( JC – Cidades )
Nota C&T: Esta
não é a primeira vez que este Blog replica matérias sobre este absurdo, a falta
de Glivec para quem sofre deste mal tão sério, o câncer. Não está no momento da
sociedade partir para fazer valer seus direitos? Será que você, que graças a
DEUS não tem este tipo de Câncer, estaria neste momento acomodado se tivesse
este tão temido mal e o Estado simplesmente ignorasse sua necessidade? Será que
os gestores públicos não têm o mínimo de vergonha diante de tamanha falha? Você
gestor público que por incompetência deixa faltar medicamento essencial à vida
tem coragem de olhar para sua família e afirmar que está com o seu senso de
dever cumprido?
Falta remédio para leucemia
A interrupção do tratamento de câncer tem
levado ao desespero pacientes da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de
Pernambuco (Hemope). Portadores de leucemia mieloide crônica denunciam que
desde fevereiro está irregular a distribuição de mesilato de imatinibe, de nome
comercial Glivec, medicamento utilizado em substituição ao transplante de
medula, de uso contínuo e que aumenta o tempo de vida do usuário. Cansados e
temendo o agravamento da leucemia, os doentes estão recorrendo ao Ministério
Público Estadual (MPPE) e à Justiça. Também preparam um manifesto para hoje, na
porta do hospital.
“Antes de morrer tenho que agir, brigar pelos
meus direitos”, diz o técnico em eletrônica Washington Ataíde de Moura, 44
anos, que desde o dia 1º de março está sem medicamento e busca, diariamente,
esclarecimento sem sucesso no Hemope. Pálido e debilitado, Washington não se
conforma com a falta de atenção. “Sinto dores nas pernas e fraqueza. Sou
paciente do Hemope há três anos, procuramos informação e ninguém explica
exatamente porque o remédio está faltando. Quando vamos à farmácia do hospital,
ninguém também sabe dizer quando ele estará disponível”, conta.
Washington levou o caso à imprensa e
protocolou denúncia no Ministério Público Estadual. No dia seguinte foi buscar
ajuda no Conselho Estadual de Saúde, que deve fiscalizar o SUS, onde foi
orientado, no entanto, a procurar a Associação de Usuários (Aduseps), para
mover ação na Justiça e conseguir resultado mais rápido. A Promotoria da Saúde
do MPPE informa que encaminhará ofício ao Hemope cobrando esclarecimentos.
Médicos do hospital afirmam que a interrupção do tratamento é prejudicial.
“Pode causar uma leucemia aguda e tornar a doença resistente até mesmo ao
transplante de medula”, explica um deles.
Cada caixa de Glivec, afirmam, custa R$ 12
mil, o que impossibilita a compra individual. Esta é a segunda vez em três
semanas que os doentes reclamam da falta do medicamento.
Familiares de outras pessoas que estão no
pronto-atendimento ou internados contam que o arsenal de antibióticos do hospital
foi reduzido e faltam materiais. “Também são escassos cateter e outros
produtos”, afirma Liliane Peritore, diretora da entidade Amigos do Transplante
de Medula Óssea, que conseguiu decisão da Justiça Federal determinando a
reabertura do Centro de Transplante do Hemope, fechado no final de 2011 pela
Secretaria Estadual de Saúde, que centralizou o serviço no Hospital Português,
enquanto providencia reforma em outro hospital conveniado ao SUS, o de Câncer,
para abrigar o tratamento.
O diretor presidente do Hemope, Divaldo
Sampaio, minimizou a denúncia e disse desconhecer que doentes em tratamento há
mais de um ano estejam sem tomar o remédio. “É um problema dessa semana, da
última segunda-feira”, afirmou, ignorando inclusive a denúncia anterior, de fevereiro.
Afirmou que a atual falta de Glivec se deve
ao envio de um quantitativo incompleto (não informou a quantidade exata), pelo
Ministério da Saúde. “Temos 200 pacientes cadastrados, e mensalmente essa
demanda cresce 30% ou menos”, alegou. De quem seria a culpa? O diretor do
Hemope não sabe dizer. “Mudou o processo da Apac (Autorização de Procedimentos
Ambulatoriais de Alto Custo)”, respondeu, sem mais uma vez identificar se o
erro era do Hemope ou do Ministério da Saúde.
Quanto ao prazo para regularizar a
distribuição aos doentes, acredita que em até 10 dias o ministério estaria
enviando nova remessa. Antes disso, o Hemope está tentando empréstimo de
algumas caixas com outros hospitais. Mas ontem, pacientes procuraram a farmácia
e ficaram sabendo que quatro caixas tinham sido doadas. O critério de
distribuição, eles desconhecem.
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