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O artigo abaixo é uma cópia fiel extraída do
original que pode ser visto em http://www.jocelemsalgado.com.br/ site
oficial da autora.
“Envelheça com saúde e disposição
Nos últimos 50 anos, o número de pessoas com idade
acima de 65 anos, especialmente nos países desenvolvidos, tem aumentado
consideravelmente. O Brasil, à semelhança dos demais países latino-americanos,
está passando também por um processo de envelhecimento populacional rápido e
intenso. Espera-se que em 2025, 14% da população brasileira (cerca de 32
milhões) esteja acima dos 60 anos. Por isso, agora, mais do que nunca, existe
um interesse crescente em se identificar os fatores que levam a um
envelhecimento sadio. Além disso, existe também um grande interesse dos
estudiosos em nutrição para ligar as práticas dietéticas com a redução ou
retardo das mudanças e doenças que surgem com o envelhecimento, já que a boa
nutrição está associada com o aumento da qualidade e expectativa de vida das
pessoas.
O processo de envelhecimento e a importância da boa
alimentação
O envelhecimento é um processo normal que começa
com a concepção e termina com a morte. O envelhecimento fisiológico de uma
pessoa começa no final do período de crescimento e desenvolvimento. As mudanças
ocorrem lentamente e são influenciadas pelos eventos da vida, enfermidades,
heranças genéticas, stress ou estado sócio-econômico, acesso à cuidados médicos
e com o ambiente. Em razão dessas influências sobre as pessoas, está cada vez
mais claro que o envelhecimento cronológico é bem diferente de um
envelhecimento fisiológico e funcional. Portanto, pessoas da mesma idade
cronológica, sobretudo após os 60 anos, podem ter seu envelhecimento funcional
e fisiológico diferenciado. Essa diferenciação é acentuada com o avanço da
idade, tornando as pessoas diferentes de seus contemporâneos, de mesma idade
cronológica.
As mudanças degenerativas que acompanham o
envelhecimento não são bem entendidas, embora um certo número de teorias tenham
sido propostas para explicar, pelo menos em parte, a deterioração que é
observada. Não se sabe se as mudanças são programadas de forma inevitável no
genoma, ou se elas ocorrem como resultado de uma exposição durante a vida toda
à influências ambientais, tais como stress, nutrição ou radiação solar.
Entretanto, estudos mostram que dentre os fatores
que podem condicionar a qualidade de vida e a longevidade do ser humano, a
nutrição é um dos principais, sendo que várias mudanças decorrentes do processo
de envelhecimento podem ser atenuadas com uma alimentação adequada e balanceada
nos aspectos dietético e nutritivo.
Estudos tem demonstrado que as condições
nutricionais da população idosa brasileira é preocupante. Os efeitos da
alimentação inadequada, tanto por excesso como por déficit de nutrientes, tem
grande incidência, o que reflete num quadro latente de má-nutrição em maior ou
menor grau. Em termos absolutos, estima-se que no Brasil exista cerca de
1.300.000 idosos com baixo peso, sendo que a desnutrição representa,
atualmente, mais de 35% nos registros de mortes de idosos brasileiros nas
regiões metropolitanas. Estima-se também que mais de 15% dos idosos consumam
menos de 1000 Kcal/dia.
Dentre as principais causas que levam o idoso à perda
de peso e à desnutrição estão as alterações fisiológicas próprias do
envelhecimento, as enfermidades crônicas e fatores relacionados à situação
social do idoso. Com relação às alterações fisiológicas, sabe-se que o
envelhecimento leva a efetivas reduções na capacidade funcional, desde a
sensibilidade para os gostos primários até os processos metabólicos do
organismo. Mastigação e deglutição prejudicados, falta de dentes, entre outros
fatores, levam o idoso a uma ingestão nutricional deficiente. As doenças
crônicas, que muitas vezes são decorrentes de uma má alimentação na vida
adulta, são também citadas como fatores que levam o idoso à desnutrição. O uso
de múltiplos medicamentos, os quais influenciam a ingestão de alimentos, a
digestão, absorção e utilização dos diversos nutrientes, pode comprometer o
estado de saúde e o requerimento nutricional do idoso. Fatores sociais como a
perda do cônjuge, isolamento social e depressão, podem interferir amplamente. O
modo de vida, geralmente solitário da maioria dos idosos, impõe-lhes muitas
limitações. A solidão predispõe o idoso à falta de ilusão e preocupação
consigo, fazendo com que se alimente mal e pouco. Nesses casos, há uma
tendência ao desestímulo para preparar alimentos variados e nutritivos.
Verifica-se, com freqüência, elevado consumo de produtos industrializados como
doces e massas, ou de fácil preparo como chás e torradas, o que afeta a
adequação de nutrientes ao organismo e o coloca em risco de má-nutrição.
A capacidade de deslocamento do idoso, ou seja, de
realizar sozinho as atividades cotidianas, gera má-nutrição também, pois nessas
circunstâncias, a aquisição de alimentos e o preparo das refeições pode se
tornar muito difícil.
Homem X Envelhecimento X Doenças
Dentre as mudanças que ocorrem com o envelhecimento
e que estão ligadas à nutrição podem-se destacar mudanças no paladar, havendo
uma diminuição da sensibilidade ao gosto de doce e salgado; a falta de dentes e
a menor secreção salivar diminui a capacidade para mastigar e deglutir o
alimento; mudanças no apetite podem contribuir para a anorexia; uma menor
absorção da vitamina B12, levando ao aparecimento de anemia; a menor motilidade
no intestino grosso pode levar à constipação; uma diminuição na tolerância à
glicose pode levar a um aumento na glicose plasmática de 1,5mg/dL por década,
podendo levar à hiperglicemia e possível diabetes; os vasos sangüíneos
tornam-se menos elásticos e a resistência periférica total aumenta, levando a
uma prevalência crescente de hipertensão; os níveis de colesterol e
LDL-colesterol séricos aumentam, podendo levar à doenças cardiovasculares; a
função do rim pode diminuir em 50%, levando à deficiência renal; a diminuição
da densidade óssea pode levar à osteoporose, e além disso, o encurtamento da
coluna espinhal pode levar a uma perda de estatura.
O sistema imunológico é também um dos mais
importantes alvos do envelhecimento. O declínio da função imunológica,
associado com a idade, aumenta a susceptibilidade dos idosos aos agentes
infecciosos. Observa-se também com o envelhecimento que na gênese da maioria
das doenças citadas estão as agressões internas provocadas pelos radicais
livres. Tais radicais são produzidos continuamente como resultado de reações
químicas essenciais que ocorrem naturalmente no corpo e podem ter sua produção
aumentada na presença de uma alimentação pouco saudável. Em pessoas com hábitos
de vida saudáveis, esses radicais livres acabam sendo controlados. Portanto, o
uso de fontes alimentícias ricas em vitaminas do complexo B e de antioxidantes
como vitamina C, E, betacaroteno, magnésio, zinco, selênio, manganês e cromo,
bloquearia o efeito nocivo destes radicais. Além disso, alimentos refinados,
bem como o excesso de álcool devem ser evitados. Recomenda-se, também, moderar
o consumo de gordura, pois essa é a principal fonte de produção interna de
radicais livres.
As necessidades nutricionais do idoso
As necessidades nutricionais das pessoas idosas são
essencialmente individuais, em razão das diferenças na progressão do processo
degenerativo e da intercorrência de enfermidades. Em pessoas idosas, as
exigências nutricionais dependem do estado geral de saúde, dos níveis de
atividade física, das alterações na capacidade de mastigação, digestão e
absorção dos nutrientes e da eficiência do metabolismo, além de alterações no
sistema endócrino e no estado emocional.
Geralmente, as necessidades energéticas são
consideradas mais baixas após os 55 anos para ambos os sexos. As recomendações
dietéticas pedem após os 55 anos de idade, normalmente, uma redução das doses
médias de energia de 600 Kcal/dia para o homem e 300 Kcal/dia para as mulheres.
O uso de carboidratos complexos e fibras na dieta
(cereais como aveia, farelo de trigo, arroz integral, frutas e hortaliças) são
altamente indicados por serem importantes na prevenção e controle de doenças
cardiovasculares, diabetes, constipação, entre outras, comuns nesta fase da
vida. O uso de açúcar (principalmente o refinado) deve ser reduzido a fim de
melhorar a sensibilidade à insulina, pois existem evidências de que com o
avanço da idade ocorre uma diminuição da tolerância à glicose.
Com relação à proteína, estudos recentes mostram
que o requerimento protéico para a pessoa idosa saudável não diminui com a
idade e deve estar entre 0,8 a 1,0g/Kg de peso corporal/dia. Mas, em casos de
doença (traumas, cirurgias e infecções), a oferta de proteína deverá
corresponder a até 16% do valor energético ingerido.
Quanto aos lipídios, existem evidências de que o
consumo elevado de gorduras saturadas no idoso está relacionado com a maior
incidência de desordens cardiovasculares e câncer. Por isso, recomenda-se que a
pessoa reduza o uso de gordura saturada e colesterol, substituindo-os pela
gordura insaturada. Substituir as carnes gordas (bovina, suína), embutidos em
geral (linguiça, salsicha, salame, etc), por alimentos como as carnes magras e
carnes brancas (frango sem pele e peixes) e dar sempre preferência ao azeite de
oliva no preparo dos alimentos.
Com relação as vitaminas e minerais, vários estudos tem demonstrado que os requerimentos de minerais e vitaminas no idoso não se encontram alterados, desde que as pessoas sejam saudáveis e possuam bons hábitos alimentares. Mas determinadas condições de saúde, como por exemplo o estilo de vida solitário do idoso, indicam suplementação vitamínica e de minerais.
A água, que é um nutriente muito importante nos idosos, muitas vezes é esquecida. A inadequada ingestão de água pelos idosos leva a uma desidratação rápida e a problemas associados com hipertensão, elevação na temperatura corporal, constipação, náuseas e vômito, secura das mucosas, diminuição da excreção da urina e confusão mental.
Com relação as vitaminas e minerais, vários estudos tem demonstrado que os requerimentos de minerais e vitaminas no idoso não se encontram alterados, desde que as pessoas sejam saudáveis e possuam bons hábitos alimentares. Mas determinadas condições de saúde, como por exemplo o estilo de vida solitário do idoso, indicam suplementação vitamínica e de minerais.
A água, que é um nutriente muito importante nos idosos, muitas vezes é esquecida. A inadequada ingestão de água pelos idosos leva a uma desidratação rápida e a problemas associados com hipertensão, elevação na temperatura corporal, constipação, náuseas e vômito, secura das mucosas, diminuição da excreção da urina e confusão mental.
Estudo no Lar dos Velhinhos de Piracicaba
Há algum tempo, eu e minha equipe vínhamos
trabalhando em um alimento para pessoas com mais de 55 anos de idade. O objetivo
principal desse trabalho era de desenvolver um alimento que satisfizesse às
necessidades nutricionais que muitas vezes não são proporcionadas pela dieta do
dia a dia devido às deficiências existentes numa alimentação inadequada.
Com o passar do tempo, dos estudos e pesquisas
surgiu um alimento altamente nutritivo, rico em carboidratos complexos e fibras
(importantes na prevenção e controle de doenças do intestino como,
diverticulite, constipação e câncer de cólon e doenças cardiovasculares e diabetes),
rico em proteínas de alto valor biológico que contribuem para o reparo,
construção e manutenção dos tecidos e com bons níveis de cálcio, ferro, zinco,
vitamina A, ácido fólico e selênio que previnem doenças como a osteoporose,
anemia, ajuda no fortalecimento do sistema imunológico e combate a formação de
radicais livres.
Este alimento, que ficou conhecido como Suprinutri
Senior, foi então testado em idosos vivendo no Lar dos Velhinhos de
Piracicaba, e os resultados do estudo foram bastante animadores. Os idosos que
consumiram o alimento apresentaram melhora no funcionamento do intestino, na
disposição geral, ganharam um quilo de peso em média durante o estudo e
apresentaram níveis sangüíneos de cálcio maior que aqueles que não consumiram o
alimento. A pesquisa foi apresentada no I Simpósio Internacional de Medicina
Antienvelhecimento e está publicada no livro Odontogeriatria da editora Artes
Médicas.”
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