Os medicamentos biológicos ainda representam menos de 20% do mercado
farmacêutico global. Mas, segundo dados da Associação da Indústria Farmacêutica
de Pesquisa (Interfarma), crescem num ritmo cinco vezes maior que o mercado. O
Centro Latino Americano de Pesquisa em Biológicos (Clapbio), por sua vez,
estima que 50% dos medicamentos em desenvolvimento sejam biotecnológicos. Foi o
que defenderam seus pesquisadores no seminário “Mitos e verdades sobre os
medicamentos biossimilares no Brasil”, realizado no último dia 17, em São Paulo
(SP).
Tanta expectativa se deve às pesquisas que enfatizam a eficiência desses
medicamentos; E também ao fim das patentes de pelo menos sete deles nos
próximos anos e à consequente possibilidade de se produzir os chamados
biossimilares. A expectativa é que o mercado de biossimilares movimente US$ 60
bilhões no mundo e US$ 2 bilhões, no Brasil.
“Uma vez que a patente do biológico de referência expire, é possível que
outros laboratórios desenvolvam medicamentos orientados para aquela doença
também. É o chamado biossimilar”, explica Denizar Vianna, cardiologista e
professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Uerj). O biossimilar se propõe a tratar a mesma doença, a atingir o
mesmo alvo que o medicamento biológico inovador, mas jamais será igual, como os
genéricos são dos farmoquímicos, por exemplo.
“Para os produtos biológicos, o conceito de genérico não se aplica. O
processo de manufatura do biológico é complexo. Jamais um laboratório poderá
copiar o outro. Não é uma receita”, destaca a médica e pesquisadora Mirhelen de
Abreu, doutora em Saúde Coletiva e professora da Universidade Federal de São
Carlos (UFSC). Por natureza, enquanto um químico é passível de cópia idêntica,
um biológico não o é. “É tanto, que um biológico terá de passar pelos mesmos
processos de estudos clínicos e pesquisas com grupos de pacientes. O que pode
custar tanto quanto ou até mais que o biológico de referência”, acrescenta a
pesquisadora. (LMB)
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