Para a indústria farmacêutica e uma parte da medicina e dos médicos as doenças se tornaram uma fonte inrterminável de lucros e enriquecimento
A distorção dos princípios e da ética da indústria farmacêutica e de boa parte da medicina
Hoje, a maioria das pessoas está
descontente com os resultados da medicina convencional, e isso tem fundamentos.
A medicina moderna baseia-se na
ciência experimental, que está fundamentada no “método científico”, o qual
integra em si os conceitos e princípios da física newtoniana, do cartesianismo
e do empirismo moderno. Disso resulta uma medicina que tem uma base filosófica
materialista e utiliza os experimentos, a análise, a lógica, a dedução, as leis
da física e os cálculos matemáticos para formar uma visão do ser humano, de
suas doenças, dos métodos terapêuticos e da cura.
Apesar do grande conhecimento físico
sobre o corpo humano gerado pela medicina moderna e dos sucessos na aplicação
dos recursos terapêuticos para o tratamento das doenças, seus princípios e sua
metodologia resultaram numa visão árida, incompleta e fragmentada do ser
humano.
Essa visão materialista encara o ser
humano como um ser puramente biológico, vivendo dentro de um ambiente material
e relacionando-se através de seus instintos e produções psíquicas. Suas
produções psíquicas são consideradas apenas como subprodutos de suas reações
bioquímicas.
A partir dessa visão, em geral,
desconsideram-se os significados emocionais e existenciais da vida do paciente,
e as relações entre a sua mente e o seu corpo na formação de suas doenças são
praticamente desprezadas. Isso ocasiona uma perda do sentido integrado do
indivíduo com os vários aspectos de sua vida e impede uma compreensão sábia e
inteligente sobre as reais causas de suas doenças por parte do médico – que
devido a isso é incapaz de tratá-lo em profundidade, mediante os métodos
corretos.
Além disso, como a medicina moderna
desumanizou-se e desespiritualizou-se – perdendo parâmetros e princípios
humanos, espirituais, integrativos, holísticos e mesmo éticos -, ela também
degenerou-se, submetendo-se e até associando-se às grandes multinacionais
farmacêuticas, criando uma “indústria da doença”, onde o foco não é mais a
pessoa, mas sim a doença e o remédio. É por isso que hoje o foco da medicina e
da farmácia modernas não é mais a busca da saúde humana, mas sim a pesquisa de
remédios e de métodos para tratar doenças e oferecê-los continuamente aos
doentes.
Gerou-se um ciclo vicioso de criar
remédios e terapias para as doenças, sem buscar as causas fundamentais das
mesmas, que normalmente estão nos conflitos psicológicos dos indivíduos.
Consequentemente, as doenças humanas e suas curas reais ficaram em segundo
plano, e, devido ao interesse financeiro e a ignorância, toda a ênfase foi dada
à pesquisa dos remédios químicos.
Segundo um estudo da IMS Health –
empresa que fornece informações, serviços e tecnologia para o setor de saúde no
mundo – a indústria farmacêutica pretende alcançar em 2015, somente no Brasil,
um mercado de R$ 110 bilhões. Já, no mundo, em 2011, o mercado farmacêutico
alcançou cerca de U$ 950 bilhões.
Os gráficos e relatórios da IMS Health
mostram um interesse evidente em lucros, mostrando as posições das empresas
farmacêuticas dentro do ranking mundial de vendas de remédios etc. Ítens como o
“Top 20 de produtos globais” e “Melhores empresas de vendas nos EUA”
evidenciam claramente não as pesquisas sobre a saúde, sobre a cura de doenças e
o bem-estar humano, mas a ganância que está por trás, por exemplo, do interesse
no crescimento e no aumento de vendas em relação às 20 doenças que afetam mais
as pessoas nos EUA (“Top 20 classes terapêuticas”).
É chocante, mas real: as doenças são
vistas a partir da perspectiva da venda de remédios; são vistas como fonte
permanente de lucros e enriquecimento, e como meio para o sucesso na escalada
do mercado global.
O que fazer a partir desse cenário?…
As pessoas precisam aprender sobre o
seu próprio organismo e sobre o que é ser saudável. Precisam educar-se sobre a
sua saúde, sobre os meios naturais de tratar-se e curar-se e sobre as boas
práticas para a saúde. E, quando for preciso, buscar os bons médicos e
terapeutas que têm uma visão humana e integrada das pessoas, e que usam meios
naturais e alternativos para o tratamento, a cura e o restabelecimento da
saúde.
Mas, precisamos ser cuidadosos, porque
também nos meios ditos alternativos existem pessoas ambiciosas e embusteiras, e
por isso, precisamos usar a nossa sensibilidade e inteligência para discernir
entre os bons e os maus médicos e terapeutas.
Em geral, os médicos e terapeutas mais
doces e humanos, que não cobram exorbitâncias e que são interessados e atentos
em nós e na resolução de nossos problemas, são os realmente bons.
Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e
cientista social.
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