirando o bichinho da rua, mas largam
para outra pessoa e tiram o corpo fora – condena Diogo Bessa Fortes, da Hobby Pet Shop .
Tobi conseguiu uma protetora
A equipe de Diogo foi
enganada duas vezes nos últimos meses. Na primeira vez, a impostora solicitou
banho, vacina e vermífugo para dois vira-latas grandes. Uma funcionária decidiu
levar ambos para casa quando ficou claro que tudo não passara de encenação.
Total da conta jamais paga: cerca de R$ 300. No segundo episódio, Diogo
suspeitou que o cliente não fosse o verdadeiro dono – pediu um banho e nunca
mais apareceu.
A aposentada Maria
Gevehr Cardoso, 80 anos, avó de Diogo, se apaixonou pelo cusco, batizado de
Tobi.
- Sou doida por animais. Achei absurdo, fiquei com pena. Cachorro pequeno é como criança. Um bichinho tão engraçadinho, e a pessoa larga. Não tem coração – compadece-se Maria.
- Sou doida por animais. Achei absurdo, fiquei com pena. Cachorro pequeno é como criança. Um bichinho tão engraçadinho, e a pessoa larga. Não tem coração – compadece-se Maria.
Um ato que implica em duas violações à lei
De acordo com Kika
Menezes, responsável jurídica da Associação Gaúcha de Pet Shops (Agapet), quem
fornece dados pessoais falsos ao solicitar um serviço e nunca mais retorna para
apanhar o bicho está cometendo duas violações à lei: o chamado crime do falso e
o crime de abandono. A pena prevista para cada uma delas é de três meses a um
ano de detenção, mais multa.
A Agapet reforça a
necessidade de que os funcionários dos estabelecimentos exijam documentação dos
clientes para que seja criado um cadastro mais detalhado dos donos dos animais.
Respeite o seu bichinho
* Antes de adotar um animal, informe-se sobre as
características de cada raça. Um cachorro ativo e de grande porte precisa de
espaço. Procure saber como fazer a adaptação se já tiveroutros bichos em casa.
* Se precisa doar o gato ou o cachorro, tire fotos e faça a
divulgação entre os seus contatos. Peça também o auxílio de ONGs ,
grupos de adoção e protetores voluntários.
* Animas castrados, desverminados e vacinados têm maior
receptividade. A castração evita o abandono futuro e crias indesejadas.
* Um bicho acostumado a atenção exclusiva em casa pode se
tornar agressivo ou ser agredido ao ser encaminhado a abrigo. Ideal é
entregá-lo diretamente ao próximo dono.
* Tenha paciência. Pode levar um tempo até que surja um
interessado em ficar com o pet.
Fontes: Carolina Xavier Martins,
sócia-fundadora da União das Amigas Protetoras dos Animais, e Magliane de
Oliveira, sócia-voluntária da Associação Riograndense de Proteção aos Animais.
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