19/11/2012 - 12:44
Após passar a maior parte da sua história focado na Europa, na América do Norte e no Japão, o grupo farmacêutico francês Sanofi, um dos líderes mundiais do sector farmacêutico, prefere agora examinar ao microscópio os mercados emergentes, que já totalizam 31% da facturação da multinacional e são responsáveis por 70% do crescimento das vendas da companhia, avança o site brasileiro Valor Econômico.
O peso desses países nas contas do grupo – que foi de 10,1 mil milhões de euros no ano passado – tem vindo a aumentar rapidamente. Até ao final desta década, os emergentes vão "certamente" representar metade da facturação da companhia, disse ao Valor Econômico Christopher Viehbacher, CEO da Sanofi. Antes, a empresa, com vendas globais de 33,4 mil milhões de euros, interessava-se apenas "de maneira pontual" por esses mercados.
"Apesar de sermos uma empresa europeia, a Europa totaliza hoje 22% da nossa facturação. Há apenas três anos, essa participação era de 33%", disse. Na Europa, as vendas caíram 6,4% no primeiro semestre deste ano. Em França, o grupo tem enfrentado críticas de sindicatos e do próprio governo após o anúncio, recente, de que prevê cortar 914 postos de trabalho no país.
As expectativas – e os resultados – na Europa são bem diferentes da situação nos emergentes, que para o CEO do grupo, poderiam ser chamados de "mercados entusiasmantes". Não foi por acaso que a Sanofi organizou em Paris um evento sobre esses mercados, com jornalistas da China, Índia, Rússia, América Latina e países árabes. Essas regiões, onde as vendas aumentaram 10,4% no ano passado, são hoje uma das "plataformas de crescimento" do grupo francês.
O Brasil, com uma facturação de 1,5 mil milhões de euros, tem posição de destaque nesse bloco. É a maior operação da Sanofi nos países emergentes. E também está entre os cinco principais mercados do grupo no mundo. As vendas no Brasil, onde o grupo francês afirma ser líder, cresceram quase 17% no ano passado (na América Latina, o aumento foi de 18,1%). E pensar que essa região, num passado recente, entrava ainda na categoria "resto do mundo" nas contas do grupo, sem ter os seus números especificados separadamente.
Com a inauguração, em 2013, de uma fábrica de hormonas genéricas da Medley, controlada pela Sanofi, em Brasília, que prevê uma produção inicial de 50 milhões de unidades, o Brasil terá a maior plataforma industrial do grupo fora da França. Hoje, são quatro fábricas no interior de São Paulo (uma da Sanofi Farma, duas de genéricos da Medley e uma da Merial, de saúde animal). A fatcturação no Brasil, no entanto, ainda representa metade do registado em França.
"O Brasil é muito importante para nós e vamos continuar a investir em pesquisas e desenvolvimento (P&D)", afirmou Viehbacher, ressaltando que essa é uma área onde faltam recursos em geral no país. A Sanofi não revela os montantes previstos. No período de 2004 a 2011, o grupo investiu 85 milhões de dólares em pesquisas no país. A América Latina também deverá receber novos investimentos, disse o CEO do grupo.
O Brasil representa sozinho 43,9% da facturação da Sanofi nos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). As vendas nesse bloco cresceram quase 20% em 2011. Apesar do excelente desempenho desse grupo, a Sanofi também está de olho noutros mercados emergentes.
"Algumas empresas concentram as suas acções nos Brics. Mas há outros países ao redor dos Brics que estão a começar a crescer. O Vietname, por exemplo, está a tornar-se um mercado extremamente importante e Colômbia também. É necessário olhar fora dos Brics", afirmou Viehbacher. Em Outubro, a companhia francesa anunciou a compra do fabricante colombiano de medicamentos Genfar. O valor da operação não foi revelado.
Além disso, para o presidente da farmacêutica, os países dos Brics estão a tornar-se "novas plataformas de crescimento", com o desenvolvimento do comércio entre emergentes. Como a Sanofi privilegia a produção local – 90% das vendas nos emergentes são produzidas nesses países – isso abre perspectivas de negócios entre esses mercados. A fábrica em Suzano, da divisão Sanofi Farma, uma das maiores do grupo no mundo, exporta para a América Latina e também para países asiáticos.
"Comenta-se que as economias emergentes estão desacelerando. Acho que o potencial desses países está só começando com essas novas rotas comerciais", disse Viehbacher.
Em Dezembro, o executivo completará quatro anos no comando da Sanofi. Viehbacher mudou o modelo empresarial do grupo, baseado em medicamentos célebres, "que estava em crise", disse.
Os emergentes também desempenham um papel na estratégia de ter um grande número de produtos. "Não há consumidores globais. Cada país deve ter linhas específicas de produtos", afirmou Viehbacher.
O executivo não mudou apenas o modelo empresarial da Sanofi. Nos últimos quatro anos, o grupo realizou cerca de 120 negócios, entre aquisições e também parcerias com outras empresas e institutos de pesquisas. As aquisições (cerca de 30) totalizaram nesse curto período 23 mil milhões de euros. A farmacêutica francesa informa que vai continuar a gastar entre mil milhões de euros e 2 mil milhões de euros por ano em "aquisições complementares" em diferentes partes do mundo. Com o maior peso dos emergentes na facturação do grupo, pode prever-se onde boa parte delas operações deverão ser realizadas.
Após passar a maior parte da sua história focado na Europa, na América do Norte e no Japão, o grupo farmacêutico francês Sanofi, um dos líderes mundiais do sector farmacêutico, prefere agora examinar ao microscópio os mercados emergentes, que já totalizam 31% da facturação da multinacional e são responsáveis por 70% do crescimento das vendas da companhia, avança o site brasileiro Valor Econômico.
O peso desses países nas contas do grupo – que foi de 10,1 mil milhões de euros no ano passado – tem vindo a aumentar rapidamente. Até ao final desta década, os emergentes vão "certamente" representar metade da facturação da companhia, disse ao Valor Econômico Christopher Viehbacher, CEO da Sanofi. Antes, a empresa, com vendas globais de 33,4 mil milhões de euros, interessava-se apenas "de maneira pontual" por esses mercados.
"Apesar de sermos uma empresa europeia, a Europa totaliza hoje 22% da nossa facturação. Há apenas três anos, essa participação era de 33%", disse. Na Europa, as vendas caíram 6,4% no primeiro semestre deste ano. Em França, o grupo tem enfrentado críticas de sindicatos e do próprio governo após o anúncio, recente, de que prevê cortar 914 postos de trabalho no país.
As expectativas – e os resultados – na Europa são bem diferentes da situação nos emergentes, que para o CEO do grupo, poderiam ser chamados de "mercados entusiasmantes". Não foi por acaso que a Sanofi organizou em Paris um evento sobre esses mercados, com jornalistas da China, Índia, Rússia, América Latina e países árabes. Essas regiões, onde as vendas aumentaram 10,4% no ano passado, são hoje uma das "plataformas de crescimento" do grupo francês.
O Brasil, com uma facturação de 1,5 mil milhões de euros, tem posição de destaque nesse bloco. É a maior operação da Sanofi nos países emergentes. E também está entre os cinco principais mercados do grupo no mundo. As vendas no Brasil, onde o grupo francês afirma ser líder, cresceram quase 17% no ano passado (na América Latina, o aumento foi de 18,1%). E pensar que essa região, num passado recente, entrava ainda na categoria "resto do mundo" nas contas do grupo, sem ter os seus números especificados separadamente.
Com a inauguração, em 2013, de uma fábrica de hormonas genéricas da Medley, controlada pela Sanofi, em Brasília, que prevê uma produção inicial de 50 milhões de unidades, o Brasil terá a maior plataforma industrial do grupo fora da França. Hoje, são quatro fábricas no interior de São Paulo (uma da Sanofi Farma, duas de genéricos da Medley e uma da Merial, de saúde animal). A fatcturação no Brasil, no entanto, ainda representa metade do registado em França.
"O Brasil é muito importante para nós e vamos continuar a investir em pesquisas e desenvolvimento (P&D)", afirmou Viehbacher, ressaltando que essa é uma área onde faltam recursos em geral no país. A Sanofi não revela os montantes previstos. No período de 2004 a 2011, o grupo investiu 85 milhões de dólares em pesquisas no país. A América Latina também deverá receber novos investimentos, disse o CEO do grupo.
O Brasil representa sozinho 43,9% da facturação da Sanofi nos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). As vendas nesse bloco cresceram quase 20% em 2011. Apesar do excelente desempenho desse grupo, a Sanofi também está de olho noutros mercados emergentes.
"Algumas empresas concentram as suas acções nos Brics. Mas há outros países ao redor dos Brics que estão a começar a crescer. O Vietname, por exemplo, está a tornar-se um mercado extremamente importante e Colômbia também. É necessário olhar fora dos Brics", afirmou Viehbacher. Em Outubro, a companhia francesa anunciou a compra do fabricante colombiano de medicamentos Genfar. O valor da operação não foi revelado.
Além disso, para o presidente da farmacêutica, os países dos Brics estão a tornar-se "novas plataformas de crescimento", com o desenvolvimento do comércio entre emergentes. Como a Sanofi privilegia a produção local – 90% das vendas nos emergentes são produzidas nesses países – isso abre perspectivas de negócios entre esses mercados. A fábrica em Suzano, da divisão Sanofi Farma, uma das maiores do grupo no mundo, exporta para a América Latina e também para países asiáticos.
"Comenta-se que as economias emergentes estão desacelerando. Acho que o potencial desses países está só começando com essas novas rotas comerciais", disse Viehbacher.
Em Dezembro, o executivo completará quatro anos no comando da Sanofi. Viehbacher mudou o modelo empresarial do grupo, baseado em medicamentos célebres, "que estava em crise", disse.
Sob a sua gestão, os emergentes também passaram a ganhar destaque. A
nova estratégia adoptada é a de criar uma carteira de produtos "muito
vasta" e actuar em várias áreas com forte potencial de crescimento ao
mesmo tempo, como saúde animal (em razão do aumento de consumo de carne nos
países emergentes), vacinas, medicamentos que não precisam de receita, além de
"produtos inovadores".
Os emergentes também desempenham um papel na estratégia de ter um grande número de produtos. "Não há consumidores globais. Cada país deve ter linhas específicas de produtos", afirmou Viehbacher.
O executivo não mudou apenas o modelo empresarial da Sanofi. Nos últimos quatro anos, o grupo realizou cerca de 120 negócios, entre aquisições e também parcerias com outras empresas e institutos de pesquisas. As aquisições (cerca de 30) totalizaram nesse curto período 23 mil milhões de euros. A farmacêutica francesa informa que vai continuar a gastar entre mil milhões de euros e 2 mil milhões de euros por ano em "aquisições complementares" em diferentes partes do mundo. Com o maior peso dos emergentes na facturação do grupo, pode prever-se onde boa parte delas operações deverão ser realizadas.
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