Hypermarcas,
que sonhava grande, hoje quer um só mercado
São
Paulo – Quando a Hypermarcas nasceu, em 2002, o nome da
companhia representava bem a sua ambição. Ela sonhava em ser uma “Unilever
brasileira”, com uma atuação ampla, nos mercados de preservativos a adoçantes,
de produtos de limpeza a higiene pessoal e medicamentos.
Hoje,
a situação é completamente diferente. Ao anunciar a venda de sua divisão de cosméticos
para a francesa Coty, a Hypermarcas afirmou que irá se concentrar na área
farmacêutica, cuja rentabilidade é maior. A medida foi vista de forma positiva
pelo mercado e as ações da empresa subiram.
Ela
hoje é dona de 14% do setor e de medicamentos importantes como Benegripe,
Engov, Rinosoro e Estomazil.
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A
companhia também está negociando a venda da divisão de fraldas, que engloba
marcas como Cremer Disney, Sapeka, Pompom e Bigfral, para a Kimberly-Clark.
Crescimento
expansivo
O
cenário já foi outro. Há cinco anos, a Hypermarcas atingiu seu auge de
aquisições. O movimento de compras de empresas começou em 2008, quando ela
adquiriu a Niasi, empresa que detinha as marcas Risque, Biocolor e Biorene.
Em
2009, o valor total das aquisições somou 2 bilhões de reais. Naquele ano, ela
também passou a deter as marcas Hydrogen, PomPom, Jontex, Olla e outras.
Já
em 2010, a empresa realizou 9 aquisições pelo valor somado de 4 bilhões de
reais. Na época, o foco era em beleza e higiene pessoal, segmento do qual ela
está se afastando atualmente.
Nesse
período, a companhia também investiu intensivamente em novas linhas de
produtos.
Apenas
em 2010, foram lançados 400 novos itens, o que ajudou a empresa a liderar a
venda de hidratantes, esmaltes e cuidados masculinos, segundo ela mesma, com as
marcas Bozzano, Monange e Risqué.
Dificuldades
e retração
Depois
de um período intenso de aquisições, ela acrescentou quase 30 empresas ao seu
portfólio. Um catálogo tão diverso que incluia o sabão em pó Assim, o molho de
tomate Etti e o creme de barbear Bozzano, além de remédios da recém adquirida
Neo Química.
Algumas
das marcas compradas traziam margens bem baixas, outras contavam com valor bem
acima do mercado, segundo analistas. Para pagar - e segurar - tantos negócios,
a companhia passou a contrair dívidas e, com o tempo, a enfrentar dificuldades financeiras.
Ela
dividiu os segmentos de consumo e de produtos farmacêuticos
em 2011, mesmo ano em que a Flora, controlada pelos donos da JBS, adquiriu as
marcas Assim e Mat Inset.
Aos
poucos, a estratégia foi se direcionando para o crescimento orgânico
e buscando resultados mais estáveis. A receita anual foi de 2,795 bilhões
de reais em 2010 para 4,680 bilhões no ano passado.
Agora,
a Hypermarcas quer apenas o setor de produtos farmacêuticos, onde tem maiores
margens e poder de negociação com as farmácias. A ideia de ser uma Unilever
brasileira ficou para trás.
Fonte:
http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/hypermarcas-que-sonhava-grande-hoje-quer-um-so-mercado