Um estudo desenvolvido pela Anvisa sobre a venda de
inibidores de apetite sugere, entre outros aspectos, distorções em relação ao
uso continuado desses produtos e à combinação medicamentosa com ansiolíticos e
antidepressivos, vetada pela Agência e pelo Conselho Federal de Medicina. O
levantamento feito pela Anvisa nas capitais brasileiras e no Distrito Federal
(DF) considerou o comportamento do consumo dos anfetamínicos mazindol,
anfepramona, femproporex e sibutramina, com base nos dados do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) e em informações do Ministério
da Saúde.
Como os dados foram obtidos
Leia o Boletim de Farmacoepidemiologia do SNGPC
O SNGPC permite que farmácias e drogarias informem à
Agência sobre a venda de medicamentos sujeitos a controle especial. Esses
dados, antes da implantação do Sistema, figuravam apenas em livros de
registros.
Os resultados desse trabalho estão na edição mais recente
do Boletim de Farmacoepidemiologia do SNGPC, publicada neste mês. O período
abrangido foi de 2009 a 2011, ano em que a Anvisa cancelou o registro dos três primeiros
produtos (mazindol, anfepramona, femproporex) e impôs um maior controle para a
comercialização da sibutramina.
Ao contrário do que se esperava, a prescrição dos
inibidores de apetite teve uma relação inversa ao número de indivíduos com
quadro de obesidade. O estudo constatou que a cada 1% de aumento da população
obesa, o consumo de inibidores cai em média 8,3%.
O estudo da Anvisa identificou, ainda, que 79% dos
consumidores de inibidores de apetite fazem uso repetido desses medicamentos,
ou seja, utilizam os inibidores como produtos de uso contínuo.
Apesar do que determinam resoluções do Conselho Federal
de Medicina (CFM) e da Anvisa, a pesquisa mostrou que a prescrição dos
inibidores de apetite vinha sendo combinada ao antidepressivo fluoxetina ou ao
ansiolítico clordiazepóxido. Essa associação de medicamentos, porém, é proibida
pela Resolução nº 1.477 do CFM, publicada em 1997, e pela Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC) nº 58 da Agência, editada em 2007.
Uma constatação positiva do levantamento é que o consumo
de inibidores de apetite diminuiu na população de adultos que tem uma dieta
rica em frutas e hortaliças. Pelo que foi observado neste estudo, o aumento de
1% da população que adota uma alimentação saudável implica na redução média de
4,3% na venda de inibidores.
Entre as conclusões apresentadas, o estudo da Anvisa
recomenda o aprimoramento de políticas de saúde que reforcem o uso racional de
medicamentos no país, como o fortalecimento da educação permanente sobre boas
práticas de prescrição.
Como os dados foram obtidos
O estudo utilizou dados do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Produtos Controlados da Anvisa (SNGPC), da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) e do Ministério da Saúde. A partir dos dados foi
aplicada uma análise econométrica, utilizada para identificar a correlação
entre diferentes variáveis por meio de um modelo matemático.
Leia o Boletim de Farmacoepidemiologia do SNGPC
Imprensa / Anvisa
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