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Jornal britânico afirma que gigante permitiu
operação de associada dez anos após condenação
O GLOBO
Publicado:15/08/13 - 16h22
NOVA
YORK - A gigante de vendas diretas Herbalife — de produtos de nutrição,
controle de peso e cuidados pessoais — permitiu que uma empresa associada
continuasse operando em sua rede por quase uma década, mesmo após as
autoridades canadeneses afirmarem que a companhia funcionava sob o esquema de
pirâmide, segundo investigação divulgada nesta quinta-feira pelo jornal
britânico “Financial Times”. Em dezembro, Bill Ackman, fundador do fundo hedge
Pershing Square, afirmou publicamente que a Herbalife é uma pirâmide e desde
então a empresa tem se defendido da acusação.
De
acordo com o “FT”, o histórico da empresa Online Business Systems (OBS) — que
até este ano era especializada em recrutar vendedores para a Herbalife —
levanta suspeitas sobre práticas aceitas pela gigante.
O
jornal britânico afirma que a OBS é sucessora da Global Online Systems (GOS),
que em 2004 foi considerada culpada pela corte federal canadenese por “esquema
de venda em pirâmide”. Ainda segundo o diário, ambas as empresas faziam parte
de um grupo para promover a Herbalife e ajudar a vender seu material de
marketing e outros serviços, como leads (clientes já interessados,
aguardando contato), a recrutas de vendas diretas.
O
“FT” afirma que o julgamento de 2004 obrigou os diretores da GOS — Deborah
Stoltz e sua irmã Marilyn Thom — a mudar as práticas da empresa, como divulgar
a remuneração média de todos os participantes canadenses do esquema nos
materiais de marketing. A informação sobre ganhos divulgada pela Herbalife a
seus distribuidores canadenses incluía apenas o que era recebido por “líderes
ativos”, que representam apenas 10% de todos os participantes.
Devido
à condenação, destaca o “FT”, a GOS também tinha de notificar todos os clientes
sobre a decisão judicial. No entanto, antes da decisão, em novembro de 2004, os
clientes foram encorajados a ir para uma nova empresa, a OBS, dirigida por
Nicole Dahl, filha de Deborah, e seu marido Shawn Dahl.
A
investigação do “FT” encontrou arquivos on-line mostrando que sites operados
pela GOS — como o www.4u4meletsdream.com — foram renomeados como sendo da OBS.
Um site que encorajou os participantes da GOS a se registrarem na OBS em
setembro de 2004 afirmava explicitamente que eles se manteriam na mesma rede:
“Sua linhagem Herbalife continuará a mesma, apesar das mudanças para um novo
sistema de marketing”.
Os
que foram recrutados pela OBS tornaram-se parte da rede de vendedores Herbalife
do casal Dahl e, em 2009, a dupla era listada entre os 50 maiores
distribuidores da marca, integrando o “Chairman’s Club”. Deborah e a irmã
Marilyn continuaram sendo proeminentes distribuidoras Herbalife, segundo o
jornal.
Procurada
pelo “FT”, a Herbalife informou que “suas 350 equipes globais de práticas de
negócios de distribuição global e de verificação de cumprimento tomam medidas
proativas, assim como de resposta, para identificar, pesquisar e lidar com cada
infração de regras de distribuição da Herbalife e na aplicação da regulação e
da lei”.
No
início deste ano, destaca o jornal, a Herbalife tomou medidas para se
distanciar da OBS, ao restringir o uso de seu material de marketing por seus
distribuidores. Após a mudança, Deborah passou para uma empresa rival de venda
direta. E a Herbalife proibiu totalmente a venda de leads por ou para
seus distribuidores.
A
OBS, o casal Dahl, Deborah e Marilyn não responderam aos pedidos de entrevista
feitos pelo “FT”.
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