17/10/2014 - 08:41
Ao contrário do que diz o senso comum e os conselhos de muitos médicos dos últimos anos, comer mais gordura pode ser benéfico para a saúde. Diversos estudos recentes apontam para o facto de que certos tipos de gorduras - não todos - podem sair da lista de "vilões", seja para quem quer emagrecer ou evitar problemas cardíacos, afirma o médico Michael Mosley, que apresenta o programa da BBC "Trust me, I'm a Doctor", avança o Diário Digital.
Ao contrário do que diz o senso comum e os conselhos de muitos médicos dos últimos anos, comer mais gordura pode ser benéfico para a saúde. Diversos estudos recentes apontam para o facto de que certos tipos de gorduras - não todos - podem sair da lista de "vilões", seja para quem quer emagrecer ou evitar problemas cardíacos, afirma o médico Michael Mosley, que apresenta o programa da BBC "Trust me, I'm a Doctor", avança o Diário Digital.
Se a crença era a de que gorduras saturadas criavam coágulos nas artérias e engordavam, novas evidências mostram que consumi-las pode, na verdade, ajudar a perder peso e ser benéfico para o coração.
No início do ano, por exemplo, um
estudo liderado pela British Heart Foundation causou polémica. Cientistas de
Oxford, Cambridge e Harvard, entre outros, examinaram a ligação entre o consumo
de gordura saturada e doenças cardíacas.
Apesar de analisar o resultado de
quase 80 estudos envolvendo mais de meio milhão de pessoas, os cientistas não
encontraram evidências convincentes de que comer gorduras saturadas implicava
um maior risco de problemas cardíacos.
Mais do que isso, quando analisaram os
testes sanguíneos, descobriram que altos níveis de gorduras saturadas estão
associados a um menor risco de doenças coronárias. E isso é válido
especialmente no que diz respeito ao tipo de gordura saturada encontrada no
leite e outros lacticínios, conhecido como "ácido margárico".
A pesquisa provocou desconfiança por
parte de alguns especialistas, que temem que o resultado possa confundir as
pessoas e que passe não uma mensagem de que é benéfico consumir mais de algumas
outras formas de gordura, mas sim de que é bom comer muito mais gorduras
saturadas até em doces.
E isso é preocupante, segundo eles,
porque é sabido que os elevados níveis de obesidade no mundo têm vindo a ser
inflamados por petiscos como muffins, bolos e salgados, todos com altos índices
de gordura, açúcares e calorias.
Kay-Tee Khaw, de Departamento de Saúde
Pública da Universidade de Cambridge, foi enfática ao dizer que a pesquisa não
é uma licença para se encher de "junk food". Mas concordou que os
resultados tornam o cenário nutricional mais complicado.
"É complicado no sentido de que
alguns alimentos que têm muitas gorduras saturadas parecem reduzir doenças
cardíacas."
Segundo a especialista, há fortes
evidências de que comer oleaginosas algumas vezes por semana reduz o risco de
problemas do coração, apesar de conterem gorduras saturadas e insaturadas. A
investigadora afirma ainda que as provas disso são menos fortes em relação a
lacticínios, e vê poucos problemas no consumo de manteiga e leite.
Mas, deixando de lado as questões
cardíacas, de qualquer forma, as gorduras são prejudiciais porque engordam,
certo? Não necessariamente.
Um estudo recente produzido pelo
Scandinavian Journal of Primary Health Care, intitulado "Alto consumo de
gordura de lacticínios ligado a menos obesidade" questiona essa relação.
No estudo, investigadores analisaram
1.589 suecos durante 12 anos. Os que adoptavam uma dieta baixa em gorduras –
cortando com a manteiga, leite desnatado e doces tinham mais tendência a terem
excesso de peso na região abdominal do que os que consumiam manteiga, leite A e
doces.
Uma das razões para isso pode ser o
facto de que consumir gordura faz a pessoa ficar saciada rapidamente, então,
quando esta é cortada da dieta, o que se faz é substituir (conscientemente ou
não) calorias por outros alimentos. E frequentemente essa substituição vem em
forma de hidratos de carbono como pão branco e massas.
O que se está a concluir até ao
momento é que não está a dar um “livre passe” para comer fritos ou colocar
doces em tudo, porque mesmo o coração não sendo prejudicado pelo consumo de
gorduras, já está provado que ele é sim afectado por uma elevada ingestão de
calorias.
"Acredito que a maioria das
gorduras saturadas, especialmente a de alimentos processados, não são
saudáveis", disse Michael Mosley. "Mas voltei a consumir manteiga,
iogurte grego e leite semidesnatado, além de estar a comer muito mais
castanhas, nozes, peixe e vegetais".
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