domingo, 23 de fevereiro de 2014

Fascismo à Brasileira

Parece crescente e cada vez mais evidente no Brasil que importantes setores da classe média e classe alta simpatizam com ideais semelhantes aos que formaram o caldeirão social do fascismo

Historicamente a adesão inicial ao fascismo foi um fenômeno típico das classes dominantes desesperadas e das classes médias empobrecidas e apenas pontualmente conquistou os estratos mais baixos da sociedade, ideologicamente dominados pelo trabalhismo social-democrata ou pelo comunismo. Nos mais diversos cantos do mundo, dos nazistas na Alemanha e camisas-negras na Itália, aos integralistas brasileiros e caudilhistas espanhóis seguidores de Franco, as classes médias, empobrecidas pelas sucessivas crises do pós-guerra (1921 e especialmente 1929), formaram o núcleo duro dos movimentos fascistas.

Esse alinhamento ao fascismo teve como fundo principal uma profunda descrença na política, no jogo de alianças e negociatas da democracia liberal e na sua incapacidade de solucionar as crises agudas que seguiam ao longo dos anos 1910, 20 e 30. Enquanto as democracias liberais estavam estáveis e em situação econômica favorável, com certo nível de emprego e renda, os movimentos fascistas foram minguados e pontuais, muito fracos em termos de adesão se comparados aos movimentos comunistas da mesma época. Porém, uma vez que a democracia liberal e sua ortodoxia econômica mostraram uma gritante fraqueza e falta de decisão diante do aprofundamento da crise econômica nos anos 1920 e 30, a população se radicalizou e clamou por mudanças e ação.

Lembremos que, quando os nazistas foram eleitos em 1932, a votação foi bastante radical se comparada aos pleitos anteriores; 85% dos votos dos eleitores alemães foram para partidos até então considerados mais radicais, a saber, Socialistas (social-democracia), Comunistas e Nazistas (nacional-socialistas), os dois primeiros à esquerda e o último à direita. Os conservadores ortodoxos, anteriormente no poder, estavam perdidos em seu continuísmo e indecisão, sem saber o que fazer da economia e às vezes até piorando a situação, como foi o caso da Áustria até 1938, completamente estagnada e sem soluções para sair da crise e do desemprego, refém da ortodoxia de pensadores da escola austríaca, tornando-se terreno fértil para o radicalismo nazista (que havia fracassado em 1934).

Além disso, o fascismo se apresentava como profundamente anticomunista, o que, do ponto de vista das classes dominantes mais abastadas e classes médias mais estáveis (proprietárias) menos afetadas pelas crises, era uma salvaguarda ideológica, pois o “Perigo Vermelho”, isto é, o medo de que os comunistas poderiam de fato tomar o poder, era um temor bastante real que a democracia liberal parecia incapaz de “resolver” pelos seus tradicionais métodos, especialmente após a crise de 1929. O fascismo desta maneira se apresentou como último refúgio dos conservadores (sejam de classe média ou da elite) contra o socialismo. Os intelectuais que influenciavam os setores sociais menos simpáticos ao fascismo, o viam como um mal menor “temporário” para proteger a “boa sociedade” das “barbáries socialistas”, como o guru liberal Ludwig von Mises colocou, reconhecendo a fraqueza da democracia liberal face ao “problema comunista”:

Não pode ser negado que o Fascismo e movimentos similares que miram no estabelecimento de ditaduras estão cheios das melhores intenções e que suas intervenções, no momento, salvaram a civilização européia. O mérito que o Fascismo ganhou por isso viverá eternamente na história. Mas apesar de sua política ter trazido salvação para o momento, não é do tipo que pode trazer sucesso contínuo. Fascismo é uma mudança de emergência. Ver como algo mais que isso, seria um erro fatal. (L. von Mises, Liberalism, 1985[1927], Cap. 1, p. 47)

Além da descrença na política tradicional e do temor do perigo vermelho num cenário de crise, houve ainda uma razão fundamental para as classes médias adentrarem as fileiras do fascismo: o medo do empobrecimento e a perda do status social.

Esse sentimento – chamado de declassemént ou declassê no aportuguesado, algo como ”deixar de ser alguém de classe” – remetia ao medo de se proletarizar e viver a vida miserável que os trabalhadores, maior parte da população, viviam naquela época. Geralmente associava-se ao receio de que o prestígio social ou o reconhecimento social por sua posição econômica esmorecessem, mesmo para pequenos proprietários e profissionais liberais sem títulos de nobreza (ver Norbet Elias, Os Alemães). Esse medo entra ainda no contexto de uma evidente rejeição republicana, uma reação conservadora do etos nobiliárquico que dominava as classes altas e parte das classes médias urbanas nos países fascistas, à consolidação dos ideais liberais (mais igualitários) na estrutura social de poder e de privilégios, isto é, na tradição social aristocrática. Não foi por acaso que o fascismo foi uma força política exatamente onde os ideais liberais jamais haviam se arraigado, como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha e Brasil.

Por fim, cumpre lembrar que os fascistas apelam à violência como forma de ação política. Como disse Mussolini: “Apenas a guerra eleva a energia humana a sua mais alta tensão e coloca o selo de nobreza nas pessoas que têm a coragem de fazê-la” (Doutrina do Fascismo, 1932, p. 7). A perseguição sem julgamento, campos de trabalho e autoritarismo não só vieram na prática muito antes do genocídio e da guerra, mas também já estavam em suas palavras muito antes de acontecerem. No discurso e na prática, a sociedade é (ou destina-se) apenas para aqueles que o fascista identifica como adequados; há um evidente elitismo e senso de pertencimento “correto” e “verdadeiro”, seja uma concepção de nação ou de identidade de raça ou grupo. E essa identidade “verdadeira” será estabelecida à força se preciso.

Mas porque estamos falando disso?

Parece crescente e cada vez mais evidente no Brasil que importantes setores da classe média e classe alta simpatizam com ideais semelhantes aos que formaram o caldeirão social do fascismo?

Vimos em texto recente que a sociedade brasileira, em particular a classe média tradicional e a elite, carrega fortes sentimentos anti-republicanos (ou anticonstitucionais), herdados de nossa sucessão de classes dominantes sem conflito e mudança estrutural, sem qualquer alteração substancial de sua posição material e política, perpetuando suas crenças e cultura de Antigo Regime. Privilégios conquistados por herança ou “na amizade”, contatos pessoais, indicações, nepotismos, fiscalização seletiva e personalista; são todas marcas tradicionais de nossa cultura política. A lei aqui “não pega”, do mesmo jeito que para nazistas a palavra pessoal era mais importante que a lei. Há um paralelo assustador entre a teoria do fuhrerprinzip e a prática da pequena autoridade coronelista, à revelia da lei escrita, presente no Brasil.

Talvez por isso, também tenhamos, como a base social do fascismo de antigamente, uma profunda descrença na política e nos políticos. Enojada pelo jogo sujo da política tradicional, das trocas de favores entre empresas e políticos, como o caso do Trensalão ou entre políticos e políticos, como os casos dos mensalões nos mais variados partidos, a classe média tradicional brasileira se ilude com aventuras políticas onde a política parece ausente, como no governo militar ou na tecnocracia de governos de técnicos administrativos neoliberais. Ambos altamente políticos, com sua agenda definida, seus interesses de classe e poder, igualmente corruptos e escusos, mas suficientemente mascarados em discursos apolíticos e propaganda, seja pelo tecnicismo neoliberal ou pelo nacionalismo vazio dos protofascistas de 1964, levando incautos e ingênuos a segui-los como “nova política” messiânica que vai limpar tudo que havia de ruim anteriormente

Por sua vez, como terceiro ponto em comum, partes das classes médias tradicionais e a elite tem um ódio encarnado de “comunistas”, e basta ler os “bastiões intelectuais” da elite brasileira, como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino ou Olavo de Carvalho ou mesmo porta-vozes do soft power do neoconservadorismo brasileiro, como Lobão e Rachel Sherazade. É curioso que o mais radical deles, Olavo de Carvalho, enxergue “marxismo cultural” em gente como George Soros (mega-especulador capitalista), associando-o ao movimento comunista internacional para subjugar o mundo cristão ocidental. Esse argumento em essência é basicamente o mesmo de Adolf Hitler: o marxismo e o capital financeiro internacional estão combinados para destruir a nação alemã (Mein Kampf, 2001[1925], p. 160, 176 e 181).

A violência fascista, por sua vez, é apresentada na escalada de repressão punitivista e repressora do Estado, apesar de – ainda – ser menos brutal que o culto à guerra dos fascistas dos anos 1920 e 30. Antes restritos apenas aos programas sensacionalistas de tv sobre violência urbana e aos apologistas da ditadura como Jair Bolsonaro, o discurso violento proto-fascista “bandido bom é bandido morto”, que clama por uma escalada de repressão punitiva, sai do campo tradicionalmente duro da extrema direita e se alinha ao pensamento de economistas liberais neoconservadores que consideram que “o criminoso faz um cálculo antes de cometer seu crime, então é o caso de elevar constantemente o preço do crime (penas intermináveis, assédio, execuções), na esperança de levar aqueles que sentirem tentados à conclusão de que o crime já não compensa” (Serge Hamili, 2013). Assim, a apologia repressora se alinha à lógica do punitivismo mercantil de apologistas do mercado, mimetizando um Chile de Pinochet onde um duríssimo estado repressor, anticomunista, está alinhado com o discurso neoliberal mais radical.

E, ainda, somam-se a isso tudo o classismo e o racismo elitista evidentes de nossa “alta” sociedade. Da “gente diferenciada” que não pode frequentar Higienópolis, passando pelo humor rasteiro de um Gentili, ou o explícito e constrangedor classismo de Rachel Sherazade, que se assemelha à “pioneira revolta” de Luiz Carlos Prates ao constatar que “qualquer miserável pode ter um carro”, culminando com o mais vergonhoso atraso de Rodrigo Constantino em sua recente coluna, mostrando que nossos liberais estão mais inspirados por Arthur de Gobineau e Herbert Spencer do que Adam Smith ou Thomas Jefferson. A elite e a classe média tradicional (que segue o etos da primeira), não têm mais vergonha de expor sua crença no direito natural de governar e dominar os pobres, no “mandato histórico” da aristocracia sobre a patuléia brasileira. O darwinismo social vai deixando o submundo envergonhado da extrema direita para entrar nos nossos televisores diariamente.

Assim, com uma profunda descrença na política tradicional e no parlamento, somada a um anti-republicanismo dos privilégios de classe e herança, temperados por um anticomunismo irracional sob auspícios de um darwinismo social histórico e latente, aliado a uma escalada punitivista alinhada a “ciência” econômica neoliberal, temos uma receita perigosa para um neofascismo à brasileira. Porém, antes que corramos para as montanhas, falta um elemento fundamental para que esse caldeirão social desemboque em prática neofascista real: crise econômica profunda.

Apesar do terrorismo midiático, nossa sociedade não está em crise econômica grave que justifique esta radicalização filo-fascista recente. Pela primeira vez em décadas, o país vive certo otimismo econômico e, enquanto no final dos anos 1990, um em cada cinco brasileiros estava abaixo da linha da pobreza, hoje este número é um em cada 11. A Petrobrás não só não vai quebrar como captou bilhões recentemente. A classe média nunca viajou, gastou no exterior e comprou tanto quanto hoje, nem mesmo no auge insano do Real valendo 0,52 centavos de dólar. O otimismo brasileiro está muito acima da média mundial, mesmo que abaixo das taxas dos anos anteriores.

No entanto, apesar de tudo isso, parte das antigas classes médias e elites continuam se radicalizando à extrema direita, dando seguidos exemplos de racismo, intolerância, elitismo, suporte ao punitivismo sanguinário das polícias militares, aplaudindo a repressão a manifestações e indiferentes a pobres sendo presos por serem pobres e negros em shopping centers. Isso tudo com aquela saudade da ditadura permeando todo o discurso. Se não há o evidente declassmént, o empobrecimento econômico, ou mesmo um medo real do mesmo, como explicar esta radicalização protofascista?

Não é possível que apenas o tradicional anti-republicanismo, o conservadorismo anti-esquerdista e o senso de superioridade de nossas elites e classes médias tradicionais sejam suficientes para esta radicalização, pois estes fatores já existiam antes e não desencadeavam tamanha excrescência fascistóide pública.

Não.

O Brasil vive um fenômeno estranho. As classes médias tradicionais e elite estão gradualmente se radicalizando à extrema direita muito mais por uma sensação de declassmént do que por uma proletarização de fato, causada por alguma crise econômica. Esta sensação vem, não do empobrecimento das classes médias tradicionais (longe disso), mas por uma ascensão econômica das classes historicamente subalternas. Uma ascensão visível. Seja quando pobres compram carros com prestações a perder de vista; frequentam universidades antes dominadas majoritariamente por ricos brancos; ou jovens “diferenciados” e barulhentos frequentam shoppings de classe média, mesmo que seja para olhar a “ostentação”; ou ainda famílias antes excluídas lotando aeroportos para visitar parentes em toda parte.

Nossa elite e antiga classe média cultivaram por tanto tempo a sua pretensa superioridade cultural e evidente superioridade econômica, seu sangue-azul e posição social histórica; a sua situação material foi por tanto tão sem paralelo num dos mais desiguais países do mundo, que a mera percepção de que um anteriormente pobre pode ter hábitos de consumo e culturais similares aos dela, gera um asco e uma rejeição tremenda. Estes setores tradicionais, tão conservadores que são, tão elitistas e mal acostumados que são, rejeitam em tal grau as classes historicamente humilhadas e excluídas, “a gente diferenciada” que deveria ter como destino apenas à resignação subalterna (“o seu lugar”), que a ascensão destes “inferiores” faz aflorar todo o ranço elitista que permanecia oculto ou disfarçado em anti-esquerdismo ou em valores familiares conservadores. Não há mais máscara, a elite e a classe média tradicional estão mais e mais fazendo coro com os históricos setores neofascistas, racistas e pró-ditadura. Elas temem não o seu empobrecimento de fato, mas a perda de sua posição social histórica e, talvez no fundo, a antiga classe média teme constatar que sempre foi pobre em relação à elite que bajula, e enquanto havia miseráveis a perder de vista, sua impotência política e vazio social, eram ao menos suportáveis.

*Leandro Dias é formado em História pela UFF e editor do blog Rio Revolta. Escreve mensalmente para Pragmatismo Politico. (riorevolta@gmail.com)

Texto revisado por Carolina Dias

REFERÊNCIAS GERAIS:

ELIAS, Norbert. Os Alemães. Rio de Janeiro: Zahar, 1996

HAMILI, Serge. O laissez faire é libertário?. IN: Le Monde Diplomatique Brasil, número 71, 2013.

HITLER, Adolf. Mein Kampf. São Paulo: Centauro, 1925

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras,1996

MISES, Ludwig von. Liberalism.Irvington.The Foundation for Economic Education, 1985

MUSSOLINI, Benito. Doctrine of Fascism. Online World Future Fund. 1932

POULANTZAS, Nicos. Fascismo e Ditadura. Porto: Portucalense, 1972

SCHMIT, Carl. Teologia Política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006


Medicamentos de marca vendem menos 65% logo no primeiro ano em que há um genérico

Por
Fármacos destinados ao aparelho cardiovascular são os mais afectados pelo sucesso das marcas brancas, segundo estudo que analisou o volume de vendas dos medicamentos entre 2003 e 2012

(PORTUGAL)
Sempre que um medicamento de marca deixa de estar protegido pela sua patente, há vários laboratórios que aproveitam esta janela de oportunidade para lançar no mercado versões genéricas do mesmo, as quais, por imposição legal, têm de ser 50% mais baratas que o fármaco original

Com os chamados medicamentos de marca branca a ganharem cada vez mais peso, torna-se especialmente visível o impacto que têm ao chegar ao mercado: só no primeiro ano os medicamentos de marca perdem em média 65% do volume de vendas em termos de embalagens para os genéricos, segundo dados de um estudo.

O trabalho intitulado “Mercado Farmacêutico Português no Séc. XXI – Marcas Vs. Genéricos”, desenvolvido pelo investigador Alberto Castro no IPAM – The Marketing School, no Porto, no âmbito da tese de mestrado, mostra, porém, que há diferenças consoante as áreas terapêuticas. E, mesmo dentro da mesma área, há mudanças no comportamento de medicamento para medicamento, existindo alguns que podem ultrapassar os 80% de perdas e outros que conseguiram excepcionalmente continuar a crescer.

Alberto Castro analisou de 2003 a 2012 a evolução do volume de vendas de todos os medicamentos de marca para o qual passou a existir um genérico e seleccionou depois cinco classes terapêuticas em termos de peso, onde analisou algumas tendências isoladas. Construiu, ainda, um modelo preditivo para antecipar o comportamento de marcas que venham a perder a patente e a concorrer com genéricos. “Apesar de termos genéricos desde 2000, analisei os dados desde 2003, por ser a partir daí que começam a ter expressão, que aliás vindo a aumentar devido a políticas sucessivas dos diversos governos”, explica ao PÚBLICO.

O investigador salienta que se concentrou no volume de vendas em unidades e não no valor, justificando que “o preço flutua muito e é uma variável de marketing, enquanto o volume não”. A análise permitiu perceber que foi, sobretudo, a partir de 2007 que houve o grande revés, com os medicamentos de marca a baixarem dos 200 milhões de embalagens vendidas e os genéricos a ultrapassarem os 50 milhões. O crescimento dos genéricos trouxe também mudanças na liderança das farmacêuticas, com algumas empresas recentemente criadas e dedicadas às marcas brancas a tornarem-se líderes de mercado.

Os últimos dados da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) indicam que em 2013, ainda sem dados relativos a Dezembro, a quota de medicamentos genéricos nas farmácias atingiu, em termos de volume, os 27,9%. A quota cresceu 6,3 pontos percentuais nos últimos três anos. No que diz respeito ao valor, o preço médio caiu de 20,38 euros em 2007 para 6,88 em 2013 – o que representa uma queda de mais de 66%.

As principais conclusões do trabalho mostram que os fármacos destinados ao aparelho cardiovascular são os mais afectados pela entrada dos genéricos, com perdas médias de 86% logo no primeiro ano, seguidos dos medicamentos para o sistema nervoso (40%), para o aparelho respiratório (34%), músculo-esquelético (30%) e digestivo e metabolismo (28%). “Não esperava um número tão elevado nos 12 primeiros meses. Talvez no máximo 40%, até por à medida que os anos vão passando o impacto ser cada vez maior”, admite o autor.

Questionado sobre as consequências desta mudança ao fim de dez a 15 anos de patente, Alberto Castro considera que o grande problema é conseguir uma conjugação razoável. “É preciso um grande equilíbrio para ser possível continuarmos a ter tecnologia a preços acessíveis mas sem comprometer a investigação terapêutica. A área da antibioterapia é uma das que tem tido menos desenvolvimento, precisamente por o investimento não compensar. E esse é um dos principais motivos em termos de saúde pública para precisarmos de ter uma utilização racional dos antibióticos de que dispomos para as bactérias não ganharem resistências”, sublinha. O investigador alerta que “com esta percentagem há o grande risco de a balança ficar mais do lado dos genéricos e de as farmacêuticas que não conseguirem renovar o seu portfólio irem desaparecendo, em especial em Portugal onde o mercado é muito pequeno e pouco apetecível e onde vão demorar mais a chegar os inovadores”.

Em relação às diferenças, Alberto Castro defende que “a área cardiovascular tem muito mais doentes a consumir medicamentos por serem normalmente patologias crónicas que implicam que a medicação seja feita de forma prolongada. Por isso, as pessoas tornam-se mais sensíveis ao preço do que quando têm, por exemplo, de tomar pontualmente um antibiótico ou um anti-inflamatório e em que não se compara tanto o valor e não se tem tanta referência”.

Mas mesmo dentro das patologias crónicas, o investigador encontrou excepções. “Dentro do sistema digestivo e metabolismo, na área da diabetes, os genéricos demoraram mais a penetrar, porque a comparticipação chegou a ser quase total e as pessoas não tinham qualquer incentivo para mudar, enquanto nas doenças gástricas a marca quase se eclipsou”, exemplifica, acrescentando que outros “líderes” conseguiram-se manter à frente, aumentando até as vendas. “Há marcas que pela sua notoriedade até têm aumentado as vendas, como o Ben-u-ron ou a Aspirina [dois analgésicos] em que as pessoas continuam a não pedir pela substância”, afirma. Dentro da substituição de um medicamento de marca por um genérico, adianta que essa tendência é mais comum nos idosos “e muito mais conversadora” na área pediátrica.


 

Nota C&T: Dados do mercado portuques podem ser comparados aos dados do mercado brasileiro, uma vez que os impactos e mudanças radicais nestes mercados têm semelhanças, não só nesses mercados, mas em qualquer outro país. Os genéricos podem trazer muitos benefícios econômicos e acessibilidade, mas não podemos esquecer alguns efeitos colaterais, exemplo: falta de investimentos em novas descobertas. O que motiva uma Indústria à desenvolver uma nova antibioticoterapia se em no máximo 15 anos depois são lançados os genéricos e o de referência perderá mercado ou simplesmente será extinto?

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Propagandista da Indústria Farmacêutica


O Propagandista da Indústria Farmacêutica.

Ser Propagandista é mais do que ser Representante de uma Indústria Farmacêutica, trata-se de um profissional diferenciado no meio dos respeitados profissionais de vendas dos demais segmentos. Não é de hoje que escutamos falar sobre o Propagandista, porém a falta de conhecimento do papel desse profissional leva a muitos entenderem que ele é apenas um vendedor que busca no consultório médico convencer o Médico a prescrever seus produtos, é um equívoco, a venda é uma consequência da visita do Propagandista que leva muito mais do que a propaganda de seus produtos, leva a oportunidade de novos conhecimentos aos profissionais médicos no tocante ao segmento farmacêutico que é a cada dia mais dinâmico e exige canais de comunicação seguros entre as ciências médica, farmacêutica, fármaco economia e relações humanas, entre outras.

O intercâmbio de informações entre médicos e a Indústria Farmacêutica é uma prática antiga que sempre visou negócios e melhoramento na qualidade de vida dos pacientes. Não podemos negar que a Indústria Farmacêutica se tornou um marco no gigantesco mundo dos negócios da saúde graças às descobertas de novos tratamentos na busca da cura ou alivio dos males que atingem a humanidade, nesse contexto o Propagandista esteve sempre presente no consultório médico, nas reuniões científicas, nos congressos, nas universidades, centros de pesquisas, eventos científicos-sociais, etc. O Propagandista foi, é e será sempre um veículo de aproximação e integração das ciências farmacêutica e médica. Nada entre os humanos se desenvolvem sem a interação dos humanos e neste casamento de ciências os Propagandistas são testemunhas oculares.

O mundo do Propagandista ou Representante como muitos falam, não é um mar de rosas, mas não podemos negar que se trata de uma categoria privilegiada e agraciada com varias conquistas graças ao empenho de muitos abnegados que nela existem. Ser Propagandista significa se disponibilizar para investir no conhecimento, lealdade absoluta a empresa para qual trabalha se distanciando muitas vezes da família durante décadas no cumprimento de suas obrigações, viagens constantes, jornadas diárias acima da média dos demais profissionais, muitos trabalham mais de 12 horas por dia se deslocando de uma localidade para outra, estudos específicos constantes, reuniões e treinamentos cansativos entre muitas outras atividades. Apesar de toda correria, é comum encontrar um Propagandista em seu ambiente de trabalho sempre com um sorriso na face. Certa vez li um artigo escrito por um médico Alagoano citando que Propagandista expressa um sorriso até em velório. Na verdade, no perfil de um Propagandista consta sempre um profissional alegre, sorridente e feliz com o que faz.

O Propagandista a cada dia precisa ser um guerreiro, aquele que não baixa a guarda, sempre aprimorando cada vez mais o seu potencial estratégico assegurado por investimentos no conhecimento, na habilidade com novos processos tecnológicos sem desprezar suas principais habilidades; o poder de persuasão, resiliência e comportamento humano que assegure as relações interpessoais. Ser Propagandista é muito mais do que ser um Representante da Indústria Farmacêutica, é ser um profissional especialista em fortalecer elos da ciência com as pessoas que estão envolvidas no gigantesco negócio da saúde.

Existe um tripé colaborativo indispensável no exercício da cura, descoberta de novas drogas e descoberta de novas doenças, formado por: Ciência Médica, Ciência Farmacêutica e Indústria Farmacêutica. Na falta de uma delas a humanidade não teria a cura ou alívio dos sintomas de suas doenças, melhor qualidade de vida e aumento de sua expectativa. O Propagandista circula entre estes três pilares fortalecendo a relação entre eles.

Texto de Edson Teófilo

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Maçonaria nas Igrejas: Maçom revela haver muitos Batistas e Presbiterianos nas reuniões

Por Marcelo Barros
Considerada pagã pela maioria dos evangélicos, entidade abriga muitos crentes em suas fileiras.

Ela costuma causar nos crentes um misto de espanto e rejeição. Pudera – com origens que se perdem nos séculos e um conjunto de ritos que misturam elementos ocultos, boa dose de mistério e uma espécie de panaceia religiosa que faz da figura de Deus um mero arquiteto do universo, a maçonaria é normalmente repudiada pelos evangélicos. Contudo, é impossível negar que a história maçônica caminha de mãos dadas com a do protestantismo. Os redatores do primeiro estatuto da entidade foram o pastor presbiteriano James Anderson, em Londres, na Inglaterra, em 1723, e Jean Desaguliers, um cristão francês. Devido às suas crenças, eles naturalmente introduziram princípios religiosos na nova organização, principalmente devido ao fim a que ela se destinava: a filantropia. O movimento rapidamente encontrou espaço para crescer em nações de tradição protestante, como o Reino Unido e a Alemanha, e mais tarde nos Estados Unidos, com a colonização britânica. Essa relação, contudo, jamais foi escancarada. Muito pelo contrário – para a maior parte dos evangélicos, a maçonaria é vista como uma entidade esotérica, idólatra e carregada de simbologias pagãs.

Isso tem mudado nos últimos tempos. Devido a um movimento de abertura que atinge a maçonaria em todo o mundo, a instituição tem se tornado mais conhecida e perde, pouco a pouco, seu aspecto enigmático. Não-iniciados podem participar de suas reuniões e cada vez mais membros da irmandade assumem a filiação, deixando para trás antigos temores – nunca suficientemente comprovados, diga-se – que garantiam que os desertores pagavam a ousadia com a vida. A abertura traz à tona a uma antiga discussão: afinal, pode um crente ser maçom? Na intenção de manter fidelidade à irmandade que abraçaram, missionários, diáconos e até pastores ligados à maçonaria normalmente optam pelo silêncio. Só que crentes maçons estão fazendo questão de dar as caras, o que tem provocado rebuliço. A Primeira Igreja Batista de Niterói, uma das mais antigas do Estado do Rio de Janeiro, vive uma crise interna por conta da presença de maçons em sua liderança. A congregação já estuda até uma mudança em seus estatutos, proibindo que membros da sociedade ocupem qualquer cargo eclesiástico.

Procurada por CRISTIANISMO HOJE, a Direção da congregação preferiu não comentar o assunto, alegando questões internas. Contudo, vários dos oficiais da igreja são maçons há décadas: “Sou diácono desta igreja há 28 anos e maçom há mais de trinta. Não vejo nenhuma contradição nisso”, diz o policial rodoviário aposentado Adilair Lopes da Silveira, de 58 anos, mestre da Loja Maçônica Silva Jardim, no município de mesmo nome, a 180 quilômetros da capital fluminense. Adilair afirma que há maçons nas igrejas evangélicas de todo Brasil, dezenas deles entre os membros de sua própria congregação e dezesseis entre os 54 membros da loja que frequenta: “Por tradição, a maioria deles é ligada às igrejas Batista ou Presbiteriana. Essas são as duas denominações em que há mais a presença histórica maçônica”, informa.

Um dos poucos crentes maçons que se dispuseram a ser identificados entre os 17 procurados pela reportagem, o ex-policial acredita que a sociedade em geral, e os religiosos em particular, nada têm a perder se deixarem “imagens distorcidas” acerca da instituição de lado. “Há preconceito por que há desconhecimento. Alguns maçons, que queriam criar uma aura de ocultismo sobre eles no passado, acabaram forjando essa coisa de mistério”, avalia. “Já ouvi até histórias de que lidamos com bodes ou imagens de animais. Isso não acontece”, garante. Segundo Adilair, o único mistério que existe de fato diz respeito a determinados toques de mão, palavras e sinais com os quais os maçons se identificam entre si – mas, segundo ele, tudo não passa de zelo pelas ricas tradições do movimento, que, segundo determinadas correntes maçônicas, remontam aos tempos do rei hebreu, Salomão. E, também, para relembrar tempos difíceis. “São práticas que remontam ao passado, já que nós, maçons, fomos muito perseguidos ao longo da história”.

Adilair adianta que não aceitaria uma mudança nos estatutos da igreja para banir maçons da sua liderança. Tanto, que ele e seus colegas de diaconato que pertencem ao grupo preparam-se para, se for o caso, ingressar na Justiça, o que poderia desencadear uma disputa que tende a expor as duas partes em demanda. Eles decidiram encaminhar uma cópia da proposta do regimento ao presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Luiz Zveiter. “Haverá uma enxurrada de ações na Justiça se isso for adiante, não tenho dúvidas”, afirma o diácono. A polêmica em torno da adesão de evangélicos à maçonaria já provocou até racha numa das maiores denominações do país, a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), no início do século passado (ver abaixo).

O pastor presbiteriano Wilson Ferreira de Souza Neto, de 43 anos, revela que já fez várias entrevistas com o intuito de ser aceito numa loja maçônica do município de Santo André, região metropolitana de São Paulo. O processo está em andamento e ele apenas aguarda reunir recursos para custear a taxa de adesão, importância que é usada na manutenção da loja e nas obras de filantropia: “Ainda não pude disponibilizar uma verba para a cerimônia de iniciação, que pode variar de R$ 1 mil a cinco mil reais e para a mensalidade. No meu caso, o que ainda impede o ingresso na maçonaria é uma questão financeira, e não ideológica” diz Wilson, que é mestre em ciências da religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e estuda o tema há mais de uma década.

“Pessoas próximas sabem que sou maçom e isso inclui vários membros de minha igreja”, continua o religioso. “Alguns já me questionaram sobre isso, mas após várias conversas nas quais eu os esclareci, tudo foi resolvido”. Na mesma linha vai outro colega de ministério que prefere não revelar o nome e que está na maçonaria há sete anos. “Tenho 26 anos de igreja, seis de pastorado e posso garantir que não há nenhuma incompatibilidade de ser maçom e professar a fé salvadora em Cristo Jesus nosso Senhor e Salvador”, afirma. Ele ocupa o posto de mestre em processo dos graus filosóficos e diz que foi indicado por um pastor amigo. “Só se pode entrar na maçonaria por indicação e, não raro, os pastores se indicam”. Para o pastor, boa parte da intolerância dos crentes em relação à maçonaria provém de informações equivocadas transmitidas por quem não conhece suficientemente o grupo.

"Sem caça as Bruxas"

Procurados com insistência pela reportagem, os pastores Roberto Brasileiro e Ludgero Bonilha, respectivamente presidente e secretário-geral do Supremo Concílio da IPB, não retornaram os pedidos de entrevista para falar do envolvimento de pastores da denominação com a maçonaria. Mas o pastor e jornalista André Mello, atualmente à frente da Igreja Presbiteriana de Copacabana, no Rio, concordou em atender CRISTIANISMO HOJE em seu próprio nome. Segundo ele, o assunto é recorrente no seio da denominação. “O último Supremo Concílio decidiu que os maçons devem ser orientados, através do Espírito Santo, sem uso de coerção ou força, para que deixem a maçonaria”, conta Mello, referindo-se ao Documento CIV SC-IPB-2006, que trata do assunto. O texto, em determinado trecho, considera a maçonaria como uma religião de fato e diz que a divindade venerada ali, o Grande Arquiteto do Universo, é uma entidade “vaga”, sem identificação com o Deus soberano, triúno e único dos cristãos.

O pastor, que exerce ainda o cargo de secretário de Mocidade do Presbitério do Rio, lembra que, assim como as diferentes confissões evangélicas têm liturgias variadas e suas áreas de conflito, as lojas maçônicas não podem ser vistas em bloco – e, por isso mesmo, defende moderação no trato da questão. “Vejo algum exagero na perseguição aos maçons, pois estamos tratando de um problema de cem anos atrás, deixando de lado outros problemas reais da atualidade, como a maneira correta de lidar com o homossexualismo”. O pastor diz que há mais presbíteros do que pastores maçons – caso de seu pai, que era diácono e também ligado à associação. “Eu nunca fui maçom, mas descobri coisas curiosas, como por exemplo, o fato de haver líderes maçons de várias igrejas, inclusive daquelas que atacam mais violentamente a maçonaria. “Não acredito que promover caça às bruxas faça bem a nenhum grupo religioso”, encerra o ministro. “Melhor do que aprovar uma declaração contra alguém é procurá-lo, orar por ele, conversar, até ganhar um irmão.”

O presidente do Centro Apologética Cristão de Pesquisa (CACP), pastor João Flávio Martinez, por sua vez, não deixa de fazer sérios questionamentos à presença de evangélicos entre os maçons. “O fato é que, quando falamos em maçonaria, estamos falando de outra religião, que é totalmente diferente do cristianismo. Portanto, é um absurdo sequer admitir que as duas correntes possam andar juntas”. Lembrando que as origens do movimento estão ligadas às crenças misteriosas do passado, Martinez lembra o princípio bíblico de que não se pode seguir a dois senhores. “Estou convencido de que essa entidade contraria elementos básicos do cristianismo. Ela se faz uma religião à medida que adota ritos, símbolos e dogmas, emprestados, muitos deles, do judaísmo e do paganismo”, concorda o pastor batista Irland Pereira de Azevedo.

Aos 76 anos de idade e um dos nomes mais respeitados de denominação no país, Irland estuda o assunto há mais de três décadas e admite que vários pastores de sua geração têm ou já tiveram ligação com a maçonaria. Mas não tem dúvidas acerca de seu caráter espiritual: “Essa instituição contraria os mandamentos divinos ao denominar Deus como grande arquiteto, e não como Criador, conforme as Escrituras”. Embora considere a maçonaria uma entidade séria e com excelentes serviços prestados ao ser humano ao longo da história, ele a desqualifica do ponto de vista teológico e bíblico. “No meu ponto de vista, ela não deve merecer a lealdade de um verdadeiro cristão evangélico. Entendo que em Jesus Cristo e em sua Igreja tenho tudo de que preciso como pessoa: uma doutrina sólida, uma família solidária e razão para viver e servir. Não sou maçom porque minha lealdade a Jesus Cristo e sua igreja é indivisível, exclusiva e inegociável.”

Ligações perigosas

As relações entre algumas denominações históricas e a maçonaria no Brasil são antigas. Os primeiros missionários americanos que chegaram ao país se estabeleceram em Santa Bárbara (SP), em 1871. Três anos depois, parte desses pioneiros, entre eles o pastor Robert Porter Thomas, fundou também a Loja Maçônica George Washington naquela cidade. O espaço abrigou, em 1880, a reunião de avaliação para aprovação ao ministério de Antônio Teixeira de Albuquerque, o primeiro pastor batista brasileiro. Tanto ele quanto o pastor que o consagrou eram maçons.

Quando o missionário americano Ashbel Green Simonton (1833-1867) chegou ao Brasil, em 12 de agosto de 1859, encontrou, na então província de São Paulo, cerca de 700 alemães protestantes. Sem ter onde reuni-los, Simonton – que mais tarde lançaria as bases da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) – aceitou a oferta de maçons locais que insistiram para que ele usasse sua loja, gratuitamente, para os trabalhos religiosos. A denominação, que abrigava diversos maçons, sofreu uma cisão em 31 de julho de 1903. Um grupo de sete pastores e 11 presbíteros entrou em conflito com o Sínodo da IPB porque a denominação não se opunha a que seus membros e ministros fossem maçons. Foi então fundada a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPI).

Ultimamente, a IPB vem reiteradamente confirmando a decisão de impedir que maçons exerçam não só o pastorado, como também cargos eclesiásticos como presbíteros e diáconos. As últimas resoluções do Supremo Concílio sobre o assunto mostram o quanto a maçonaria incomoda a denominação. Na última reunião, ficou estabelecida a incompatibilidade entre algumas doutrinas maçons e a fé cristã. Ficou proibida a aceitação como membros à comunhão da igreja de pessoas oriundas da maçonaria “sem que antes renunciem à confraria” e a eleição, ao oficialato, de candidatos ainda ligados àquela entidade.

Fontes: Cristianismo Hoje, Gospel Mais , Nos dias de Noé



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Cãozinho tem pálpebra cortada durante tosa e pet shop da Capital diz que não tem culpa.

Era pra ser apenas procedimento de higiene no cão de Thais Sampaio, que terminou em um acidente, no qual o Zoé teve ferimento nas pálpebras. Indignada com o corte no lhasa apso a consumidora denunciou o problema no Facebook, e levantou a discussão sobre maus-tratos ao animal.

O Pet Shop Patas e Pelos, onde tudo ocorreu, afirma por sua vez que o erro é normal, devido à dificuldade para manejo dos cães na tosa, e por isso se exime de responsabilidade. Além disso, direciona a culpa para uma terceirizada, que realiza o serviço, a qual nem CNPJ teria.

“Denunciei na comunidade como forma de alertar as pessoas a não levarem seu bicho lá. Não pedi indenização, nem sequer o meu dinheiro de volta. Entraram em contato comigo, se dizendo representar o pet shop solicitando que eu tirasse a postagem pois isso denegriria a imagem da empresa. Meu cão está com o olho machucado, a pele caída e poderá ter sequelas deste machucado”, desabafa a professora, dona de Zoé.

Menos de vinte quatro horas depois da lesão, Thais levou Zoé a outro veterinário que avaliou o ferimento e indicou a aplicação de pontos no local para que a cicatrização ocorresse sem sequelas ao cão. Na noite desta quarta-feira (12) ela compareceu a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário, na tentativa de registrar um boletim de ocorrência do caso. No atendimento ela foi impedida por não ter um laudo veterinário que amparasse a hipótese de maus-tratos.

“Não há uma divisão da clínica e do Pet Shop que funciona aqui. Pretendo fazer uma porta que faça essa distinção e dependerá da regularização da empresa terceirizada. O rapaz que toca o negócio possui 18 anos, está resolvendo questões de documentação pra abrir oficialmente o pet shop. O corte é algo que acontece infelizmente, já que os cães se mexem e sempre irá ocorrer. Não houve intenção e me coloco a dispor da cliente em qualquer procedimento de curativo ou cirúrgico que repare o ferimento”, explica o dono do Pet Shop Patas e Pelos, Eric Leandro, que administra uma clínica veterinária no mesmo prédio, localizado na Avenida Presidente Vargas, na Vila Duque de Caxias.

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, todos os integrantes de uma cadeia produtiva podem ser responsabilizados em situações de defeito ou irregularidade na comercialização de produtos ou serviços. No artigo 34 da lei 8078/90 é previsto que “O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos”. No caso do Pet Shop Patas e Pelos a interdependência com o terceirizado é maior, já que a empresa legalmente não existe ainda, conforme informação do próprio proprietário, Eric Leandro, sobre o seu parceiro.

Já no âmbito de maus-tratos ao cão, na eventualidade de Thais registrar a queixa na polícia, o dono do pet shop poderia até ser indiciado no artigo 32 da lei federal nº. 9.605/98, que trata de crimes ambientais. A pena para essa infração é de Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

 


Comentário de C&T: A luz do direito o cão foi levado para o Pet Shop, se a mão de obra do banho e tosa é terceirizada não isenta o dono do estabelecimento de culpa. Não existindo CNPJ do banho e tosa (terceirizado) caracteriza-se atividade clandestina, deveria ser fechado. O proprietário poderá ser um grande veterinário, mas está agindo inadequadamente como empresário. Ele deveria ser responsabilizado sim, foi dentro de sua clínica aonde só pode habitar um só CNPJ. O Brasil está cheio de Pet Shops totalmente irregulares. O Pet Shop citado tem obrigação de assistir em tudo que for preciso e ser fiscalizado pelos órgãos competentes.