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O que Antonio Palocci, Eduardo Cunha e José Dirceu têm em comum?
O que essas empresas de consultoria cujos donos são políticos oferecem
aos seus clientes, e o que querem os empresários que as contratam?
Por: Bruno Garschagen
Sei que a queda de Eduardo Cunha
parece assunto ultrapassado. Não é. E não é em virtude do mal que ele, Cunha,
representa. E a prisão de Antonio Palocci, na semana passada, evidenciou a
natureza do mesmo vício: políticos que ficaram milionários por causa da
política e transformaram o Estado em instrumento de poder político e econômico.
Segundo a investigação da Lava
Jato, Palocci era peça central de um esquema de corrupção também formado pela
empreiteira Odebrecht e que teria movimentado R$ 128 milhões. O ex-ministro
petista dos governos Lula e Dilma Rousseff teve R$ 30,8 milhões bloqueados em
suas contas bancárias (pessoa física e jurídica) pelo Banco Central.
Antonio Palocci prosperou quando
na política com impressionante rapidez. Em 2006, quando se elegeu deputado
federal, tinha patrimônio estimado em R$ 375 mil. Quatro anos depois, seu
patrimônio era 20 vezes maior. Pouco antes de assumir o cargo de chefe da Casa
Civil do governo Dilma, Palocci, segundo a Folha de S. Paulo, “comprou um
apartamento de luxo em São Paulo por R$ 6,6 milhões”. E “um ano
antes” adquiriu “um escritório na cidade por R$ 882 mil”. Ambos os imóveis
foram comprados em nome da empresa de que era sócio majoritário, a Projeto
Administração de Imóveis.
“José Dirceu deve ter sido o presidiário mais próspero da história deste
país”
Eduardo Cunha é outro exemplo
notável e ordinário de um homem que conquistou poder e dinheiro pela política.
Ele é dono de empresas como Jesus.com e C3 Produções. Oficialmente, seu
patrimônio é de R$ 1,537 milhão e o da sua mulher, Claudia Cruz, é de R$ 4,02
milhões. A estimativa realizada pelo banco suíço Julius Baer, quando Cunha
abriu uma conta, foi além: US$ 16 milhões (R$ 61,3 milhões).
Assim como Palocci, Cunha teve
parte de seu dinheiro bloqueado, mas na Suíça. A Justiça de lá reteve US$ 5 milhões de
quatro das 13 contas bancárias que Cunha e seus familiares teriam no exterior.
Antes de ser cassado, Cunha era o 162.º deputado federal mais rico do país,
segundo a lista elaborada pelo Congresso em Foco.
Lembram de José Dirceu, o
ex-todo-poderoso do PT condenado no julgamento do mensalão? Entre 2006 e 2013,
sua empresa JD Consultoria recebeu R$ 29,2 milhões de grandes empresas que
estão sendo investigadas na Operação Lava Jato (OAS, UTC, Engevix, Galvão Engenharia,
Camargo Corrêa e Egesa).
O sucesso profissional de José
Dirceu impressiona. No ano em que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal e
começou a cumprir pena de prisão em regime semiaberto, sua empresa de
consultoria faturou R$ 4,159 milhões. Deve ter sido o presidiário mais
próspero da história deste país.
Diante desses exemplos de
extraordinária bonança, algumas indagações se impõem: por qual razão empresas
privadas contratam políticos com ou sem mandato, especialmente aqueles que
fizeram ou fazem parte de partidos que estão no exercício do poder? O que
exatamente essas empresas de consultoria cujos donos são políticos oferecem aos
seus clientes, e o que querem efetivamente os empresários que as contratam?
A Lava Jato está fornecendo
muitas respostas no âmbito do governo federal, mas esse tipo de conduta está
disseminado pelo país na relação entre empresas e políticos nas esferas municipal
e estadual. Se nada for feito, o que passa por tirar poder dos políticos e
punir severamente os criminosos, tudo continuará como sempre esteve.
Cunha, Palocci, Dirceu são
agentes de um sistema que continuará em operação enquanto houver uma arquitetura
política, legal e burocrática que lhes dê poder para usar o Estado a serviço de
projetos pessoais ou do partido. A queda de alguns de seus próceres não mudará
a natureza desse sistema, pois a legião que eles representam permanece no
poder.
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