Nutrição é factor-chave para doentes com
cancro
27/02/2015
- 09:11
(Portugal) A nutrição é um factor-chave para os doentes com cancro, podendo ajudá-los a tolerar os tratamentos e a aumentar o potencial para um prognóstico mais favorável da doença, mas em Portugal ainda existe pouca formação específica nesta área. A professora e investigadora Paula Ravasco explicou à agência Lusa que a nutrição em oncologia é uma área "deficitária em termos de formação específica", ao contrário de outros países que já apostam fortemente nesta área de formação específica avançada há anos, avança o Diário Digital.
Paula Ravasco, que coordena o curso de formação avançada em Nutrição em Oncologia que se inicia esta semana na Universidade Católica Portuguesa, considera, por outro lado, que há muita informação disponível para a população em geral sobre as questões da nutrição em oncologia.
Trata-se muitas vezes de informação não
suportada por evidência científica e que, inevitavelmente, acaba por
influenciar as escolhas alimentares dos doentes.
Estudos recentes têm demonstrado que a
nutrição adequada pode ser um factor terapêutico adjuvante durante o tratamento
da doença oncológica.
Contudo, a intervenção nutricional deve ser
feita de forma individualizada, tendo em consideração os hábitos e preferências
dos doentes com alimentos escolhidos em função de cada doente, do tipo de tumor
e do tipo de tratamento a que o doente vai ser submetido, afirmou Paula
Ravasco, sendo desaconselhado que os doentes iniciem a toma de suplementos,
independentemente da sua composição, sem supervisão médica.
Muitas substâncias que podem ser tomadas sem
supervisão ou prescrição médica, além de poderem não ter qualquer efeito na
doença, poderão mesmo ser prejudiciais à saúde da pessoa, fazendo assim também
mal à doença.
A intervenção nutricional deve assim ser
feita envolvendo todos os profissionais que tratam o doente, desde médicos, a
enfermeiros e nutricionistas.
Paula Ravasco frisou que a nutrição
individualizada é um factor-chave para um melhor prognóstico, uma vez que pode
"modular o efeito dos tratamentos antineoplásicos", tornando-os mais
eficazes, "aumentando o potencial para um prognóstico mais
favorável".
Outra das componentes da formação avançada
que começa esta semana em Lisboa é a nutrição como factor de risco ou factor
protector na doença oncológica.
Dados científicos internacionais mostram que
uma nutrição adequada em conjunto com estilos de vida saudáveis são capazes de
prevenir cerca de 40% a 50% dos cancros a nível mundial.
O que conta é a alimentação como um todo, a
que consiga veicular os nutrientes essenciais nas proporções certas para cada
pessoa - e não um único alimento: "De facto o mais relevante na prevenção
e terapêutica da doença é o conjunto equilibrado entre alimentação e estilos de
vida".
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