Negociações salariais com aumentos reais chegam a
24% no 1º semestre
Imagem ilustrativa |
Cerca de 24% das 304 negociações dos reajustes
salariais de trabalhadores brasileiros feitos no primeiro semestre de 2016
resultaram em aumentos reais de salários, de acordo com balanço divulgado hoje
(1º) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconomicos
(Dieese).
Outros 37% tiveram aumento salarial com valor igual
à inflação e 39% obtiveram reajuste abaixo da inflação. Desses, 11% resultaram
em perdas de até 0,5% e 29% em perdas de até 2%.
Segundo o balanço do Dieese, aproximadamente 74%
dos reajustes salariais analisados foram pagos integralmente e 25% em duas ou
mais parcelas. Os percentuais são próximos dos observados no segundo semestre
de 2015, quando 75% foram pagos integralmente e 23,8% parcelados. Com relação
ao pagamento de abonos salariais, o balanço indica que os patamares não se
alteraram. Já os reajustes escalonados subiram 24% com relação ao período de
2012 e 2015, usado nesta comparação.
Indústria sai na frente
Quando analisados os setores econômicos, na
indústria 21% dos reajustes resultaram em ganhos reais, 33% ficaram abaixo da
inflação e 46% tiveram valores iguais à variação do INPC (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
No comércio, o percentual de reajuste igual à inflação foi de 36%, enquanto 26%
tiveram aumento real e as negociações com perdas salariais foram 39%. No setor
de serviços, os reajustes acima da inflação foram 27% e abaixo 44%.
“A indústria já vinha enfrentando problemas, seja
pela taxa de câmbio ou perda da competitividade desde 2011. O desemprego vinha
maior do que nos outros setores. Como a indústria é o setor de atividade mais
organizado, onde há grau de formalização maior e sindicatos de maior tradição,
o que ocorre é que, quando a indústria vai mal nas negociações, reflete nos
demais setores”, analisou o coordenador de relações sindicais, José Silvestre
Prado de Oliveira.
Por regiões
Na região Norte, os aumentos reais foram observados
em 14% das negociações. Nas outras regiões, esses aumentos giraram em torno de
27%. No caso dos reajustes inferiores à inflação, a região Sul foi a que teve
menor incidência 16%. O mesmo acontece com relação aos aumentos acima da
inflação: 23%. O Norte e Sudeste registraram as maiores proporções de aumentos
abaixo da inflação com 57% e 49%. No Nordeste, 43% dos reajustes ficaram abaixo
da inflação e no Centro-Oeste, 32%.
Segundo Silvestre, os resultados ficaram dentro do
esperado porque o ano de 2015 já indicava tendência de piora dos reajustes
devido ao contexto geral da economia com pelo menos dois anos de recessão,
aumento da inflação em 2014 e a continuidade do aumento das taxas de
desemprego. “Isso monta um cenário muito ruim para negociação e, em todos os
momentos em que há conjuntura semelhante, há reflexo nas negociações. Em 2016
ainda há mais um agravante que é o quadro político, um combustível a mais para
piorar o cenário para os trabalhadores nas negociações”.
Silvestre disse que os números não devem ser melhores
ao final do ano, mas a tendência de queda da inflação pode contar a favor, além
de alguns indicadores apontarem que a atividade econômica não deve cair mais.
“Isso deve ser um alento, mas acho que as
negociações não devem ser diferentes. Um exemplo disso são as negociações dos
bancários e outras grandes categorias. Como estas são uma espécie de farol, o
que eles negociarem, isso servirá de referência para olhar o segundo semestre
do ano”.
Edição: Kleber Sampaio
Fonte: EBC Agência Brasil
Fonte: EBC Agência Brasil
Republicação: http://feifar.org.br/?p=486